Capítulo 33

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   Nas histórias de ficção, de uma forma ou de outra, a mocinha sempre sabe como subir graciosamente em uma sela e se manter em cima do cavalo sem acabar com a bunda cheia de lama e hematomas horrendos em cada possível superfície do corpo, e nas impossíveis também. Rose, contudo, não se sentia nem um pouco como as resilientes personagens principais das mais mirabolantes histórias, logicamente por não ser uma, enquanto encarava o imenso alazão de pelo cor de caramelo que fora colocado em sua frente.

— Este é o seu. — Dissera Bianca, irmã de Maria e uma ótima natural pelo que se podia notar. Rose não conseguia imaginar como seria trabalhar o dia todo com plantas e animais sem enlouquecer nem um pouquinho. — O nome dele é Tyon.

Arregalando os olhos, Rose deu um passo para trás e olhou ao redor, observando como os amigos haviam se colocado ao lado de cada um dos respectivos cavalos e agora prendiam as mochilas na sela.

— É um bom momento para avisar que não sei andar a cavalo? — Disse, olhando feio para o alazão quando ele tentou morder sua trança. — Por que não vamos de carro? Ou de moto? Ela pelo menos não tenta comer meu cabelo. — Resmungou, cerrando os olhos e afastando-se mais alguns passos quando o cavalo relinchou, como se risse da sua cara.

Daniel olhou para ela por cima da anca da própria montaria, uma égua incrivelmente negra que trotara feliz até ele sem precisar que ninguém a guiasse. Recebera o nome de Zara em homenagem a última rainha de Elfee, mãe de Araceli. O celi ostentava um irritante sorriso de lado de quem estava se divertindo.

— Pelo que a princesa nos disse sobre o local para onde vamos, a Tecelã vive no Vale de Mion, onde quer que isto seja. Mesmo com motos próprias para trilha seria arriscado já que não conhecemos o terreno e nem as criaturas que vivem nele. Motos são muito barulhentas. — Maria quem respondeu, já montada em uma égua malhada, Akira, com modos estranhamente solenes para um cavalo.

Rose permitiu que Bianca tomasse sua mochila e prendesse à sela de Tyon, junto aos outros mantimentos reunidos para o que parecia longos dias vivendo ao ar livre. Ela nem iniciara a viagem e já percebera que não iria usar os produtos de banho que colocara escondido na bolsa depois de Cassie ter terminado de lhe ajudar.

— Hmm. — Disse Tom, aproximando-se dela enquanto passava a mão teatralmente pela barba recém feita. — Bianca, não tem nenhum pônei disponível, não? Rose nem chega ao estribo.

Soltando uma risada forçada, Rose pisou o mais forte possível no pé de Thomás, revirando os olhos e abrindo um sorriso vitorioso quando ele gemeu, mesmo que exageradamente uma vez que todos usavam grossas e confortáveis botas para caminhada.

— Você é um perigo para a humanidade. — Ronronou ele, abusando do drama ao se aproximar do cavalo marrom com patas brancas batizado de Atom.

Madura como sempre, Rose lhe mostrou a língua.

— Eu te ajudo. — Cassie se aproximou, dando um tapa na nuca de Tom ao passar por ele e se aproximar de Rose, ajudando-a a subir na sela e lhe dando as lições iniciais de como se manter sentada na sela. — Mantenha as coxas flexionadas. Assim mesmo.

Rose olhou receosa para a crina de Tyon, apertando mais as coxas ao se imaginar caindo direto no chão e virando um montinho de nada. Ele era mais alto do que imaginara... Será que o pônei ainda era uma opção?

— Eu vou morrer! — Gritou ao sentir Tyon se mover alguns passos. O cavalo, debochado, bufou e balançou a cabeça. Rose podia jurar que ele teria revirado os olhos se fosse possível.

— Não vai não. Tyon é o cavalo mais dócil de Elfee, aprendi a cavalgar nele. Você vai pegar o jeito tão rápido que quando retornarmos será uma verdadeira amazona. Agora arruma esta postura. — Cassie cutucou suas costas, deixando-a na posição correta e lhe entregando as rédeas. — Vamos nos revezar para cavalgar ao seu lado, está bem?

Preço de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora