Capítulo 1 - The devil is knocking at your door

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“O homem fraco teme a morte, o desgraçado chama-a; o valente procura-a. Só o sensato a espera.”

– Benjamin Franklin

1º de Junho, 2006

No 1º dia de Junho de 2006, dia após completar 17 anos, veio o primeiro apagão. Durou apenas três horas, e ele acordou na floresta que havia ao norte da cidade. O garoto sentia fortes dores pelo corpo e o mesmo estava ensanguentado. Ele sentia como se tivessem roubado uma parte de si. Não conseguia se levantar, não tinha controle do próprio corpo. Então, começou a gritar por ajuda. Um homem apareceu, mas ao notar seu estado, saiu correndo aterrorizado.

Depois, Charlotte, sua mãe, apareceu. Sentou no chão de terra ao seu lado e o envolveu numa manta. As próximas duas horas foram pura agonia. Sua energia era consumida e ele, imobilizado, não podia fazer nada para parar o que quer que estivesse acontecendo.

Henri sentiu seu corpo ser carregado por dois homens de confiança da família. Com uma expressão triste, mas sem qualquer sinal de surpresa, a senhora Blackburn os guiou até o quarto onde o falecido marido dormia quando estavam brigados, ao menos era isso que achava Henri na época. O quarto só tinha janelas no alto e a luz que entrava era muito pouca

Apesar de não conseguir mover seu corpo, Henri sentia as correntes grossas prenderem seus punhos e tornozelos. Ele não conseguiu parar de pensar no porquê de ter correntes no quarto do pai e o que acontecia ali.

Charlotte Blackburn caminhou até o centro do quarto, onde estava um tapete empoeirado, puxou-o com toda força que pode, e um som grave percorreu todo o cômodo enquanto um sistema de roldanas fazia descer um dos lustres, com várias lâmpadas acesas, exceto por uma, que revelou-se ser um pequeno objeto retangular preto, cujo a mulher pegou.

– Mãe, o que está acontecendo comigo? – Perguntou, fazendo um esforço descomunal para falar.

– Oh, Henri. Eu sinto tanto. – A mulher lamentou e beijou a testa do filho. – Eu prometo explicar tudo depois, quando você estiver melhor. – Se afastou e caminhou em direção a porta do quarto.

– Não me deixa aqui! – Gritou, ao ouvir a porta sendo trancada.

Do lado de fora, Charlotte chorava compulsivamente. Ouvir os gritos e o choro de Henri era ainda pior do que ouvir os do seu falecido marido, Jonatan. Mas ela sabia que não poderia fazer muita coisa além de olhar o filho definhar, como acontecera com seu finado marido. Tomou todo ar que pôde e secou as lágrimas que desciam descontroladas. Então, foi fazer o que fazia todos os dias desde que descobrira o segredo de Jonatan: orar por sua pobre alma. Mas, desta vez, seu coração apertava mais, pois o filho também estava condenado.

Aos poucos, os olhos de Henri se acostumaram com a escuridão do quarto, seu olfato veio em seguida, sentia um cheiro enferrujado, mas ainda assim sorveu o ar como se fizesse-o pela primeira vez e sentisse o melhor cheiro do mundo.

Não demorou para entender que aquele cheiro era uma mistura de ferro e sangue. Em seguida, veio o movimento das extremidades, apesar de seus dedos contraírem-se de forma involuntária por alguns segundos. Sua mente ia a mil em todas as direções, desde mais novo sabia que tinha déficit de atenção, sentir-se impotente era a coisa que ele mais detestava. Passadas as três horas já estava calmo, continuava sobre a cama, que na verdade era um altar ritualístico, todo de pedra. Podia ver os arranhões na superfície negra, como cortes de ponta de faca.

Ouviu a porta se abrindo, e fez o máximo para levantar a cabeça. Jared, um dos homens de confiança que Henri achava tê-lo carregado, entrou e desacorrentou o garoto.

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