Capítulo 29

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Ela flutuava. Seu corpo estava tão leve que não era possível continuar preso ao chão, mas ainda assim conseguia sentir a grama macia sob os pés descalços. Nunca se sentira assim antes, nunca se sentira tão livre. Era como se todos os seus problemas houvessem simplesmente deixado de existir. Rose não se importava mais com eles, ela apenas queria rir e dançar, comer e beber, gritar e comemorar. Não sabia o que comemorava exatamente, mas sabia que não iria parar tão cedo.

Rose pendeu a cabeça para trás, soltando uma risada viva enquanto movia seu corpo no ritmo da dança rudimentar que as ninfas e os faunos agora faziam ao redor da fogueira. Podia jurar que as chamas dançavam com ela, e junto a elas seus poderes serpenteavam e rodopiavam, levantando os fios castanhos e lhe cobrindo com um manto de ouro envelhecido, impossível de ser visto por qualquer outro.

— Onde estão seus sapatos? — Alguém lhe perguntou.

Franzindo o cenho, Rose parou de pular e olhou para seus pés, podendo os ver sujos de grama e terra, as unhas feitas com esmero estavam completamente arruinadas. Soltando uma risada, ela levantou sua cabeça e deu de ombros, voltando a dançar.

— Eu não sei, não sei, não sei! De nada sei! — Cantarolou no ritmo das flautas de pan, dos tambores e das harpas.

Rose sentiu o braço sendo puxado e sorriu, virando-se para a pessoa que insistia em falar com ela. Sorrindo, a menina passou a mão pela pele macia dele e tentou concentrar a visão anuviada nos olhos cinzentos com alguns poucos pontos em lilás.

— Seus olhos são tão bonitos... Lindos olhos. Olhos lindos! — Ela se soltou do aperto em seu braço, pegando a mão do homem e se balançando no ritmo da música, tentando o fazer dançar com ela. — Dance, dance, dance!

Ela riu quando ele lhe tentou parar, soltando-se da tentativa de a prender ao passar por debaixo de seu braço e acabar se desequilibrando, parando nos braços de um homem de longas orelhas pontudas.

— Meu herói! — Ela gritou, regozijando-se ao se virar e passar os braços sobre seus ombros, selando os lábios nos do macho. Ele tinha gosto de geleia.

— Ok. Já chega!

Disse o homem atrás de si, arrancando-a dos braços do macho e a jogando sobre os ombros como se não pesasse nada.

— Me sinto a Fiona! — Gritou, soltando uma gargalhada para em seguida cutucar as costas musculosas do homem que lhe carregava. — E você é o Shrek!

Rose pode escutar o resmungo do homem, mas não conseguiu entender o que ele falava, principalmente por ter colocado um beicinho e estar pensando na questão mais importante do momento.

— Quem é o Burro? — Perguntou, tentando esticar-se para pegar uma das taças que estava na mesa por onde passaram. O Shrek não deixou.

— Ei, vocês precisam comer este bolo de favo de mel! É recheado! — Gritou um homem grande e loiro perto deles, sentado em um tronco enquanto uma ninfa colocava pedaços de bolo em sua boca, outras fêmeas os rodeavam e soltavam risadinhas.

— Burro! — Rose exclamou, gargalhando e de debatendo sobre seu captor após apontar para o loiro faminto.

— Rosalind, fique quieta! — Grunhiu Shrek, chacoalhando-a.

Rose fez beicinho, balançando a cabeça e ficando emburrada ao perceber que eles se afastavam da festa, deixando as cortinas de flores que a delimitavam para trás.

— Eu quero dançar! — Reclamou como criança birrenta, batendo nas costas dele por algum tempo até perceber que não surtia efeito. Cansada, a menina deixou os braços penderem como peso morto. — Você é um chato, sabia? Chato, muito chato! Parece o Daniel, mas o Daniel é legal às vezes. Só às vezes.

Preço de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora