Capítulo XXIV

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Dionísio já havia contado a Vitor sobre o distanciamento repentino de Alberto, então não era nenhuma novidade que ele tivesse envolvido em mais problemas, no entanto, nunca imaginaria que poderia ser o responsável pela prisão do próprio irmão, quem pagava e o mantinha vivo na penitenciária, por isso se questionava o que o motivava a tomar tal atitude.

– Por que o Alberto te mandou fazer isso?

– Tu sabe que ele já tá preso há um tempão. Ele tá muito puto com o Dionísio por deixar ele mofando lá.

– E? – Incentivou, para que continuasse. – Ter o irmão preso não faria ele magicamente deixar a cadeia.

– Mas ele parece que fez um acordo com os venezuelanos. Pelo menos foi isso que eu ouvi.

– Que acordo?

Nelsinho hesitou, parecia avaliar se deveria ou não falar.

– Conta Nelsinho. Tu vai tá bem longe daqui a algumas poucas horas, então não tem que se preocupar com nada.

Nelsinho deu um suspiro dolorido e cansado. – Ele vai assumir o lugar do Dionísio.

– E o que os Pérez tem haver com isso?

– O Alberto prometeu que se conseguissem tirar ele da cadeia, daria uma parte do lucro dos negócios.

– Fora o valor das compras?

– É. Ele prometeu uma parte fixa nos lucros da distribuição.

Vitor permaneceu em silêncio por um tempo, digerindo tudo que tinha ouvido.

– Tu disse que não era o único que tava insatisfeito de como as coisas estavam. E é óbvio que o Alberto não estaria sozinho nesses planos, ele precisa de apoio... quem mais tá nessa?

– Eu já falei muito Vitor. Tu não precisa saber nome de mais ninguém, eu vou embora, mas e os outros que vão ficar? Se o Dionísio souber, manda matar eles. Tomara que eles consigam tirar aquele viado e Alberto assuma mesmo, aí as coisas vão voltar ao que eram antes.

– É verdade... tu já me disse o suficiente. O resto, consigo descobrir sozinho. – Vitor modificou sua postura e Nelsinho estranhou e se levantou com dificuldade.

– E aí? Que horas eu vou poder sair dessa cidade? – Nelsinho Indagou, mas sentia que o clima havia mudado abruptamente, e aquilo causou apreensão, e como que por extinto, deixou seus olhos correrem ao seu redor em busca de uma saída, compreendendo que talvez não tivesse tomado a melhor decisão ao contar, no entanto , a frustração começou a espalhar por seu rosto, já que não havia nada que lhe oferecesse a liberdade. Quando viu Vitor retirar a arma que estava presa ao cós da calça, o desespero o tomou por completo, e a única atitude que teve foi correr, sem direção, era apenas o temor explodindo em seu peito, mas em seu íntimo sabia que qualquer tentativa de escapar seria inútil, apenas não queria aceitar.

Observando Nelsinho correr, Vitor levantou a arma e disparou, o primeiro tiro acertou em cheio sua costa, e enquanto forçava-se a levantar para continuar sua inútil fuga, Vitor se aproximou e acertou-lhe a cabeça com um segundo tiro. Quando virou-se para a porta, que agora mantinha-se totalmente aberta, deixando que a brisa fria da noite entrasse, Vitor viu Arnaldo e Jairo entrando em passos apressados.

– E aí? Tu conseguiu? – Perguntaram em uníssono.

– Consegui. E parece que tempos difíceis chegaram... – Divagou Vitor, chamando-os para fora, a fim de que pudesse contar todas as informações que havia obtido.

Na manhã seguinte, ainda muito cedo Kael já preparava-se para sair de casa, havia deixado o café da manhã dos irmãos pronto e um bilhete embaixo da garrafa térmica. Subiu a rua que estava praticamente deserta pelo horário, apenas as padarias e pequenas vendinhas já estavam abrindo, e foi quando passou em frente a mercearia que sempre costumava comprar, ouviu Jonas gritar seu nome, pedindo que esperasse.

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