Miséria Hereditária

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Um manto pesado caiu sobre nós

Baixando o olhar

Ofuscando o horizonte

As ondas no tecido nos dão calafrios

Produzindo um abafado ruído

E apesar dos movimentos

Não sai do lugar

As linhas densas

Entrelaçadas a ponto de sufocar

Não nos permitem ver a luz

Será que ela ainda está lá?

O pó irritante

Protagoniza episódios ignorantes

Gritos... Lágrimas

Algo se perdeu por um instante

Um furo aqui... Outro ali

O que fazer para quebrar a rotina?

O calor vindo do roçar deste grosso véu

Nunca foi tão real

Quanto a monotonia que lancina

E assim vão tecendo os dias

Suspirando em cálida agonia

Sonhando sonhos inocentes

Lamentando pelo caminho dolente

Tentam nos amarrar

Com grandes e fartas tiras

Tentam nos dominar

Nos iludir com doces mentiras

A penumbra está ao redor

Permitindo que sombras dancem para nós

Em meio a este estrupo

Já até perdi a voz

O escuro se atrela

O manto é longo

Os que vierem

(Se vierem)

Terão lugar nessa passarela

Talvez

Seja melhor encurtar o trajeto

Dar a este trapo alguma serventia

Cortá-lo? Picotá-lo?

Desfazê-lo em bandagens?

Talvez assim

Não sobre muito para a próxima linhagem

Pensamentos, Sentimentos e TormentosOnde histórias criam vida. Descubra agora