Capítulo XXVIII

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Já faziam alguns dias que Kael e seus irmãos estavam na casa de Dionísio, Lúcia era a única que tinha conseguido voltar completamente ao normal depois do que tinha acontecido, Emílio não tinha o sorriso fácil no rosto como antes, e estava arredio com qualquer um que não fosse de sua convivência constante, já Aquiles ainda se recuperava de seus machucados, e estava amuado, mais por problemas sentimentais do que pelos roxos e cortes que se espalhavam por seu rosto e corpo, Mariana e ele haviam terminado, a menina tinha sido enviada para a casa de uma tia no interior.

Dionísio também reuniu seus filhos, apenas não conseguiu que sua avó aceitasse permanecer com eles, alegando que não se acostumaria com aquela casa e se sentiria mais confortável na simplicidade da sua, mas que quando finalmente decidissem mudar para a fazenda, ela iria com gosto, pois lá ela sentia que seria diferente, o que Dionísio teve relutantemente de aceitar, mas não sem colocar uma segurança pesada na frente e nos arredores da casa. No entanto, ter seus filhos embaixo de seu teto já era algo que comemorava, apesar das circunstâncias, sua avó havia lhe dito que tinha conquistado o direito de tê-los novamente, pois se esforçava para conseguir o melhor para eles, o que ela sempre julgou ser sua saída daquela vida, e mesmo que ainda não tivesse conseguido cumprir com tal objetivo, já era válido por todo o seu empenho, e o que talvez para alguns parecesse uma grande interferência, que nem mesmo deveria existir, Dionísio aceitava e concordava com sua vó, via a sabedoria em cada palavra dita.

Quando Aquiles foi liberado do hospital, antes que voltassem para a casa de Dionísio, Vitor o levou junto com Kael para buscarem suas roupas, assim como havia sido instruído por Dionísio, e no momento que entraram a surpresa os tomou, o caos que antes existia apenas na sala, agora se estendia para todo o restante da casa, tudo estava completamente destruído, e com um lamento Kael se ajoelhou no que sobrou das fotos no pequeno álbum, jogado e amassado no chão.

– Levaram fotos nossas... porque fariam isso? Qual o sentido de Geraldo voltar aqui e destruir as nossas coisas e levar fotos da minha família? – Indagava Kael triste ao observar uma das fotos amassadas em que sua mãe sorria tão docemente.

Vitor permaneceu em um silêncio perturbador por um tempo, o que fez Kael erguer-se e se aproximar, com os restos do álbum presos contra o peito, segurando-o forte, como se pudessem rouba-lo a qualquer momento, fitando-o com intensidade, o jovem aguardou ouvir o que Vitor parecia relutante em dizer, atitude que não lhe era comum.

– Não foi o Geraldo.

– Então, quem foi?

– Acho que o Dionísio já deve ter te falado sobre isso. Ou... se não disse, tu não vai demorar a saber, até mesmo conhecer... – Vitor resmungou, com a impaciência e preocupação o tomando. – Foi a porra do cartel! – Correu os dedos pelos cabelos o bagunçando, já imaginando as complicações que não tardariam em chegar.

– O que o cartel poderia querer aqui? Na minha casa? Não faz sentido.

– Porra! Não faz sentido? É claro que eles sabem do teu envolvimento com o Dionísio e tão querendo usar isso. Só queria saber se eles fizeram isso com a parceria do Alberto ou por conta própria... porque não sei se o Alberto voltaria aqui depois do que aconteceu ontem. Ele saberia que o Dionísio não deixaria vocês sozinhos aqui... Não tô entendendo mais caralho nenhum!

Kael fitou Vitor com olhos injetados de pura apreensão. – Como tu pode ter tanta certeza que é o cartel?

– A merda daquele "P" e a mão em vermelho na parede é o que me dá certeza! Vai! Pega tuas roupas e o que mais tu quiser levar, porque tenho certeza que o Dionísio não vai te deixar voltar aqui tão cedo! Isso se algum dia ainda permitir. – Kael o olhou atordoado. – Bora moleque! Tem que ser rápido, não tô a fim de ser pego desprevenido aqui, minha cabeça tá muito bem no lugar dela! Vai precisar de ajuda?

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