Apesar de sua constante preocupação, o jantar com Henrique havia sido agradável e por alguns minutos conseguiu esquecer o problema em que estava se metendo, e simplesmente desfrutar da companhia, mas ao final, buscava se convencer de que aquilo não iria mais se repetir, mas no dia seguinte estava lá novamente, caminhando na praça central, tomando sorvete e andando de mãos dadas entre os canteiros e apenas não voltou a acontecer no subsequente porque Henrique não estava na cidade.
Poucos dias depois, mas ainda naquela mesma semana, Henrique teve um trabalho a fazer na cidade de Kael, e aproveitou para vê-lo rapidamente, e ao se despedir, pegando-o de surpresa o beijou, inicialmente Kael resistiu, mas a falta de experiência, a carência e a sede por viver algo novo o motivou a corresponder, desajeitado seguiu os movimentos que o outro fazia, e daquele modo aconteceu seu primeiro beijo, a deixar-se conduzir, Henrique deleitou-se em sua entrega, e intensificou o contato, mas o jovem cessou seus avanços, o que o policial respeitosamente compreendeu, e quando ouviu de um Kael trêmulo e ainda nervoso pelo recente beijo que aquele era o seu primeiro, de uma maneira possessiva que ainda não compreendia, ficou satisfeito.
Ainda acompanhando Henrique entrar no carro e ir embora, Kael já se recriminava por ter cedido, lembrava de Dionísio e sentia que traía seus sentimentos, bem como mordia a mão daquele que a havia estendido em ajuda.
Repreendia-se não por completo desagrado do beijo, já que havia sido bom ter os lábios macios colados aos seus, mas além da surpresa, não houve o frio na barriga, pernas moles e nem a cobiça por mais, o que em contrapartida acontecia apenas com um simples olhar para Dionísio.
Sabia que não seria inteligente continuar com aquilo, então da próxima vez que Henrique o procurasse planejava dar um basta a aqueles encontros.
No trabalho, Kael estendia as roupas no varal, e absorto em sua missão sequer notava o observador no segundo andar, Dionísio agora compreendia o fascínio que o garoto exercia sobre si, reconhecia que havia atração, mas ainda continuava intrigado, puxava pela memória algum momento que tivesse sentido algo minimamente parecido por qualquer outro homem, talvez se recordasse pudesse justificar aquilo que sentia tão intensamente, mas falhava miseravelmente, e sua mente reafirmava ser aquela a primeira vez.
O alvo de sua cobiça era jovem, delicado, com um olhar que cintilava inocência, era seu completo oposto, e isso o atraía ainda mais, mas o foco de sua atenção corria para seus lábios sempre que se aproximava, carnudos e avermelhados, prendia seus olhos a superfície macia, imaginando como seria bom tê-la em sua boca, morder ou em volta de si, e por tais pensamentos que insistiam em povoar sua mente nos últimos tempos, censurava-se por transformar uma imagem tão pura em libidinosa.
Mas ainda sob a sensação de culpa, continuou a observar como a camisa erguia-se a cada esforço efetuado para estender uma peça de roupa e lhe presenteava com a curva do glúteo bem marcado pelo jeans que vestia, desfrutando daquela visão, somente percebeu o incessante toque do celular apenas em sua terceira chamada e depois que o jovem havia terminado sua tarefa e entrado.
Insaciado, demonstrou toda sua insatisfação e mal humor ao atender. – Mas que porra tu quer Vitor?
– Opa irmão, atrapalhei tua foda? Foi mal aí! – Vitor exclamou surpreso, mas o divertimento temperava sua voz.
– Vai à merda!
– Eita que o negócio tava bom! – Riu. – Mas é o seguinte, resolvi aquela parada do caminhão que ficou retido na barreira da PRF, só que tive que coçar o bolso mais do que o de sempre.
– Eles estão aumentando por conta própria, tá acima do combinado, mas vou rever esse acordo depois.
– Então beleza, Dionísio.
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Destinado a você
RomanceKael, um jovem humilde e de modos simples, após perder a mãe, se vê responsável pela criação de seus três irmãos mais novos, sem emprego e depois de frustrantes buscas, aventura-se em uma nova empreitada. Kael ao entrelaçar seu caminho ao de Dionísi...