Capítulo 3 - Kill me! Just kill me!

329 19 0
                                    

“Não é verdade que a morte é o pior de todos os males; é um alívio para os mortais que estão cansados de sofrer.”

– Pietro Metastásio

1° de Fevereiro, 2009.

Marcus bateu na porta dos Blackburn por volta das nove da manhã. Segurava o braço de Alicia com força, não parecia perceber que ela estava cansada e assustada demais para fugir.

Alicia estava abrindo a boca para pedir que lhe soltasse quando a porta se abriu.

– Graças a Deus! – A inquilina da casa pareceu aliviada em vê-la e encostou-se na parede, dando espaço para a dupla passar.

– Onde ele está? – Marcus perguntou, ainda pressionando os dedos com força ao redor do braço de Alicia, que não havia dito uma palavra.

– Em meu quarto. Não sobrou nada do dele. – Lançou um olhar para a menina e estendeu a mão. – Meu nome é Charlotte, e o seu?

– Alicia. – Respondeu, mas não apertou a mão da mulher.

Marcus arrastou a garota escada acima, tendo que levantar seu corpo ao alcançar a metade da escada.

Alicia, além de estar com fome, estava com tanto sono que mal conseguia equilibrar-se sobre as próprias pernas. Estava dando o máximo de si para não desmaiar.

– Nicholas! – Marcus sorriu ao abrir a porta, largando a garota parada atrás dele.

Henri se sentou rapidamente e encarou o tio, sem acreditar que ele estava mesmo ali.

Marcus, ao se aproximar, fez o possível para não transparecer o choque que sentiu ao ver o garoto. Marcas roxas estavam espalhadas por todo o seu corpo e seus olhos... As extremidades da parte branca dos seus olhos estavam escurecendo.

– É bom ver você. – Marcus lançou-lhe um sorriso. Até ele estava começando a acreditar que o pacto era inquebrável.

– Por que apareceu do nada? Não nos vemos desde... meu pai. – Engoliu em seco.

Henri se repreendeu internamente por esperar um contato físico com o tio. Ele sabia o que Marcus pensava: só teria seu sobrinho de volta quando o mesmo estivesse totalmente livre das presenças demoníacas.

– Eu vim porque encontrei uma pessoa. E, se há um modo de acabar com isso, ela é a única que pode fazê-lo. Alicia?

A feiticeira, com seus cabelos ruivos numa confusão de nós, entrou cambaleando no quarto. Junto à fome e ao cansaço, somava-se o fato de que Alicia nunca havia ficado tanto tempo sem acesso à magia. Depois que despertara, a magia transformou-se no ar que respirava.

Marcus a segurou antes que seu pequeno corpo atingisse o chão.

– Por favor, o antídoto. – Pediu com um sussurro. Marcus revirou os olhos e tirou uma seringa do bolso, cravando-a com força no pescoço de Alicia, que não se conteve e soltou um grito fino e sufocado.

Henri observou a violência com que o tio tratava a desconhecida.

– Agora o feitiço.

– Não é assim! Eu preciso dos meus livros, preciso adquirir poder e você sabe disso.

– Vou pegar seus livros, mas você tem que se virar com a parte do poder. – Deu de ombros e largou Alicia na poltrona.

– Esse antídoto não funcionou! – A garota exclamou, um pouco irritação que sentia transparecendo em seu tom de voz.

Forbidden LinesOnde histórias criam vida. Descubra agora