Prólogo

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Há mais ou menos uns 30 anos, Poseidon, deus dos mares, decidiu que não iria mais haver guerras entre deuses e humanos. Por muito tempo isso permaneceu assim. O deus encontrou uma bela “mulher” com quem se casou e teve suas milhares de filhas.
Onze sereias ao total, a mais velha, como sua herdeira legítima, acabou herdando seus poderes. Aos dez anos (S/N), ou como gostava de se chamar, Black, era uma sereia poderosa, e se sentia orgulhosa do que estava se tornando.

Porém, em um trágico dia, humanos decidiram invadir o reino de Poseidon, acabando por matar a mãe de Black, e algumas de suas irmãs. Poseidon e Black, tentando proteger sua família acabam afundando o navio dos humanos. Porém o que Poseidon não esperava, era que Black salvasse um garoto humano de se afogar junto aos outros.

Desde então o relacionamento pai e filha - que era invejado por todos - se desfez completamente. Poseidon não conseguia perdoar a filha por salvar o assassino de sua família. E Black não conseguia entender como o pai podia ser tão frio, ao ponto de deixar uma criança morrer.
Brigas e mais brigas fizeram Poseidon castigar a filha, a transformando em humana, e a privando de seus poderes.

“Se Black quer salvar um assassino, então que se junte a ele”, era o que Poseidon pensava.

O deus deixou sua filha em terra e desapareceu junto das filhas restantes para tão longe, que Black não seria capaz de achá-los.
Após 13 anos, a garota, agora uma linda mulher, se acostumou com sua vida na terra, mas sentia falta de seu pai e suas irmãs.

~~~

  - Ficou sabendo? - eu recolhia os copos da mesa enquanto ouvia os homens conversando - O Destiny está ancorado no lado sul da ilha.

  - Sério? - o outro cara diz surpreso - Dizem que quando eles atracam em um lugar não passam nem sequer uma noite, no dia seguinte já então no mar de novo.

  - Piratas - um deles diz - Sempre preferindo o mar do que a terra firme - sinto alguém tocar minha cintura me virando para a mesa onde os homens conversavam - Há muito mais divertimento aqui do que um barco cheio de homens fedidos - ele me lança um olhar malicioso.

  - Me larga - digo me afastando dele - Idiota - digo baixo e me viro para sair, mas ele segura minha mão com força me fazendo voltar

  - Do que me chamou? - pergunta agora já de pé, ficando alguns centímetros mais alto que eu.

  - I.di.o.ta - digo pausadamente na cara dele - Ou prefere que eu te chame de otário? Qualquer um dos dois cai super bem.

  - Quem pensa que é garota? - ele levanta a mão para me bater, mas vejo alguém segurar sua mão.

  - Solte a moça - o homem diz.

  - O namoradinho veio salvar? Que bonitinho - o homem que me segurava me coloca a sua frente colocando uma arma em minha cabeça - O que vai fazer se eu não a soltar? - vejo que atrás do homem um copo começou a borbulhar, logo começando a se mexer um pouco.

  - Você vai se arrepender disso - digo sorrindo, vejo o homem olhar para mim confuso - Saiba que você mexeu com a pessoa errada - apenas sinto o líquido fervendo atingir o homem pegando um pouco em mim, mas por incrível que pareça, eu não estava sentindo minha pele queimar, já o homem me soltou tão rápido e começou a gritar.

  Obrigada pai, penso comigo. Pelo jeito não esqueceu de mim.

  - Você - o homem aponta para mim - O que fez comigo? - sua pele estava muito vermelha.

  - Não sei se percebeu, mas - me aproximo um pouco dele - Eu estava na sua frente o tempo todo - ele olha para mim com raiva, logo estendendo sua mão e pegando meu pescoço.

  - Já disse para largar a moça - o mesmo homem de antes segura sua mão a tirando do meu pescoço - Ou precisa que eu te ensine? - ele sorriu, um sorriso um pouco assustador para as pessoas que observa, mas eu não me importei, vi o homem tirar um punhal de sua roupa logo cortando a mão do homem que me segurava - Agora sim irá lembrar de como tratar uma mulher - ele jogou a mão cortada perto do cara, que gritava de dor, e apenas saiu da taverna.

  - Então esse é o famoso Pirate King - um dos amigos do cara diz, eles observavam surpresos toda a situação.

  - Jessy - me viro ou ouvir meu chefe me chamar irritado - Olha a confusão que causou - aponta para o homem, ainda no chão - Está demitida.

Estava acostumada a ser demitida dos serviços que arranjava, então não fiquei nem um pouco surpresa com sua fala.
Subo para o andar de cima da taverna indo para meu quarto. Arrumo minhas coisas - que não eram muitas - e saio do local ouvindo as pessoas cochicharem entre si.

  - Que lindo Black, mais uma noite na rua - acabo rindo do meu próprio comentário.

Por sempre estar indo de um lugar para outro, sempre usava um nome falso, não tinham como provar minha verdadeira identidade mesmo.

Eu, sinceramente, não sabia para onde ir, minhas pernas apenas me guiavam. É até irônico para uma sereia falar isso, mas já estava tão acostumada.
Percebo estar no lado sul de Taiping ao ver uma embarcação, um tanto quanto diferente das outras que já havia visto.
O Destiny, penso. Apenas passei direto por ele, tomando cuidado para não ser vista. Vou em direção a praia colocando minha bolsa em uma pedra e indo em direção ao mar sentindo o gelado da água tocar meus pés.

  - Que saudade - sinto uma lágrima escorrer por meu rosto, mas logo a trato de secar - Obrigado por hoje, papai - sorri olhando para o horizonte - Sei que pode me ouvir - me abaixo tocando a água - Sei que ainda não entramos em um acordo do que aconteceu, mas eu queria te ver, pelo menos uma ultima vez - pedi fechando os olhos.

  - Você está linda - abro os olhos imediatamente ao ouvir sua voz - Está tão crescida.

  - Você continua o mesmo - sorri indo até ele o abraçando - Você se escondeu por tanto tempo, porque aceitou me ver agora? - pergunto ao me separar.

  - Você tem uma chance de voltar para casa - ele diz, me deixando surpresa - Me desculpe por tudo o que aconteceu, apenas volte para nós - diz se referindo a minhas irmãs.

  - Onde estão? Como irei encontrar vocês estando em terra?

  - Estamos no Golfo Pérsico - diz - Infelizmente não posso lhe devolver as barbatanas agora - ele coloca a mão em meu rosto - Precisa estar em casa para isso - me faz olhar para ele - Mas posso devolver todas as noites, somente se estiver na água.

  - Irei até vocês - sorri - Mesmo que tenha que nadar por todo o mar sem minha cauda.

  - Tenho uma ideia melhor - ele aponta para o barco atracado a poucos metros de onde estávamos - Eles planejam vir para nossa ilha - volta a olhar para mim - Você pode entrar escondida na embarcação e viajar junto.

  - Você sabe que isso é uma péssima ideia, não sabe? - ele sorri - E eu tenho problemas por aceitar ela.

  - Apenas saiba uma coisa - volta a ficar sério - Aquele menino que salvou, é o capitão do navio - diz me deixando surpresa - Não deixe que ele se lembre de você, ou estará em grande perigo.

  - Qual o nome dele? - pergunto.

  - Kim Hongjoong - após dizer vejo que ele estava desaparecendo - Queria ter mais tempo, mas preciso voltar - ele me abraça - Te amo, querida - apenas sinto ele virar água em meus braços e logo se juntar ao mar.

  - Também te amo, papai - sorri - Terei cuidado - olho para o navio.

Finalmente irei para casa. Não como eu esperava, mas ainda sim, voltando para casa.

Pirate King - Kim Hongjoong (ATEEZ)Onde histórias criam vida. Descubra agora