Capítulo 10 - The boy's gone?

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“Aquele que se expõe a perigos desnecessários morre vítima do demônio.”

– Thomas Fuller

6 de Fevereiro, 2009.

Alicia acordou com alguns poucos raios de sol, que entravam pela enorme janela de vidro. O lado da cama onde Henri havia dormido estava vazia. A garota se espreguiçou antes de criar coragem suficiente para vestir um robe de algodão com o brasão do luxuoso hotel. Enquanto caminhava vagarosamente até a janela, várias ideias passaram pela sua cabeça, mas uma se fixara, “por que não poderia ficar vestida naquele robe o dia todo?”.

Alicia observou maravilhada o que via pela janela: a cidade já estava acordada, e os raios de sol não eram suficientemente fortes para fazerem as pessoas tirarem os casacos, ou derreter a neve, mas o quarto estava com o clima agradável. Curiosa, ela foi checar o condicionador de ar, no quarto, a temperatura era de 27 graus, o aparelho também mostrava o horário, tomada pelo espanto de já passarem das 10 horas da manhã, Alicia correu até o telefone, ligando para a recepção.

– Bom dia, espero que tenha tido uma noite agradável. Posso ajuda-la em algo? – Após alguns segundos, uma voz doce e feminina rompeu com o silencio. 

– Eu tive sim, obrigada. Poderia checar se o rapaz que estava no quarto comigo ainda está no hotel?

– Ele está cuidando de algumas formalidades aqui na recepção.

– Obrigada, vocês poderiam mandar um café da manhã para meu quarto?

– Você vai querer algo em especial para o seu café? Temos alguns dos mais renomados nomes da cozinha francesa, não hesite em pedir algo exótico, se quiser.

– Uma bandeja com frutas é o suficiente. Tragam também uma camisa de manga longa, uma calça jeans escura e um cachecol grosso. – Aquela situação toda era estranha para ela, afinal, apesar de vir de uma família que tinha boas condições, ele não tinham empregado. Lidar com a magia na presença de empregados era um risco que nenhum parente seu queria correr. – Use as roupas anteriores como referência, mas envie uma calça um número maior, por favor.

– Já estou enviando, mas haverá um pequeno atraso devido às roupas. Deseja mais alguma coisa, senhorita Blackburn? – Alicia corou ao ser chamada pelo sobrenome de Henri, mas não viu necessidade de corrigi-la. Não iria passar mais uma noite ali.

– Não, está tudo maravilhoso assim, como tudo desde que cheguei aqui. 

– A equipe do Molitor Paris fica feliz e agradece a preferência. – A voz do outro lado da linha transpareceu o contentamento, como se fosse o primeiro elogio que ganhasse há anos. – Tenha um bom dia.

Alicia encaixou o telefone no gancho. Ela realmente estava tendo um bom dia, mas sabia que não iria continuar assim. Caminhou até o banheiro, trancou a porta atrás de si, e olhou seu reflexo por alguns segundos, sem prestar atenção em nada específico. Mas, quando sentiu uma dor aguda na extremidade da mão direita, seus olhos foram forçados a investigar. Observando próximo ao pulso direito, enxergou um fluido escuro e viscoso escorrendo aos poucos, analisou a área, mas não encontrou nenhum corte por onde pudesse sair aquele sangue. Em alguns segundos, o fluido vermelho começou a se espalhar. Logo em seguida, o escorrimento cessou, levando a dor junto. Calmamente, Alicia abriu a torneira e colocou a mão sob água corrente.

A mistura dos líquidos trouxe a imagem da noite em que encontraram Henri, após ele matar a mãe.

Deixando de lado as lembranças macabras, assim como o pouco medo que ela sentia de Henri, Alicia se posicionou sob o chuveiro e permitiu que a água fria caísse. Mesmo com as temperaturas caindo cada vez mais lá fora, Alicia não mudou a temperatura da água, aquilo era como se a trouxesse para a realidade, afastando qualquer lembrança ruim do passado.

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