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É angustiante dia após dia no presídio, a cada dia que passa estar presa tem tirado a alegria de viver de Regina. Aos poucos a vida que era cheia de sonhos e cor, vai se misturando com a angústia e as cores cinzentas dos pavilhões.

Com o tempo Regina vai se adaptando com a rotina, com a comida, com a cama, com os horários e até mesmo com as brigas, mas a única coisa que Regina Mills não conseguia se acostumar de jeito algum, era a saudade que ela tinha  de Emma Swan.

Todos os dias ela pensava na loira. 

As cartas que Emma enviava se amontoavam em caixas e mais caixas, mas ao longo dos meses e anos que passavam elas foram se tornando menos constantes.

De primeira ela enviava carta toda semana, pedindo para ver ela, contando da gravidez e de como estava sendo os dias do lado de fora, inclusive os ultrassons que acompanhavam as cartas foram se tornando fotos, e mais fotos de um lindo garotinho que para o desprazer de Regina se chamava Henry Swan Mills, não pelo pai de Regina mais sim por um primo muito querido de Emma que havia falecido alguns dias antes dele nascer.

Com o tempo os envios das cartas foram diminuindo, até chegar a semana que Emma não enviou  mais nada, ficou meses sem se quer enviar uma foto do filho. Até que um dia. Durante uma visita de Zelena, quando foram se despedir a irmã colocou um envelope sob a mesa. Regina conhecia bem a letra.

— Achei que ela não ia mais escrever.

— De fato não vai mais, esta é a última. Por isso ela pediu que eu te entregasse  pessoalmente. E de verdade eu acho até que demorou.

— Zelena, você não entende...

— Regina, acho que você que não entende. Ela teve a criança  sem a ajuda e o amor diário da mulher que ela tanto ama. Ela fala de uma mãe que nunca quis receber uma visita do filho. Ela escrevia para você todas as semanas te contando tudo sobre o garoto sem ter nem um oi em troca. Se passaram dez anos, e você não foi solta. Dez anos Regina, não foram dez meses. Dez anos em que ela não saiu com ninguém, não teve olhos pra ninguém,  porque te amou esse tempo todo, porque ela teve a esperança que você mudaria de ideia sobre ver ela e seu filho.

—Zelena eu amo a Emma, e eu sou louca para conhecer meu filho. Mas eu não queria que eles passassem a vergonha de ser revistados toda semana, ainda mais da forma como fazem nesse presídio. Não queria fazer eles passarem por essa humilhação constante.

— Cada um faz a escolha do próprio caminho. Eu não posso escolher por você e nem você por mim. O problema é que algumas escolhas não tem volta. E espero que você não se arrependa das suas. — Zelena apenas abraçou a irmã e se despediu da mesma a deixando com a tal carta.
Regina seguiu pelos corredores até seu cubículo  onde se deitou na cama respirou fundo e abriu a carta.

— Sei que não te escrevo há bastante tempo, acho que me cansei de ter o endereço da penitenciaria como um terapeuta mudo. 
Fiquei cansada de tanto silêncio da sua parte, dez anos se passaram Regina e pelo visto minha ausência nunca te fez falta de fato. Não me lembro nem como é  mais sua voz , guardo na lembrança o seu olhar pois esses me perseguem todas as noites. Mas não é de seus olhos que quero falar... Me desculpa incomodar, mas eu preciso te falar, queira ou não saber, já estou dizendo, me senti muito mal esses anos, desde o dia que fui te encontrar naquela delegacia, 72 horas após nosso casamento.
Você praticamente disse que faria tudo para me afastar de você, e eu idiota senti um peso, uma crise de ansiedade, não sei nem se consigo te explicar. Mas eu preciso por pra fora de algum jeito pois isso tudo me sufoca e está virando um câncer dentro de mim, me corroendo dia após dia. A dor durante esses anos se tornou tão grande que eu sentia como se eu fosse morrer...
Mas não morri, porque tenho nossos filhos pra cuidar. E sim são nossos, apenas por efeito legal. Porque você nunca foi mãe para eles. Henry vai fazer dez anos. E a Alice  tem dezessete, adotei ela legalmente há um ano. E você não ficou sabendo disso, porque você não fez questão de estar presente, mesmo que por cartas, eu apenas tenho meia duzia de fotos suas espalhadas pela casa, se tornando uma completa desconhecia pra eles que só te conhecem de uma historia distante que conto a eles. E sabe de mais eu me formei! Sou médica! E eu tenho me negado a viver todos esses anos por alguém que não liga pra mim e meus filhos, eu cansei de me sentir mal, eu conheço meus limites, conheço os limites do meu corpo, e eu realmente cansei.
Eu cheguei a sentir vontade de me matar e acredite a sensação é  horrível. O pior disso tudo é o que eu sinto por você, pois isso não tem cura, e eu juro, eu não queria sentir mais nada por você brigo com meus sentimentos todos os dias, porque eu não aguento mais, eu não tenho mais psicológico pra passar isso, eu não mereço isso, eu sinto muito, mas não quero mais sentir nada, você me magoou Regina, me quebrou em mil pedaços  que eu não quero mais tentar colar, desculpa, mas tenho tanta raiva dentro de mim que está me corroendo, e eu só consigo sentir vontade de enterrar você o mais fundo possivel dentro de mim e nunca mais tirar você de lá, estou triste, mas isso não é nada do qual eu já tenha passado antes. Uma hora passa e se não passar, eu finjo que passou, como faço a anos, mas eu cansei Regina eu cansei, eu tenho que dar um fim nisso,  de alguma forma, mesmo que pra isso eu tenha que me magoar ou magoar você...
Uma hora passa, tem que passar! Porque isso tem me matando aos poucos. Mas sabe acho que o fim de um relacionamento é sempre difícil, a saudade das coisas mais banais fazem parecer que seu mundo acabou, se bem que nem sei se o que tivemos da pra chamar de relacionamento. Mas  a vida continua e um dia a dor passa, é só você querer, pode demorar um dia, uma semana, um mês, um ano. Mas um dia passa. Algumas coisas nunca vão dar certo, certas pessoas não nasceram pra ficar juntas, e se colocássemos isso na cabeça nos poupariamos de sofrer, de muitas lágrimas e borboletas mortas no estômago. Mas eu sou idiota e acreditei nesse maldito conto de fadas que só aconteceu na minha cabeça. Eu achei que dava para amar por duas, mas isso foi idiotice. Amor mendigado é sofrimento dobrado. É tristeza,é agonia, é solidão, e issso não vale a pena, não vale o esforço, não vale o tempo desperdiçado, e eu aprendi isso da pior forma. Aprendi isso sozinha aqui fora,   durante dez anos amando uma mulher que nem se quer se deu ao teabalho de me responder uma única carta. Nossos filhos te amam, amam a mãe que eu disse que voce é, amam a pessoa que eu disse que você  é,  mas no fundo acho que nem te conheço.  E sabe eu acho que nos podemos  escolher por quem vamos nos apaixonar, e por quem vamos sofrer, e também podemos escolher quando parar e dar fim em uma dor, e pra mim essa hora chegou Regina. E espero que como fez durante todos esses anos nem se de ao trabalho de me responder apenas assine os papéis. E quanto as crianças, assim que estiver em liberdade vai poder ver eles sem problemas. Espero que fique bem.—Regina de certa forma esperava por aquele momento, era óbvio que em algum momento Emma ia se cansar daquilo, ela olhou os papéis do divórcio e começou a chorar, parecia que seu coração estava destroçado naquele minuto. Ela mal sabia como reagir agora. Ficou ali totalmente paralisada.

A MAFIOSAOnde histórias criam vida. Descubra agora