Capítulo XXI

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Dionísio e Kael conversaram tanto no retorno para a cidade que a sensação era que o percurso parecia até mais curto do que na ida, e ainda que tivessem um pouco além do horário que tinham avisado Aquiles, buscavam maneiras de estender o tempo que estavam passando juntos.

– Kael, tu não quer tomar um guaraná natural lá no centro antes de ir pra casa? – Indagou Dionísio, depois de ter passado pelo pórtico de entrada da cidade.

– Pode ser. Mas acho melhor mandar pelo menos uma mensagem para o Aquiles, avisando que já tô na cidade, né?. – Kael perguntou, já enviando um texto de seu celular.

Quando Dionísio entrou no centro, Kael percebeu o quanto estava movimentado, a rua era cheia de bares, restaurantes e algumas barriquinhas de lanches, que sempre ficavam próximo do canteiro central que dividia a via, onde tinham alguns banquinhos e pequenos quiosques públicos, durante a semana o fluxo de pessoas não era tão intenso quanto aos finais de semana, era um dos poucos locais de lazer que a cidade possuía, então em pleno domingo as músicas se confundiam a cada esquina, forró, tecnomelody e sertanejo eram o que mais predominava, e algumas mesas já deixavam as calçadas e começavam a invadir a pista.

Dionísio viu uma pequena barraca de guaraná natural da Amazônia espremida entre uma de batata frita e outra de pastel, mas haviam tantos carros estacionados de clientes que aproveitavam a boêmia do centro, que não conseguiu encontrar uma vaga, por isso seguiu em frente em busca de outra mais acessível.

Quando finalmente achou uma barriquinha em uma área bem mais calma que a anterior, apenas com um bar próximo com música ao vivo, por sorte tinha uma vaga quase em frente, então Dionísio procurou sua carteira e depois desceu.

– Di, sem cobertura, tá? – Pediu Kael.

– Pode deixar.

Enquanto Kael observava Dionísio explicar a atendente seu pedido, ouviu seu celular tocar no banco e percebeu que provavelmente tinha deixado cair do bolso, viu no identificador que se tratava de Arnaldo, não queria que Dionísio perdesse a ligação pois poderia ser algo importante, mas também não queria atender, já que isso pareceria bem estranho, por isso rapidamente tirou a chave do contato e desceu do carro, travando-o e correu para Dionísio com o aparelho em mãos.

– O Arnaldo tá te ligando. – Exclamou Kael ao estender o celular para Dionísio, que segurava um dos copos que já estavam prontos, logo passando a bebida para as mãos de Kael, enquanto recebia o aparelho e atendia a ligação.

Dionísio conversou com Arnaldo por alguns poucos minutos e voltou para junto de Kael, que esperava que o segundo copo ficasse pronto.

– Pode tomar do meu enquanto espera o teu. – Dionísio ofereceu, vendo que Kael apenas segurava o copo sem sequer tê-lo provado. – Pedi pra ela colocar uns pedacinhos de castanha por cima, acho que fica mais gostoso assim, tu não quer provar?

– É que gosto dele tradicional. – Kael sorriu e sentiu a mão de Dionísio discretamente deslizar por sua cintura, apertando levemente, enquanto se inclinava pra tomar o guaraná ainda em suas mãos, até que envolveu a sua por cima e pegou o copo para si, não sem antes deixar um leve sopro frio pela bebida em seu pescoço, apenas provocando Kael, que se arrepiou com o simples gesto.

Kael sorriu contido e pegou o copo que a senhora já tinha terminado de preparar e Dionísio pagou, e quando estavam retornando para o veículo, pego de surpresa, Dionísio foi bruscamente empurrado de encontro ao carro, acertando em cheio o retrovisor, que quebrou e ficou pendurado, além de ter sua bebida espalhada sobre todo o parabrisa, assim como a de Kael que foi ao chão pelo susto. No entanto, Dionísio rapidamente se recuperou, erguendo a barra da camisa, Kael percebeu que ele se preparava para tirar a arma da cintura, mas ao virar e notar seu agressor baixou o tecido novamente, apenas empurrando Henrique de volta, que gritava descontroladamente em seu rosto.

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