Penélope

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Eu espero

A areia rolar enfadonha

Eu espero

A lágrima escorrer desta carantonha

Ânsia

Que faz querer regurgitar o coração

Sentimento maldito

Uma vez embutido

Pinta sua paisagem de ilusão

A falsa lembrança

Brota num sorriso de criança

O sonho tentador

Apaga-se no pranto em abundância

O botão já virou flor

O inverno tornou-se primavera

Menos aqui

Onde o frio ainda prospera

E eu espero

Tamborilando na madeira

Eu espero

Me tremendo inteira

O sono não vem

Enquanto o teatro cego se apresenta

Jogo um vintém

Os sentidos não se afugentam

Dor latente

Lancinando tácita

Tristeza presente

Dançando pelos confins da mente

O que mais posso fazer

Senão lentamente enlouquecer?

O que mais posso fazer

Senão aguardar?

Guardar

Segredar

Sem cessar

Aqui...

Eu ainda estou aqui

Pensamentos, Sentimentos e TormentosOnde histórias criam vida. Descubra agora