Capítulo 8

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ABBY HAWLEY

Continuo andando de um lado para o outro no escritório, é um cômodo pouco utilizado pelos caras então é quase o meu espaço na casa. É onde Lexy e eu ficamos quando estamos em reuniões, organizando a agenda ou coisas assim. Eu sabia que deveria ter feito a vídeo chamada aqui, conversar com Hope na cozinha foi uma besteira sem tamanho e agora Vince sabe disso.

Inquieta, continuo a andar e verificando meu tablet. Quem precisa checar a agenda quando há coisas pendentes a serem esclarecidas com um dos meus patrões? Não acho que ele vá brigar pela ligação pessoal em horário de trabalho, mas não sei se Vince pretende abrir sobre isso com todos os outros. Lexy sabe de Hope, bem superficialmente mas sabe e eu tinha decidido que seria mantido em segredo, não posso piorar as coisas.

Céus, eu preciso de tudo de mim para não sair desse saltos e passar a mão pelos cabelos para tentar aliviar minha tensão. Estou preocupada e não posso fazer o que tenho vontade para não parecer uma profissional desleixada. Você é competente, Abby. Você é competente e inteligente.

Os passos no corredor chamam minha atenção. Deixo meu tablet sobre o sofá e caminho até a porta o mais silenciosamente possível à medida que as passadas se aproximam. O escritório é no caminho para os quartos e Vince saiu com Drew para a corrida da tarde, qualquer um dos dois pode ter subido para tomar um banho. Apesar de não morarem aqui, a casa é como uma sede para todo o grupo, o que justifica Ethan chamá-la de Fiveland.

Abro uma fresta da porta, o suficiente para conferir quem passava no corredor e quando meus olhos pousaram em Vince desfilando em um passo relaxado, cantarolando uma música em andamento do grupo e distraído com seus fones de ouvido sou rápida em abrir a porta e puxá-lo para dentro. Não posso ter essa conversa com ele no corredor quando Drew ainda pode estar na casa.

-Ficou louca? - Pergunta assustado, retirando um de seus fones enquanto fecho a porta, só para encontrar aquele sorriso brincalhão em seus lábios quando me viro para ele - Estou acostumado a ser agarrado, mas não assim.

-Não é hora para brincadeiras. - Ando ameaçadoramente para perto, flexionando meus olhos como sempre faço para intimidar os quatro - Precisamos falar sobre o que você viu.

-A garotinha fofa? - Caminha até a cadeira do escritório, se jogando no assento para me lançar outro de seus sorrisinhos.

-Preciso que esqueça isso.

-Esquecer por quê?

-Por que você esquecer é a garantia de que não comentará sobre ela com ninguém.

-Há algum motivo para isso?

-Eu não preciso te justificar.

-É claro que precisa, eu não esqueço as coisas de graça. - Brinca com o fone entre os dedos, não posso acreditar que esse idiota está tentando negociar comigo - Se quiser posso perguntar a um dos caras porque Hope deve ser esquecida.

-Você não faria isso.

-Tem razão, eu não faria. Entretanto, eu preciso de respostas e não vou ser mantido no escuro como uma criança, já basta toda a coisa de babás. Vamos considerar como nosso segredinho.

-Hope não é um segredinho, ela é...

-Esquecida? - Sugere com um sorriso levado e preciso controlar a vontade de mostrar-lhe meu dedo.

-Minha irmã. Hope é minha irmã e não expor ela dessa maneira para não piorar as coisas.

-Eu não sabia que você tem uma irmã.

-Eu não falo sobre ela. - Me obrigo a conter o bolo desconfortável em minha garganta - Preciso que mantenha isso entre nós.

Vince se balança de um lado para o outro na cadeira giratória, analisando-me com seus olhos cinzentos e mexas rebeldes de cabelo escuro sobre o rosto. Ele sempre foi um cara bonito, mas desde a sua recuperação e exercícios com Drew, ele ganhou massa muscular e as tatuagens parecem saltar de seu braço direito desaparecendo pelas roupas até retornarem na perna exposta pela bermuda. É impossível conter a curiosidade pelos desenhos e imaginar até onde eles vão, mas esse não é o tipo de pensamento adequado para o momento, Abigail. Mantenha seu foco, soldado.

-Você é bem misteriosa, Abby. Eu gosto disso, me intriga.

-Não há mistério nenhum, apenas uma irmã preocupada cuidado de sua caçula. Não foi isso que você estava tentando fazer enquanto fuzilava Logan com o olhar no jantar de casamento?

-Você tem um ponto. - Dá de ombros, encostando-se de volta na cadeira - Tudo bem, Hope será mantida entre nós dois, mas tenho uma condição.

-Qual?

-Quero falar com ela outra vez. Hope pode ser um segredo para o resto da família, mas eu gostei dela e quero ter uma conversa decente.

-Ela tem suas limitações.

-Eu sei, mesmo apodrecido pelos vícios tive minhas visitas aos hospitais, esqueceu boneca? Sei que está preocupada, mas não há necessidade, eu só quero conversar.

Olho para esse homem, o guitarrista talentoso para a indústria, o artista maluco para a imprensa, um grande nome da música para os fãs e um filho amado para Angela Hutton. Antes da confusão com meu pai, via como Hope dançava pela casa com tanta alegria as músicas da banda, os pôsteres em seu quarto, as camisetas, canecas e tudo o que há com o rosto desses quatro. Meu maior incentivo para me candidatar a vaga de trabalho.

Enviei coisas exclusivas para a minha irmã tentando fazê-la feliz e agora um deles quer falar com ela. O brilho nos olhos de Hope quando Vince invadiu a vídeo chamada e começou a falar com ela encheu meu peito, como uma compensação depois de tantos anos trabalhando incansavelmente.

-Tudo bem, mas eu só tenho permissão para falar com ela aos domingos.

-Você tem um dia específico para falar com a sua irmã?

-Eu disse que era complicado. - Forço um sorriso, não muito confortável com o assunto - É pegar ou largar.

-Sem problema. Diga-me a hora e o lugar que eu estarei lá.

-Certo. - Resgato o tablet no sofá e me dirijo para a porta.

-Abby?

-Sim? - Obrigo meus pés a pararem antes de sair e voltar a me afogar no trabalho.

-Eu sei como é lidar com lembranças incômodas. Posso não ser a melhor pessoa para isso, mas se precisar de alguém eu estou aqui para escutar.

-Obrigada, Vince.

O Guitarrista - A5 livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora