Epílogo

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Ela estava sentada sobre uma pedra de mármore deixada estrategicamente próxima à piscina natural de água salgada. Observava com desprazer as falhas em sua calda, desejando a destruição daquela cidade imunda que macularam sua beleza. Sua pele lhe enojava e precisaria de meses para que as escamas crescessem reluzentes e saudáveis como um dia foram.

Ela mesma garantiria a queda de Elfee e a morte de Araceli, assim como o fim lento e agonizante dos Guardiões.

Passos soaram pelo ambiente, ecoando em sintonia com as gotas que escorriam pelas paredes e pela entrada submersa da piscina. Uma das muitas câmaras da imensa mansão sede dos Buscadores.

— Ele falhou? — Gorna perguntou ao homem, seu líder, sem retirar os olhos de uma de suas barbatanas. A falta de resposta dele foi o suficiente para a fazer rir.

— A puro sangue o matou. — Ele disse ao chegar ao seu lado. A voz era fria e calculada, como tempestade de inverno. Puramente cruel. — Cortou a cabeça.

Gorna se inclinou sobre a pedra, jogando a cabeça para trás ao gargalhar em júbilo. Sentia-se triunfante.

— Eu disse que Olso falharia, senhor. Ele nunca foi particularmente inteligente.

Ela ainda falava quando sentiu a mão de seu líder ao redor de seu pescoço, apertando sua traqueia e impedindo-a de respirar. O homem se aproximou de seu rosto, grunhindo.

— Preciso recordar o que você me custou? Eu lhe ensinei magia de sangue antiga para que fosse derrotada por cinco imprestáveis que mal sabem o que são? Sua idiota.

Ele a jogou no chão, longe da água, observando-a enquanto tentava se arrastar para longe dele, impedida de usar as pernas.

— Sabe o que arrisquei para te tirar de Elfee? — Ele perguntou, abaixando-se ao lado dela e a levantando pelos cabelos.

— Me perdoe, senhor. Por favor. Terei êxito agora, me dê mais uma chance. — Gorna, em um ato ousado, passou a os dedos de forma sedutora pelo rosto de seu mestre, inflamando sua voz com magia de sereia. — Perdoe-me, senhor.

Ela mal terminara de falar quando a lâmina atravessou seu peito, atingindo seu coração. O homem sorriu ao escutar o último arfar da antiga líder do Iara ao acariciar o rosto dela, beijando sua face.

— Eu te perdoo.

Ele disse ao jogar o corpo sem vida de Gorna na água. 

Preço de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora