Capítulo 2 - I will burn with fire and fury

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“Porque o fogo que me faz arder é o mesmo que me ilumina.”

– Étienne de La Boétie

31 de Janeiro, 2009.

Alicia lançou um olhar carregado de ódio para o livro de feitiços que estava estudando. Não conseguia entender o que levou a família Kühn a ajudar os Blackburn.

Durante os últimos dez anos, tinha sido privada da sua vida com um único objetivo: quebrar o pacto que consumia as almas dos Blackburn há séculos.

Mas, há dois anos, Jonatan Blackburn matou Helena Kühn, a avó de Alicia, e o objetivo mudou. Alicia teria que encontrar Henri e matá-lo, ou seria proibida de carregar consigo o nome da sua família.

Olhou pela janela do seu quarto na pequena comuna de Arendel, na Noruega.

Estava cansada de passar o dia inteiro no quarto, precisava de ar novo. Decidiu ir caminhar na praia, mesmo sendo exatamente o que a mãe havia lhe dito para não fazer.

Colocou um suéter vermelho por cima da blusa do pijama de bolinhas e substituiu os shorts e meias por calças jeans e sapatilhas pretas.

Saiu de casa sorrateiramente e fez o curto percurso até a praia.

Havia uma festa ali. As festas em Arandel eram comuns na virada do ano e no início do mesmo. Alicia nunca havia participade de uma festa, exceto as organizadas pela família.

A garota fora privada até da sua vida escolar. Tinha 17 anos e nunca frequentara escola nenhuma, havia aprendido apenas o que sua mãe julgava necessário.

Agora, ver os alunos do Arandel High School era encatador. Uma fogueira estava acesa na praia e eles estavam sentados ao seu redor, formando um círculo. Lice cogitou a ideia de se aproximar, poderia fingir ser uma aluna nova. Ninguém a conhecia, afinal.

Acabou observando os jovens há alguns metros de distância. Se se aproximasse, sua mãe certamente iria descobrir. Tocou distraidamente na fina corrente de prata com um ponto de luz que havia em seu pescoço. Fora presente de seu pai, que ela nunca teve a chance de conhecer,

Se virou sufocando um grito ao sentir uma mão segurando seu braço.

– Quem é você? – Perguntou, imediatamente vasculhando sua mente em busca de algum feitiço de autodefesa que lhe desse minutos de vantagem suficientes para sair correndo.

– Marcus Ivashkov.

Alicia analisou o homem o mais rápido que pôde. Aparentava ter pouco mais de 40 anos. Seus cabelos castanhos cuidadosamente puxados para trás, seus olhos verdes e seu maxilar quadrado eram suas características mais marcantes, mas nada disso puxou algo em suas lembranças.

– Eu deveria conhecer você?

– Não, mas minha irmã sim. Charlotte, ela se casou com Jonatan Blackburn. – Alicia tentou se desvencilhar do aperto de Marcus com a menção dos Blackburn, mas ele não a soltou. – Não vou machucar você, só quero conversar.

– Conversar? Eu não quero conversar, eu quero distância de todos vocês! Por sua culpa, minha avó está morta!

– Sua mãe não está em casa, está? – Levantou a sobrancelha direita.

– Não, ela foi encontrar minhas tias.

– Tem certeza disso?

– Onde ela está? O que você fez com ela?

– Eu? Não fiz nada, ainda. – Tirou o celular do bolso da jaqueta e fez uma ligação. – Você está com a mulher? – Sorriu e estendeu o telefone para a garota.

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