"Este mundo continua girando e a cada novo dia eu posso sentir uma mudança em tudo. E quando a superfície se quebra os reflexos se vão, mas de algum modo eles permanecem os mesmos."
– Jack Johnson
8 de Fevereiro, 2009.
Alicia se levantou, arfando e molhada de suor. Havia sonhado com Henri matando Katherine. Se sentou e colocou as mãos sobre os olhos, tentando se acalmar. Foi quando sentiu dois pares de olhos em si.
– Teve um pesadelo, bruxinha? – Marcus questionou.
Henri a encarava, preocupado. Ele sabia o que ela havia visto durante o sonho. Qualquer um que soubesse o que ela viu há poucas horas entenderia.
Alicia ignorou Marcus, levantando-se e caminhando até a pia que havia ao lado da pequena geladeira. Abriu a torneira, lavou o rosto e bebeu um pouco da água fria.
– Tudo bem. – Marcus revirou os olhos e se levantou. – Vou buscar comida e, quando voltar, quero encontrá-los aqui. Ou a mãe da Alicia sofrerá as consequências. – Sorriu como quem diz "bom dia" e saiu da cabana.
Henri ouviu os sons da porta sendo trancada e depois os passos de Marcus ao se afastar. Se aproximou de Alicia, mas percebeu como o corpo da garota ficou tenso ao sentir sua proximidade e se afastou. Foi para o sofá onde o tio dormira e se sentou, tomando um gole da metade da cerveja que sobrara na garrafa, fazendo uma careta e deixando-a de lado pelo líquido estar quente.
Alicia continuou de pé, as mãos apoiadas na pia. Olhou para os pequenos azulejos e brancos e começou a contá-los até onde conseguia enxergar.
Vinte minutos depois, 236 azulejos amarelos eram tudo que a impedia de desmoronar.
– Alicia. – A voz de Henri adquiriu um tom frio, o tom que indicava que não era mais ele ali.
A garota se virou e o encarou, o ódio transbordando no olhar.
– Quando eu descobrir seu nome, vou enviá-lo para a plataforma mais profunda do Inferno, e você nunca mais vai sair de lá.
– Impossível, pequena feiticeira.
– Nem que eu morra tentando.
Henri soltou uma gargalhada alta e se levantou, caminhando até Alicia e pressionando seu corpo contra a geladeira.
– Ou talvez você morra antes de tentar. – Sussurrou, seus rostos tão próximos que Alicia conseguiu sentir o hálito de enxofre devido à presença do demônio.
Pressionou sua mão em torno do pescoço de Alicia, apertando-o com força sem nenhum esforço visível. A menina tentou arrancar sua mão dali mas, se Henri era mais forte que ela, Henri com o demônio sequer era um objeto de comparação.
Segundos depois, o rosto de Alicia estava roxo e ela não conseguia respirar direito. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e o Henri possuído sorria, como se desafiasse a menina a desafiá-lo novamente.
Henri voltou para si e encarou Alicia em choque, soltando seu pescoço mas segurando seu corpo antes que a garota caísse desacordada no chão.
– Liz? Liz!! – Henri sacudiu o corpo da garota ao não sentir sua respiração, ao menos seu coração ainda batia.
Sem pensar duas vezes, apoiou a cabeça de Alicia em suas pernas e tapou o nariz da menina. Inspirou o ar profundamente antes de colar suas bocas e transferir o ar para ela. Repetiu o processo tantas vezes que perdeu a conta, mas a vida parecia ter se esvaído do pequeno corpo de Alicia.
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Forbidden Lines
RandomHá 500 anos, na pequena cidade no interior da França, Westwick, Arthur Blackburn fez um pacto com as trevas. Ele prometeu seu corpo e os dos filhos primogênitos de cada geração, em troca de riqueza e poder para a sua família. Então, quando os primog...