Capítulo 24 - Curse

118 9 0
                                    

"Não existe o poder da maldição, mas sim o poder que se dá à maldição."

- Swami Paatra Shankara

- Henri?

- Liz? - Henri só soube que não fora sua imaginação quando sentiu a garota se mover. - Já estamos aqui há muito tempo, você consegue me acompanhar até a saída?

- Não sei, não sinto meu corpo direito. Posso ter alguns minutos?

- Tudo bem, mais algum tempo aqui não será um grande problema. - Henri suspirou, olhando desconfortável para os crânios ao seu redor.

- Talvez seja, podemos ao menos planejar o que teremos que fazer? - Alicia sussurrou, ainda com os olhos fechados.

- Eu posso esperar. Afinal não podemos fazer nada aqui, não é mesmo?

- Meu Deus! Ainda estamos aqui em baixo? - Alicia se assustou ao olhar para um dos lados e observar amontoados de crânios humanos. - Não quero ficar aqui nem mais um segundo.

A voz da menina saiu trêmula na última frase, mas ela fez força para se levantar. Henri sabia que a garota ainda estava fraca devido a sabe-se lá o que tivesse acontecido no plano etéreo, então puxou-a de volta para o chão.

- Calma, querida. - Henri gentilmente começou a alisar o cabelo da garota com uma das mãos, numa tentativa de acalmá-la. - Logo estaremos rindo disto tudo, sentados sob o Sol, com nossos filhos correndo entre nós dois.

- Filhos? Você quer mesmo ter algum? - Alicia perguntou, afastando-se um pouco de Henri para olha-lo nos olhos.

- Algum? Quero ter no mínimo um casal, e que sejam tão determinados quanto você.

- Acho que não teremos um casal. - Alicia sorriu tristemente.

- Por que?

- Entre as praticantes de magia é muito, muito raro darem luz a um menino, se é que é possível. - A menina suspirou.

- Na minha família, o que é muito raro é nascer meninas, provavelmente por causa da maldição.

- A maldição... Você quer mesmo ter um filho sabendo que ele pode ter algo tão ruim para a vida dele? - As palavras escaparam da boca da garota tão rápido quanto o pensamento apareceu. Ela arrependeu-se e mordeu o lábio, envergonhada.

- Não seja por isso, estaria disposto a adotar um casalzinho. - Henri respondeu, sem se abalar com a pergunta da feiticeira.

- Podemos subir? Já me sinto melhor. - Alicia afirmou. Ela não gostava da ideia de adoção, não quando queria ter filhos lindos, que se parecessem com Henri.

Henrique se levantou e puxou a garota para perto de si, gentilmente apoiando-a em um abraço enquanto ela se acostumava a ficar de pé pelas próprias pernas.

Após alguns instantes, Liz já estava apta a andar sem apoio, mas continuou nos braços do rapaz.

Sem mais demora, eles foram para fora daquele lugar claustrofóbico, sentindo o vento forte bagunçar seus cabelos ao chegarem na saída.

- Para onde vamos agora? - Alicia perguntou para Henri, afastando-se do braço do menino, mas apertando a mão dele junto a sua.

- Vamos comer algo, e então você me conta o que descobriu.

- Certo, mas você paga, com o seu cartão de preferência.

Durante o resto do dia, eles se prepararam para o que aconteceria no dia seguinte: Alicia procurou ingredientes para pós mágicos básicos, Henri comprou uma pistola de forma ilegal. Fizeram check-in no mesmo quarto que dormiram na noite anterior, porém passaram o cartão de Henri dessa vez.

Forbidden LinesOnde histórias criam vida. Descubra agora