O Guitarrista - A5 livro 4

Capítulo 12

Aviso rápido: Eu mudei os personagens de Eth e do Drew em seus respectivos livros, pq finalmente encontrei modelos mais parecidos com o que eu tenho na cabeça. Quem quiser voltar depois para conferir, fiquem à vontade!

Ps. Eu postaria amanhã, mas esse fim de semana eu to muito atarefada, então achei melhor adiantar o que eu puder hoje <3

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ABBY HAWLEY

Estou com os dedos acariciando seus cabelos, suas mãos estão na minha bunda, minha língua está na sua boca e... Pelos deuses, o que foi isso? Um gemido? Meu gemido? Puta merda, eu estou beijando Vince Hutton nesse momento. Não, beijando não, estamos praticamente nos comendo com roupas. Abigail, o que você está fazendo com sua vida?

-Drew? Jake? - A voz de Gabriela chamando da sala é o impulso que eu preciso para me afastar. Oh, minha nossa, onde está o ar dessa maldita cozinha? - Vince?

-Porra. - Vince fala ofegante, seus olhos cinzentos me olhando como se tivesse acabado de encontrar algo que o interessasse demais. Não, porra, não pode ser eu.

-Isso nunca aconteceu. - Respondo tentando controlar minha respiração, sem muito sucesso.

-Lexy? Abby? - Gabis continua a chamar, sua voz ficando mais alta à medida que ela se aproxima da cozinha.

-O caralho que não aconteceu, Abby. - Fala rosnando para mim, suas pupilas dilatadas e uma bela de uma ereção ameaçando o zíper de sua calça.

-Você é meu chefe! - Acuso em um sussurro.

-Vocês estão aí! - Gabis entra na cozinha, um grande sorriso no rosto e duas caixas de rosquinhas nos braços - Trouxe comida, Drew disse que estava desesperado por rosquinhas e comprei quando saí do trabalho.

-Eles estão no estúdio lá em baixo Gabis. - Engulo em seco, sem quebrar o contato visual com Vince - Vocês podem descer na frente, eu preciso verificar umas coisas no escritório antes de ir.

-Tudo bem por aqui? - Sua voz soa genuinamente preocupada e sei que ela está tentando entender o que está acontecendo aqui, mesmo que eu ainda esteja focada nesse homem, posso sentir os olhos dela sobre nós.

-Tudo ótimo. - Vince responde com a mandíbula tensa, sua voz não é mais que um grunhido - Abby e eu estávamos conversando sobre a agenda da semana.

-Exatamente e eu preciso terminar de verificá-la.

Antes que qualquer um dos dois faça um movimento, corro com meus saltos escadaria acima. Anos correndo nessas belezuras por toda Los Angeles me fez desenvolver uma habilidade impressionante, não que os quatro anos na faculdade militar não tenham me preparado para os mais diversos cenários - saltos são um obstáculo a parte do universo feminino.

Invadindo o escritório como um furacão, não esqueci de trancar a porta para evitar que Vince venha atrás de mim. Ai caralho, isso não deveria ter acontecido. Sigo para o banheiro adjacente, apenas para me assustar com o que vejo no espelho. Meu coque está uma bagunça frouxa, meus lábios estão avermelhados e inchados com aquela quase pornografia na cozinha. Minha roupa está desalinhada e minha aparência é quase um pós-foda e nem chegamos a abrir qualquer botão de roupa.

Anos lutando para provar que sou uma pessoa madura e responsável, que posso me manter nesse trabalho com meu esforço e dedicação só para estragar tudo beijando um dos meus chefes. Que caralho, onde está todo o meu autocontrole? Uma vida vivendo sob o mesmo teto que meu pai e ainda o período de faculdade não foram o suficientes para ensinar a como se controlar, Abigail? Você quer estragar tudo, porra?

Se isso acabar mal não apenas perderei o emprego dos sonhos - não o mais tradicional do mundo, convenhamos, mas ainda assim é ótimo - e de brinde posso perder contato com Hope de uma vez por todas. Foi tão difícil conseguir essa videochamada aos domingos e ter isso cortado também... Não acho que poderei suportar. Não que eu seja uma pessoa muito emotiva, mas quando se passa toda uma vida sob criação militar, se esforçando ao máximo para agradar seu pai e estamos sempre frustrada por nunca conseguir, você aprende a mascarar suas emoções. As pessoas não precisam saber que você se sente um fracasso, você pode chorar no chuveiro enquanto o barulho da água disfarça seus soluços.

Algumas coisas... Complicadas aconteceram para levar meu pai ao estopim, desistir da carreira militar e anunciar que eu havia me candidatado para uma vaga na equipe da A5 estabeleceram o limite. Uma coisa era permitir que Hope dançava e risse pela casa para vê-la feliz, outra bem diferente era ver a filha de um militar trabalhar com um grupo de homens drogados, tatuados e sem-futuro corrompendo a imagem de família perfeita que por anos foi pintada para toda a cidade. Não importava que eles sejam uma banda mundialmente reconhecida, com muito dinheiro, investimentos e prêmios. Meu pai os vê como bandidos ricos e tatuados corrompendo as atuais gerações.

Não que eu sofra pelo nosso distanciamento. Sempre tivemos um relacionamento tenso e conturbado, brigas esporádicas, desentendimentos constantes e seu narcisismo que o torna hábil a distorcer toda a situação para que ele seja considerado a vítima da história, apenas um bom soldado que por anos ofereceu sua vida servindo ao país sendo desrespeitado por sua filha rebelde e ingrata.

Pior ainda era conviver com minha mãe sempre reclamando pelos cantos, em suas brigas de casal ela amanhecia decidida a ir embora mas nunca passou de dormidas ocasionais no sofá antes que ela voltasse a dormir no quarto e fingia que aquela situação de merda não estava acontecendo. Eu a amo, ela é minha mãe depois de tudo, mas não suportei mais. Minha decisão de não voltar foi durante mais uma discussão com meu pai e ele levantou a mão para mim, avançando na minha direção, antes que ele pudesse golpear de fato minha mãe se colocou entre nós e brigou comigo dizendo eu devia respeito a ele por seu meu pai.

Bem, deixe-me contar uma coisa: Doar esperma não significa que seja um pai. Morávamos na mesma casa e ele nunca me perguntou como eu estava, como havido sido meu dia ou o que eu andava fazendo. Por isso economizei o que pude para pagá-lo anualmente pelas despesas da faculdade, felizmente meu salário é muito generoso para a média do mercado de trabalho e consegui quitar essa dívida com meu pai no final do ano passado. Estou livre agora, nada mais me prende a ele. Exceto Hope.