Capítulo 7 - All the things that she said

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"Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos."

– Albert Einsten

5 de Fevereiro, 2009.

Alicia afirmou com tanta convicção que a expressão de terror no rosto de Henri não era apenas superficial. A garota havia mascarado bem suas reais intenções, tanto que Henri se perguntou por alguns segundos se não havia sido enganado.

– Marcus, temos que ir logo. Há alguns séculos, surgiu um ritual para evitar que os demônios saiam do corpo de um humano de morte prematura. Estes demônios eram sedentos por sangue e, para manterem o corpo do hospedeiro vivo, precisavam consumir sangue humano quase que constantemente. Eles eram chamados de demônios Nosferatu, atualmente conhecidos como vampiros.

– Pensei ser só um mito. – Henri interrompeu a explicação de Alicia. A garota virou-se para ele.

– Não são. Aqui na Europa, durante o Iluminismo, as religiões pagãs já não sofriam tanto com a influência católica. As antigas magias, os rituais e as seitas voltaram a fazer parte do nosso cotidiano. Com isso, os pactos também voltaram com tudo. Logo as caças intensivas aos demônios começaram.

– Crianças, acabou a aula de História. – Marcus zombou. – Temos oito horas de viagem pela frente.

– Oito horas no mesmo carro que você. – Alicia revirou os olhos. – Não sei se aguento isso de novo.

– Seus livros já estão no carro. Vamos? – Marcus puxou os dois jovens pelo braço escada acima.

– Eu posso vestir uma roupa? – Henri pediu. Marcus ordenou que Alicia fosse para o carro e entregou uma sacola para o jovem, saindo em seguida e deixando-o sozinho.

Henri abriu a sacola cuidadosamente, com medo de que uma bomba explodisse em sua cara. Aliviado, soltou o fôlego ao encontrar jeans, uma camisa branca de mangas compridas e uma jaqueta de couro, além de seus coturnos pretos.

Alicia e Henri estavam ambos acomodados no banco de trás, porém com um espaço dividindo-os.

Henri encostou a cabeça no vidro da janela e fechou os olhos. Tentou se concentrar em algo para se distrair, decidiu contar sua respiração e revirou os olhos com a ideia ridícula que acabara de ter.

Cinco horas depois, já havia recomeçado mais de vinte vezes. Não conseguia se concentrar em nada, a única coisa em que conseguia pensar era se iria realmente sobreviver.

"Vai ficar tudo bem."

Alicia falou para Henri, sem emitir som algum, ao notar seu sofrimento. Novamente, estava dentro da mente do garoto.

Henri encarou-a, incrédulo. Como ela fazia isso? Tentou concentrar-se e responder a garota de volta.

"O que você vai fazer?"

"Não posso te contar."

"Tudo bem. Me fala sobre você, então."

Algumas lembranças passaram rápido pela mente de Alicia, mas nada que a garota realmente considerasse importante.

"Não tenho nada para falar sobre mim." Concluiu.

"Então vamos falar sobre algo que você considere interessante. Meu tio sequer vai falar comigo durante toda a viagem. Você entrou nesta história sobrenatural primeiro, me conte o que já viu, as suas experiências."

"Eu ainda estou em treinamento. Nunca vi demônios ou monstros, exceto o seu tio."

O comentário de Alicia arrancou uma risada de Henri. Marcus suspirou e encarou o garoto através do pequeno espelho. Henri lançou um olhar para a janela. Já haviam atravessado uma fronteira estadual. Estava nevando, algo até comum por  lá.

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