Capítulo 4

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VINCE HUTTON

-Não precisa ficar como meu guarda-costas, eu não vou fazer besteira.

-Eu sei que não vai, mas você parece meio sozinho.

-Não estou sozinho. - Olho para a pequena criatura insolente ao meu lado, mesmo que o salto a deixe mais alta, Abby é realmente pequena e nunca reparei nisso antes - Espera, você sabe que não vou fazer besteira?

-Sei. - Responde simplesmente, como se estivéssemos falando sobre o clima.

-Como assim você sabe?

-Sabendo, por que está perguntando tanto?

-Porque você está insinuando que não me acha um completo desserviço.

-Nunca disse que você é um desserviço, Vincent.

-Não seria a primeira pessoa. - Dou de ombros, voltando meu olhar para Logan e Sophia aos risos do outro lado do salão. Jake e Lexy voltaram para o quarto há algum tempo, Drew está acabando com a comida da mesa enquanto Gabis conversa com Skyler e o marido, tia A está interagindo com os dois pares de pais da Maggie, os noivos provavelmente estão consumando seu casamento em algum lugar por aí e meu olhar insiste em voltar para Logan e Soph.

-Talvez você queira melhorar essa expressão, está olhando para Logan como se quisesse assassiná-lo.

-Por que não busca uma bebida, Abby?

-Estou trabalho.

-Você está aqui como convidada, não como funcionária.

-Estou trabalhando, Vincent. Preciso garantir que nenhum de vocês faça uma grande besteira.

-Então sua fé em mim não é tão grande quanto eu achei. Não que eu possa culpá-la, sei que não sou uma pessoa confiável.

-Não a esse tipo de besteira que estou me referindo.

-Então qual?

-Eu preciso mesmo explicar o meu trabalho? Você deveria saber, já que paga o meu salário.

-Eu não pago o seu salário sozinho, há outros três que também pagam e se estou perguntando é porque quero que continue falando, você não é do tipo que fala muito.

-Não há muito para falar e só estou aqui porque foi triste aos meus olhos te ver isolado no canto.

-Estou bem. - Bebo mais um gole do meu refrigerante, não me dando ao trabalho de disfarçar meu riso - Você ficou com pena de mim.

-Eu não disse isso.

-Foi exatamente o que você disse, mas não se preocupe meu ego pode sobreviver a esse golpe.

-Você é patético.

-Mais um belíssimo elogio para a lista, muito obrigado. Agora diga-me Abby, qual a sua coisa?

-A minha coisa?

-Sim, sua história. Para mim você só apareceu um dia aqui e começou a mandar na gente.

Não, não foi um surto coletivo, Abigail Hawley realmente abriu um sorriso. Um pequeno, mas foi um sorriso e porra se meu peito não aqueceu um egoísmo do caralho por saber que eu consegui tirar esse sorriso dela. Nossa General, a mulher que não esboça nada além de raiva ocasional, sorriu de alguma besteira que eu falei. Isso é foda, porra!

-Vocês estavam perto de me demitir. Você mesmo era o que mais me mandava embora.

-Eu fiz isso?

-Muitas vezes. - Dá de ombros com indiferença, mas não precisa ser um gênio para saber que isso a magoou - Você costumava ter alguns surtos, quebrava coisas e gritava dizendo que me queria fora dali e que não toleraria ninguém controlando a sua vida.

-Merda, fui um filho da puta. Me desculpe.

-Não se preocupe, você não estava muito consciente de qualquer maneira.

-Ainda sim, não foi certo. Eu não deveria ter tido nada daquilo, me desculpe.

-Está desculpado, o melhor a fazer é esquecer tudo isso. Respondendo a sua pergunta, só consegui ficar porque seus surtos me irritaram a um ponto que explodi e xinguei todos vocês, quando finalmente consegui me acalmar Eth estava aplaudindo, sorrindo e dizendo que eu era a garota e deveria ficar.

-Não lembro de nada disso.

-Você estava caído no sofá abraçando uma Jack Daniels.

A vergonha vem sobre mim como uma avalanche. Saber algumas das histórias de merdas que fiz é humilhante, não por mim, mas por tudo que os caras tiveram que aguentar, todas as vezes que Abby apareceu na delegacia com um corpo de advogados para pagarem fianças caríssimas e tirarem minha bunda de lá, todas as vezes que tia A assistiu na televisão as reportagens sobre meus problemas, as fotos em que eu estava transtornado, violento, suado e com os olhos dilatados.

Tia A abriu as portas de sua casa para mim, sustentando um número de pessoas que ela não precisava. Seria mais fácil me devolver para o governo e deixar que me jogasse em alguma casa de adoção até ter idade suficiente para ser jogado na rua e me virar sozinho. Ela não precisava ajudar Ethan e Drew com suas casas de merda, não precisava ter suas economias gastas em instrumentos musicais novos porque via nossa paixão por música. Porra, nem tínhamos condições na época em que fui enviado para morar com eles.

Nem de longe sou forte ou confiável para estar sozinho agora, não quando minha recuperação não tem mais que alguns meses, mas o medo de desapontar tia A outra vez é grande demais. Vi essa mulher trabalhar por anos para manter a todos nós, dar o melhor que podia para Eth, Drew e eu que nem somos seus filhos de verdade. É por isso que não posso falhar, não posso cair de novo, não posso preocupar tia A outra vez.

Não importa o quanto eu trabalhe ou o quanto eu ganhe, parece que nunca será o suficiente para compensá-la por tudo. Sou o sobrinho de seu falecido marido, nós nem temos ligação sanguínea, mas ela me abraçou e cuidou de mim como fazia com Jake, Skyler e Sophia. Olho para a pequena mulher sorridente distraída na conversa com os dois casais. Errei tanto que ela precisou deixar sua casa e atravessar o país para saber porque eu estava me matando com vícios.

Quando encontrei tia A na minha casa, naquela manhã que acordei com a cabeça latejando por mais uma ressaca forte, eu quebrei ao meio. Seu olhar assustado para o meu estado só serviu para mostrar o quanto eu havia a magoado e me afundado em tudo. Não sobrevivi a anos de violência doméstica, vendo meu pai espancar minha mãe, para magoar a única pessoa que me amou de verdade.

-Acho melhor eu ir para o meu quarto. Até amanhã, Abby.

O Guitarrista - A5 livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora