Capítulo 22 - Living on a prayer

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“A bravura provém do sangue, a coragem provém do pensamento”

 – Napoleão Bonaparte

16 de Fevereiro, 2009.

– Podemos ver o remédio depois, já me sinto ótima. Quero ir logo ao Vaticano. – Alicia não esperou reação alguma de Henri, apenas deu de ombros e foi em direção a porta que levava para a rua.

– Calma Liz, podemos ir em alguma drogaria antes, não vai nos atrasar tanto.

– Às vezes tenho a leve impressão que quero mais a sua liberdade que você. – A garota revirou os olhos em divertimento.

– O resto de minha vida seria mais sofrida que agora, se por culpa minha você não estivesse do meu lado, ou estivesse doente.

– Então faremos do seu jeito. Mas você está muito estranho. – Alicia voltou ao assunto, fazendo Henri contorcer-se por dentro.

– Só estou preocupado com você. – Ele falou com a maior naturalidade possível. Não era uma mentira.

– Me responde uma pergunta. – Alicia se virou para Henri. – Quem é a feiticeira poderosa, e quem é o amaldiçoado? Quem tem mais chances de ficar sem quem? – Quis saber.

– Não importa, Liz. Se nada der certo, minha vida acaba aos poucos, mas você ainda tem todo um futuro. – Ele sussurrou, acariciando o rosto da menina.

– Não vejo um futuro sem você. – Alicia encostou rapidamente os lábios no do garoto. – E nem quero imaginar, então não temos tempo a perder.

– Certo, me convenceu. – Henri sorriu e retribuiu o selinho. – Mas, mesmo assim, vamos ver algo para a sua garganta, seria péssimo ficar muito tempo sem ouvir sua voz.

Desta vez, Alicia sabia que esta discussão não levaria a lugar algum, era apenas uma perda de tempo sem sentido. Assim procuraram pelo ponto de táxis mais próximo, parando antes para comprar algumas pastilhas que aliviariam a dor de garganta da garota. Não tiveram que caminhar muito.

– Pra onde vocês vão? – A voz feminina soou mais à frente.

– Basílica de São Pedro.

O carro deu a partida, e dobrou a esquerda.

– Que estanho! – Henri comentou com Alicia ao seu lado.

– O que é estranho? – A mulher que dirigia se virou por um instante, deveria ter 40 anos, mas como a pele clara havia tomado muito sol, estava manchada e envelhecida, era impossível precisar. – Uma mulher não pode dirigir um táxi!?

– Não é isso, é que ... – Henri tentou falar o mais calmamente mas foi interrompido.

– Nem responda, não vou nem mais olhar pra sua cara mocinho. – A mulher agitou o cabelo comprido tingido de um louro agora desbotado.

– É que, quando viemos do Vaticano, viemos por outra rua.

– Há outros caminhos, eu trabalho nisso há muito tempo.

– Dá para perceber. – Desta vez, Henri falou alto o suficiente apenas para Alicia ouvir.

– Henri, não seja tão mal educado. Contanto que nós cheguemos lá...

Henri já estava muito nervoso quando finalmente o carro parou e eles desceram, a rota que a senhora pegou era mais longa, mas o problema não era o tempo ou o valor, mas o odor, o cheiro forte de cigarro que emanava da frente, dos inúmeros cigarros tragados pela mulher, o nervosismo era agravado pelas incontáveis palavras nada amigáveis que ela proferia na língua natal, sempre que o carro estava em um engarrafamento.

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