Coração Alado

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A gaiola está ao redor

As grades atrofiam as asas

A treva torna-se algoz

Os sonhos voam com as brasas

O céu chama

As correntes ardem

A dor inflama

Pelas alegrias que se partem

A visão existe

Mas na escuridão de nada vale

A angústia persiste

Não há o que a cale

A voz aos poucos morre

Os cânticos morrem na penumbra

De um pesadelo que dos olhos escorre

E alegre passeia pelas tumbas

Ali jaz um coração alado

Selvagem e recluso

Amante de um paraíso imaginado

Alheio pelos seres obtusos

Infames gargalhadas

Ócio constante

Chicoteiam as asas atrofiadas

Cortando as penas restantes

Orem pelo espírito decadente

Com a alma partida

Torcendo os dedos na gaiola fundida

Em metal incandescente

Que os rapsodos cantem o martírio

De um pobre coitado

Que tentou alcançar o onírico

Mas às sombras foi condenado

Pensamentos, Sentimentos e TormentosOnde histórias criam vida. Descubra agora