"Não existe o poder da maldição, mas sim o poder que se dá à maldição."
- Swami Paatra Shankara
- Henri?
- Liz? - Henri só soube que não fora sua imaginação quando sentiu a garota se mover. - Já estamos aqui há muito tempo, você consegue me acompanhar até a saída?
- Não sei, não sinto meu corpo direito. Posso ter alguns minutos?
- Tudo bem, mais algum tempo aqui não será um grande problema. - Henri suspirou, olhando desconfortável para os crânios ao seu redor.
- Talvez seja, podemos ao menos planejar o que teremos que fazer? - Alicia sussurrou, ainda com os olhos fechados.
- Eu posso esperar. Afinal não podemos fazer nada aqui, não é mesmo?
- Meu Deus! Ainda estamos aqui em baixo? - Alicia se assustou ao olhar para um dos lados e observar amontoados de crânios humanos. - Não quero ficar aqui nem mais um segundo.
A voz da menina saiu trêmula na última frase, mas ela fez força para se levantar. Henri sabia que a garota ainda estava fraca devido a sabe-se lá o que tivesse acontecido no plano etéreo, então puxou-a de volta para o chão.
- Calma, querida. - Henri gentilmente começou a alisar o cabelo da garota com uma das mãos, numa tentativa de acalmá-la. - Logo estaremos rindo disto tudo, sentados sob o Sol, com nossos filhos correndo entre nós dois.
- Filhos? Você quer mesmo ter algum? - Alicia perguntou, afastando-se um pouco de Henri para olha-lo nos olhos.
- Algum? Quero ter no mínimo um casal, e que sejam tão determinados quanto você.
- Acho que não teremos um casal. - Alicia sorriu tristemente.
- Por que?
- Entre as praticantes de magia é muito, muito raro darem luz a um menino, se é que é possível. - A menina suspirou.
- Na minha família, o que é muito raro é nascer meninas, provavelmente por causa da maldição.
- A maldição... Você quer mesmo ter um filho sabendo que ele pode ter algo tão ruim para a vida dele? - As palavras escaparam da boca da garota tão rápido quanto o pensamento apareceu. Ela arrependeu-se e mordeu o lábio, envergonhada.
- Não seja por isso, estaria disposto a adotar um casalzinho. - Henri respondeu, sem se abalar com a pergunta da feiticeira.
- Podemos subir? Já me sinto melhor. - Alicia afirmou. Ela não gostava da ideia de adoção, não quando queria ter filhos lindos, que se parecessem com Henri.
Henrique se levantou e puxou a garota para perto de si, gentilmente apoiando-a em um abraço enquanto ela se acostumava a ficar de pé pelas próprias pernas.
Após alguns instantes, Liz já estava apta a andar sem apoio, mas continuou nos braços do rapaz.
Sem mais demora, eles foram para fora daquele lugar claustrofóbico, sentindo o vento forte bagunçar seus cabelos ao chegarem na saída.
- Para onde vamos agora? - Alicia perguntou para Henri, afastando-se do braço do menino, mas apertando a mão dele junto a sua.
- Vamos comer algo, e então você me conta o que descobriu.
- Certo, mas você paga, com o seu cartão de preferência.
Durante o resto do dia, eles se prepararam para o que aconteceria no dia seguinte: Alicia procurou ingredientes para pós mágicos básicos, Henri comprou uma pistola de forma ilegal. Fizeram check-in no mesmo quarto que dormiram na noite anterior, porém passaram o cartão de Henri dessa vez.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Forbidden Lines
RandomHá 500 anos, na pequena cidade no interior da França, Westwick, Arthur Blackburn fez um pacto com as trevas. Ele prometeu seu corpo e os dos filhos primogênitos de cada geração, em troca de riqueza e poder para a sua família. Então, quando os primog...