Capítulo X

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Distante de toda a tranquilidade verde que Kael desfrutava, Dionísio estava rodeado de amigos e funcionários, ainda remoía o que tinha ouvido, "meu namorado", uma palavra doce, mas que agora resumia-se em pura acidez.

Vitor conversava e ria junto de Arnaldo e Jairo enquanto comiam o que Kael havia preparado, assim como a maioria também fazia, pouca carne tinha sido consumida, no entanto, os recipientes do vatapá e da maniçoba estavam pela metade, todos elogiaram os pratos e perguntaram quem os tinha preparado, interessados em posteriormente obter um pouco mais de tudo.

Elisa por vezes ia ao encontro de Dionísio, que inquieto, não conseguia manter-se parado em um só lugar, assistindo pacientemente o jogo como todos faziam, sentindo-o distante dali, hora ou outra buscava anima-lo, puxando para um beijo ou falando bobagens, mas era inútil e o que menos aproveitava a festa era o próprio aniversariante. Elisa inicialmente acreditava que a razão para seu estresse se devia a algo do trabalho, no entanto, após todas suas tentativas, dos amigos e todo o divertimento que havia a seu redor, não serem suficientes para aplacar sua inquietude, Elisa começou a questionar o verdadeiro motivo que o mantinha naquele mal humor persistente, foi para a cozinha tomar água e por lá ficou um tempo, buscando na memória o momento em que o tinha visto se transformar daquela maneira, já que recordava perfeitamente que na noite anterior tal desconforto inexistia.

Ainda sentado com seus amigos, Vitor verificava seu celular, respondia mensagens e também não deixou de conferir suas redes sociais, e assim que entrou e visualizou as novas postagens de Viviana, notou a maneira sugestiva que kael estava em uma delas, e pensando que aquilo talvez desmotivasse as intenções que acreditava estarem sendo nutridas por Dionísio, se levantou abruptamente e foi em busca do amigo, que observava, mas realmente não via, sisudo, de cenho franzido e olhar pesado mais do que o normal, sentado a bancada e afastado de todos.

– Cara, não é o teu garoto aqui? – Indagou Vitor, entregando o celular a Dionísio.

Dionísio não respondeu a provocação de Vitor, apenas olhou para o celular como se não tivesse muito interesse, contrariando sua mente que borbulhava em curiosidade com a menção de Kael.

– Olha irmão, aqui! – Incentivou, apontando em cima da foto, como se Dionísio realmente precisasse ser motivado a observar qualquer coisa relacionada a Kael.

Seus olhos brilharam ao ver o garoto livre daquelas roupas largas que estava acostumado a vestir, que não contornavam e nem marcavam seu corpo, torcia para que vez outra pudesse ver um mísero pedaço de pele quando estendia as roupas para secar ao sol, e agora, naquele pequeno aparelho, tinha a completa visão do que tanto desejava secretamente, sentia que poderia observa-lo por horas sem se fartar, não havia grandes músculos combinados a uma esplêndida estatura, mas a compleição magra, pequena e discreta lhe agradava, assim como o seu jeito delicado e contido de se portar o fascinava, mas vê-lo daquela maneira despertava sua luxúria, acompanhando com olhos lânguidos a curva do glúteo bem marcada pela pequena peça de banho.

– Tá vendo Dionísio, o garoto parece que tem namorado. – Comentou Vitor, esperando que Dionísio demonstrasse aversão e que finalmente reconhecesse a desistência de qualquer expectativa que mantivesse sobre o rapaz, no entanto, a reação que obteve não foi a esperada.

– Então é esse o filho da puta! – Exasperado, Dionísio praguejou, somente naquele momento notando Henrique colado a ele, de tão absorto que estava em Kael.

Vitor o olhou com estranhamento, mas Dionísio tomado pela fúria sequer lhe concedeu um segundo olhar, entregou o celular novamente para o amigo e subiu apressado completamente alheio ao choque que estampava no rosto de Elisa, que próximo a Vitor via a foto, alvo do comentário destemperado que havia presenciado, e somado as suas desconfianças anteriores, finalmente compreendia a mudança de humor tão repentina que o assolava, recordando o que Kael havia dito mais cedo.

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