Capítulo 13

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VINCE HUTTON

-Vamos lá, doçura. Eu prometo comprar sorvete.

-Você não deveria jogar esse tipo de chantagem para uma grávida, Vince.

-Eu não sei.

-Sorvete de cookies e creme.

-Promete que vai se comportar? - Sua voz é desconfiada e não posso deixar de sorrir.

-Eu sempre me comporto e Ben está como minha babá hoje. - Estendo o celular na direção do nosso chefe de segurança para que Lexy consiga ouvi-lo - Certo, Ben?

-Estou aqui, senhora Aubry.

-Ouviu? - Coloco o celular em meu ouvido outra vez, um grande sorriso em meu rosto - Eu serei um bom garoto.

-Você é o Problem Boy. - Ela resmunga, parecendo contrariada.

-Cookies e creme. - Cantarolo e quando ouço seu suspiro eu sei que ganhei.

-Vou te mandar o endereço por mensagem.

-Quando nos vermos amanhã, você será recebida com muitos copos de sorvete.

-Você joga muito baixo.

-Eu também gosto de você, Lexy.

-Tome cuidado.

-Pode deixar. - Desligamos a ligação e espero pacientemente até receber o endereço para mostrar a Ben.

Não que eu esteja me precipitando demais, longe disso, mas quando Abby evitou a Fiveland por todo o dia eu não vi outra solução. Como descobrir os mistérios de uma pessoa se ela foge de você? Porra, eu estou interessado nela, não idiota de negar e sei que ela está em mim também, aquele beijo na cozinha não foi um fodido sonho olhado de adolescente, foi muito real e eu quero outro.

Para benefício da minha impaciência, o apartamento de Abby não ficava tão longe da região em que eu estava. Encaro seu presente em meu colo no banco traseiro e quando foco para frente outra vez encontro Ben me analisando pelo espelho.

-Acha que ela gostará, Ben?

-Não sei responder, senhor. Abby não se abre muito para a equipe, apesar de ser simpática e amigável com todos.

-Espero que dê certo, não posso admitir que Ethan tenha um presente melhor que o meu.

-É uma competição, senhor?

-Não, mas estou chateado que Ethan saiba sobre detalhes que eu não tenho ideia.

-O senhor não esteve bem até pouco tempo atrás, não deveria se cobrar tanto.

-As coisas são diferentes agora, Ben. - Olho mais uma vez para o presente - Espero que a agrade.

O restante do caminho seguiu em silêncio, não havia nada de interessante na internet também então me obriguei a apreciar a vista da cidade passando rapidamente pela janela até entrarmos em uma rua mais estreita com muitos prédios, nada extravagante, mas não tão singelo também. Parte de mim se sentiu muito bem sabendo que Abby recebia uma quantia decente por seu trabalho maluco e desregrado. Seria uma merda encontrá-la em um prédio decadente considerando o quanto ela trabalhava.

-Devo esperar, senhor?

-Adiantaria que eu o dispensasse? - Arqueio uma sobrancelha para o homem. Não sou um idiota, sei que ele está encarregado de me vigiar enquanto não há nenhum membro da família por perto e não encontram uma babá para mim.

-Estarei no carro.

-Claro. - Resmungo, retirando meu telefone do bolso. Confiro o número do apartamento e entro do prédio, não há porteiro como nos prédios mais sofisticados da cidade, mas o hall de entrada não deixa a desejar. É tudo muito limpo e organizado por aqui.

Dois lances de escadas depois estou batendo à porta, guardando o telefone no bolso depois de conferir mais uma vez se era o apartamento certo e escondendo o presente em minhas costas. Escuto suas passadas aproximando-se e quando Abby surge diante de mim eu esqueço o que queria falar. Puta merda, ela é linda.

Seus cabelos negros estão soltos e até a altura da cintura, uma blusa regata colada e um shorts de pijama não deixam muito de seu corpo para a imaginação e abençoadas sejam essas roupas por isso. Há um óculos empoleirado em seu nariz e mais uma vez me pergunto porque ela se esconde em roupas sociais e coques apertados.

-Vince, o que faz aqui?

-Você fugiu de mim. - Acuso, meus olhos flexionando para ela. Não foi exatamente assim que eu havia planejando, mas já comecei então é melhor seguir o roteiro.

-Tive compromissos fora hoje. - Abby cruza os braços e me dá um sorriso debochado e contido, não fugindo de seu profissionalismo, mas definitivamente zombando de mim - Você pode não acreditar, mas o mundo não gira ao seu redor.

Ela inclina levemente a cabeça para o lado e seus cabelos seguem o movimento, os fios escuros e brilhantes. Não posso acreditar que ela ousa esconder uma visão dessa.

-Ah, porra, eu amo o seu cabelo solto. - Sem a minha permissão consciente meus olhos escorregam por todo o seu corpo - E com todo o respeito, você tem um corpo do caralho.

-O que faz aqui?

-É seu aniversário e por mais que tenha fugido de todos hoje... - Retiro o filhotinho de cachorro com um enorme laço vermelho de minhas costas, estendendo para ela - Eu trouxe o seu presente.

A máscara treinada de profissionalismo cai e surpresa domina seu rosto. Abby estende os braços com cuidado e retira o filhotinho preto e branco de minhas mãos, o embalando na dobra o braço como se fosse um bebê.

-Oh, meu Deus. - Acaricia seus belos, dando-me um olhar deslumbrado - Ele é tão lindo.

-Ainda não tem um nome e de acordo com o veterinário você só precisa alimentá-lo amanhã pela manhã. Paguei pelas primeiras vacinas, mas é bom que evite passeios com ele ao ar livre pelas próximas duas semanas.

-Eu... Ele é lindo, mas não posso ficar com ele. - Seu olhar é de pesar e mesmo que esteja pronunciando essas palavras, sua mão não para de acariciar o pequeno animal - Eu passo pouco tempo em casa, não teria como cuidar dele.

-Você trabalha demais e pode levá-lo com você para a minha casa, garanto que ninguém reclamaria e provavelmente ficariam encantados com ele.

Abby parece ponderar a oferta, seus olhos brilhando quando olha para o cachorrinho, até que ela acena e abre um sorriso agradecido.

-Obrigada, ele é lindo.

-Você disse que tem alergia a gatos. - Dei de ombros - Um cachorrinho pareceu uma boa opção.

Abby sorri, um sorriso contido, quase tímido. Seus olhos me estudam por trás das lentes um momento antes que ela dê um passo para trás e para lado, abrindo passagem.

-Quer entrar?

-Obrigado. - Entro em seu apartamento, não é exagerado ou pequeno demais, parece um tamanho excelente para uma pessoa tão organizada como ela.

Abby fecha a porta e caminha para a sala, eu vou atrás como o convidado perdido que sou. Me surpreendendo mais uma vez, ela se senta no tapete e não no sofá, colocando a pequena bolinha de pelos em suas pernas. Sento ao seu lado, sem saber ao certo o que fazer agora.

-Vou chamá-lo de Zeus. - Olha para mim e sorri - Como na mitologia grega.

-É um bom nome. O único cachorro com o qual convivi se chamava Spirkie e era do Jake, tínhamos dez anos quando ele morreu e Jake chorou por uma semana.

-Sinto muito por isso.

-Ele já superou, eu acho. Ele é sempre muito emocional então é difícil dizer. - Sorrimos um para o outro. Quem diria que falar mal do meu primo me faria receber um sorriso - Então, quando a sua história com aniversários?

O Guitarrista - A5 livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora