Capítulo 34

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O sol ainda não havia se posto quando eles se depararam com o limite da área desarborizada e da mata; era densa e se estendia até onde eles não podiam ver por completo, mas Maria garantia que teriam que atravessar para que chegassem à casa da Tecelã. Estavam cansados e as copas das árvores serviriam para proteção, mas iria escurecer em poucos minutos e eles não queriam arriscar encontrar com o perigo em um local com visão limitada.

- Vamos acampar. Entramos na mata amanhã, descansados e atentos. - Daniel disse, preparando-se para desmontar Zara e preparar o acampamento. A noite estava quente o suficiente para que não precisassem montar as barracas, eram um luxo que demorava e os atrasava.

Um uivo chamou a atenção deles para o outro lado de um dos montes. Ethan corria na direção deles, conseguindo se aproximar mais após tantos dias, os cavalos já haviam se acostumado ao predador.

- Ele encontrou água. Uma ramificação de um rio a alguns minutos de distância. - Cassie disse com um sorriso após ler a mente do lobisomem, suspeitosamente corada.

- Podemos aproveitar que vamos acampar mais cedo e recarregar nosso estoque de água. Não sei quanto tempo ainda temos antes dele secar por completo. - Maria disse, puxando o cantil quase vazio que estava preso em sua sela.

Todos assentiram e olharam para Daniel, aguardando sua resposta, a qual veio como um simples menear de cabeça e pedido para que Ethan liderasse o caminho. Em instantes viram o brilho do sol de fim de tarde refletindo sobre a inconfundível faixa de água. Não devia ser mais funda que uma banheira, mas era límpida e corrente o suficiente.

- Por favor, me digam vamos tomar um banho. - Rose gemeu, desmontando Tyon com um grunhido. Seus quadris estavam dormentes e as partes internas das coxas tinham tantas bolhas que temia no que haviam se transformado.

- Você está fedendo tanto que iria estragar a água assim que entrasse. - Thomás disse com um sorrisinho malicioso, piscando um dos olhos claros para ela.

Rose revirou os olhos, jogando seu saco de dormir nele e se aproximando do rio, onde Maria observava a superfície da água com o cenho franzido e as mãos na cintura.

- Algum problema? - Perguntou Rose, tocando seu ombro antes de se abaixar e mergulhar as mãos em concha, jogando um pouco de água fresca no rosto vermelho pelo sol.

Maria observou a amiga se refrescando por um instante, mas apenas balançou a cabeça em negação automática, voltando sua atenção para o rio. Uma dúzia de grandes pedras rugosas despontavam dele, mas fora isto não havia mais nada.

- Não, acho que não. - Disse, trocando o peso de uma perna para a outra. - Imaginei que poderíamos comer peixe hoje, mas... Não tem nem mesmo um girino.

Rose parou para observar mais atentamente a faixa de água, franzindo o cenho ao perceber que realmente não havia sinais de peixe algum.

- Estranho... Devemos encontrar alguns se seguirmos o fluxo do rio, mas isso iria nos tirar muito da trilha, não é? - Perguntou Rose, apontando para onde o rio fluía e desaparecia entre os montes do vale.

Maria assentiu antes de suspirar, esticando as costas sem retirar os olhos da água. Não conseguia ignorar a sensação desconfortável que se abatera sobre ela no instante que vira a faixa d'água.

- Sim...

- Vamos ajudar os outros a pegar água. Tom ainda vai precisar ferver e é melhor fazermos isso enquanto o sol ainda brilha. - Rose disse, levantando-se de onde estava agachada e passando as mãos molhadas pelos cabelos presos em um rabo de cavalo. Havia pouco que não daria por um bom banho.

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