Capítulo 28

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As ninfas são conhecidas por sua surpreendente ligação com os antigos e poderosos espíritos da natureza. Elas se deleitam na vida e festejam na abundância do ambiente ao redor; protegem e reconhecem a fauna e a flora como a essência da vida. Celebram a simplicidade ao mesmo tempo que a complexidade do simples ato de viver.

Eles estavam em uma clareira em meio à floresta que cerca Elfee por todos os lados. Flores, tanto normais quanto florescentes, foram trançadas em cordões e cortinas e pendurados nas árvores de galhos frondosos, perfumando o ambiente a céu aberto. Tochas e pedras de luz iluminavam o local conjuntamente com uma grande fogueira acesa no centro de tudo, banhando o ambiente em luz etérea. A abundância da comida perdia apenas para os litros intermináveis de vinho fae nas mãos de cada um dos festejadores; doces folheados de flor de laranjeira, biscoitos de baunilha, geleias de frutos silvestres e empadas de cogumelos e alecrim eram apenas alguns dos saborosos alimentos espalhados em mesas de madeira.

Rose respirou fundo, sorrindo ao sentir o calor vindo da fogueira aquecendo seu corpo enquanto a música instrumental energizava seus músculos. Ela podia sentir a vida daquele lugar, a chama ardente dos que estavam presentes e dançavam, comiam e bebiam como se fossem a última festa de suas vidas. As risadas ao redor se condensavam e pulsavam como algo vivo.

— Uau. — Ela sussurrou, seguindo Cassie, Maria e Daniel por entre os festejadores e se embrenhando mais no local.

Maria, caminhando a poucos passos à sua frente, sorriu sobre o ombro, indicando com a cabeça que seguissem até um pequeno grupo sentado sobre troncos ao redor da fogueira.

— Sua família? — Rose perguntou, recebendo um aceno confirmador em resposta.

O grupo era composto por três fêmeas e um macho. Duas delas eram claramente ninfas, dispondo de cabelos escuros e pele oliva com um leve tom esverdeado. Havia vinhas e ramos desenhados em suas peles, cobrindo boa parte de seus corpos – vestidos com leves vestidos brancos –, e encerrando em suas bochechas, pouco abaixo de seus olhos. Os cabelos estavam presos em coroas e trançados em flores, deixando à mostra as orelhas levemente pontiagudas. A outra fêmea e o macho eram diferentes, possuíam a pele mais escura e encaracolados cabelos escuros, como os de Maria. No lugar de pernas, possuíam patas de bode e chifres cresciam em suas cabeças. O macho possuía uma barba generosa e cabelos curtos de forma que se podia distinguir as orelhas animalescas. Eram fortes e grandes, mas também se moviam com graça e postura. Faunos.

— Maria! — O chamado veio da ninfa mais velha, a qual se adiantou e correu até eles, passando os braços ao redor da celi em um apertado abraço. — Finalmente se lembrou que tem mãe!

Maria sorriu ao abraçar Kila, sua mãe, balançando a cabeça e coçando o nariz ao sentir o pólen das flores dos cabelos da ninfa.

— Oi, mãe. Não seja dramática, a vi na semana passada. — Maria sorriu, afastando-se da ninfa para abraçar o fauno, seu pai.

— E isso é tempo para um filhote ficar longe dos pais? Principalmente depois daqueles acontecimentos horríveis. — Kila falou, analisando a filha de cima a baixo, como se procurasse qualquer desculpa para dizer que deveria voltar a morar com a família na Rua dos Cocais.

— Deixe nossa filhote, Kila. Maria é uma celi adulta agora. — Joan, o fauno, disse ao se afastar da filha e apertar suas mãos, abrindo um sorriso como cumprimento para os acompanhantes dela.

Maria suspirou, agradecida ao pai e se virou para as irmãs, sorrindo ao reconhecer o olhar aguçado da ninfa Bianca e o preguiçoso da fauna Ingrid.

— Ainda não começaram a festa? — Perguntou, seguindo até elas e as abraçando.

— Imaginei que não viesse. — Bianca disse, olhando rapidamente para os companheiros de Maria e lhes dirigindo um sorriso educado. — É sempre tão... ocupada para assuntos de família.

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