Purgatório

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Esse vai e vem

Começou de repente

Infectando o ambiente

Ninguém sabe o que tem

Tudo que vai, volta

Puxa, mas não solta

Inverte, entorta

Mas tudo é igual

Se ouvir atrás da porta

Duras paredes

Fazem o sonho morrer

Bifurcadas redes

Isto não é um matagal

Mas parece tudo igual

É só você ver

Esse vai e vem

Avidamente devora

O que outrora

Era brando e pueril

Vai levando embora

A alegria de um alguém

Agora com expressão tão vil

Labirintos

Infinitos

Isto aqui não é bonito

Quem entra, não sai

O que vem, não vai

Mecânico

Trivial

Esse vai e vem

Corrói o bem

Que mal tem?

Mais um dia

A mesma agonia

Um sorriso efêmero

Pobrezinha

Não se engane

Um misto de gêneros

Uma piada infame

Abandonai toda a esperança

A voz da criança

Ainda ressoa

Mas isto ainda tem fome

Ainda atordoa

Oh, vós que entrais

Não perca a parte boa

Tudo que vai, volta

Alimento indigesto

A luta por um ato de afeto

Os pecados se encarando

Na quietude sepulcral

Mas tudo aqui é igual

Todos usam o mesmo dialeto

A dor contínua

O tempo que não existe

O que há de tão triste

Nesta ciranda tão fria?

Esse vai e vem

Vai levando as horas

Gritos da madrugada

Desejos lá de fora

Aquilo que desconhece sua chegada

Vai levando a vida

Abrindo a ferida

Derramando a amargura

Saboreando a doçura

Na inconsistente constância perdida

Pensamentos, Sentimentos e TormentosOnde histórias criam vida. Descubra agora