Capítulo 18

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ABBY HAWLEY

-Temos que esperar. - Lexy declarara, recostando-se na cadeira acolchoada ao meu lado, acariciando sua barriga. Notei há um tempo que ela faz isso sempre que sente sua filha se mexer e uma parte de mim, uma que costumo deixar muito bem escondida, não para de se perguntar como deve ser a sensação - Será como um efeito dominó, só precisamos que um deles ceda as investidas e nos conte quem é o informante, os outros seguirão o exemplo com medo de serem processados.

-E como está indo a investigação? - Big G pergunta, seu rosto sério e gordo centrado em Lexy e eu pela tela. Não foram poucas as vezes em que, no auge da minha raiva, comparei o empresário da banda a um buldogue.

-Bem, eu diria. - Giro a caneta entre meus dedos, precisando controlar a inquietação que se apossou de mim desde que expulsei Vince do escritório - Estamos atrás de informações por meses, desde aquela matéria estúpida sobre Jake e Lexy, estamos oferecendo favores e dinheiro, alguém cederá.

-Tudo bem, vocês estão fazendo um ótimo trabalho. Preciso ir agora, tenho uma reunião com os advogados para saber as possibilidades de processo. Podemos não acabar com esses sites sensacionalistas na justiça, mas esse informante será destruído.

Como de costume, Big G não esperou por uma despedida adequada, apenas desligou em nossa cara.  Recostei-me em minha cadeira suspirando, preciso pensar em uma nova e grande oferta e quem - entre todos os tabloides sensacionalistas - é o elo mais fraco para ceder à investida. Pense, Abby. Pense.

-Você percebeu que ele nos elogiou? - Lexy pergunta, tirando-me do meu momento de autocobrança.

-O que?

-Ele disse que estamos fazendo um ótimo trabalho.

-Ainda é cedo. - Abaixo-me para pegar Zeus em sua caminha, deixando-o em meu colo para que pudesse acariciar seus pelos - Ele não deve estar totalmente desperto, espere mais algumas horas e ele voltará a ser o tirano de sempre.

-Certo. - Sua voz é incerta mesmo para os meus ouvidos. Olho para Lexy, encontrando seu olhar revezando entre Zeus e eu enquanto ela mordisca os lábios parecendo um tanto incerta - Eu não quero invadir a privacidade, mas a curiosidade me obriga a perguntar. Qual a história dessa coisinha fofa?

-Foi um presente de aniversário.

-Da sua família? -Insiste. Eu sei que Lexy gostaria de proximidade maior entre nós, somos colegas de trabalho e passamos muito tempo juntas, mas não costumo compartilhar informações sobre minha vida pessoal com as pessoas e por mais estranho que seja, de alguma forma, Lexy é a amiga mais próxima que eu tenho... E ela não sabe praticamente nada sobre mim.

-De um amigo.

-Hm, okay. - Outra pausa inquieta. Parte de mim gostaria de ser como Lexy, fofa e atenciosa, uma garota legal que merece um namorado como Jake, alguém que faria de tudo por ela - Você leu o bilhete que Eth deixou com seus bombons? Ele queria que fosse perfeito.

-Eu li. - Sorrio, esticando-me sobre a mesa para pegar o papel dobrado, entregando em suas mãos para que ela mesma pudesse ver - Diz aí que os chocolates são para que eu aproveite e enquanto estiver comendo lembrar o quanto Ethan é maravilhoso e um ótimo amigo.

-Eu não esperaria menos dele. - Rimos juntas. É difícil de assumir, mas a atmosfera da casa mudou, como se esse grupo não fosse o mesmo se todos não estivessem presentes. É como se esses quatro fossem estranhamente conectados de alguma forma e para fazer a sua mágica precisasse estar reunido.

Eu sei que não deveria ter agido daquela forma com Vincent, especialmente quando ele queria conversar. Essa é a parte complicada da vida adulta em que você é obrigado a lidar com ass consequências de suas ações, não dá para ignorar até a merda explodir como se faz na adolescência e não há pessoas para resolver por você como na infância. A vida adulta se resume a você sendo obrigado a lidar com suas responsabilidades e ações, quer você queira ou não.

O problema é que eu não sei lidar com romance. Não sou uma boa garota para ser o interesse amoroso de ninguém, qualquer pequeno vislumbre de que pode haver algo mais me desespera e fujo como uma bela covarde. Não que seja um problema atual, sendo sincera de verdade, sempre tive medo de relacionamentos. A ideia de confiar seus sentimentos a uma pessoa e esperar que ela não os esmague é demais para mim.

-Lexy, como você consegue?

-Consigo o que?

-Estar com Jake, aguentar Big G, a mídia em cima de vocês. Você teve descanso no começo do relacionamento e não terá depois de ter sua filha. Como pode ainda estar aqui?

-Com muito apoio do próprio Jake. Eu nunca fui a pessoa que estava sob o holofotes, eu me sentia bem nas sombras, não tenho redes sociais porque me incomoda a ideia de tantas pessoas estranhas podendo conhecer minha vida. Eu não gosto de me expor, mas eu amo Jake Hutton e para um relacionamento dar certo são precisos alguns sacrifícios. Ele se esforça para manter a mim e nossa filha longe do assédio e eu me esforço para compreender seu lado. Jake escolheu ser uma estrela do rock. - Acaricia sua barriga outra vez, enviando uma pequena pontada de inveja ao meu coração - Mas nós não e nos esforçamos muito para encontrar um meio-termo.

-Eu não sei se conseguiria suportar uma vida assim.

-É importante lembrar que antes de serem a A5, esses homens são como uma família, eles se amam e se protegem acima de tudo. Ao menos comigo, é mais importante ter Jacob Hutton, o homem romântico e atencioso ao meu lado que focar apenas em Jake, o vocalista famoso.

-Então não se arrepende de nada?

-Nada é muita coisa. Temos os nossos desentendimentos como qualquer outro casal, mas a vontade de fazer o relacionamento dar certo é maior.

-E agora você está grávida dele.

-Eu não me arrependo da minha escolha, porque sei que mesmo se nosso relacionamento não der certo, Jake será um pai presente e maravilhoso para nossa filha. Eu confio nele e sei que dará o seu melhor em nossa pequena família.

O Guitarrista - A5 livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora