Obrigada por Nada

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Obrigada pela apatia

E por calar a voz

Quando o algoz

Exercia sobre mim sua covardia

Obrigada pelas restrições

E o medo crescente

Fortaleceram-se as ilusões

E os defeitos permanentes

Obrigada por ser espinho

Quando deveria ser flor

Obrigada por trancar o caminho

Impedir a chegada do amor

Obrigada por não me estender a mão

Me deixando sozinha no escuro

Obrigada pelo amassado pão

E pelo medo do futuro

Obrigada pelos gritos

E pela indiferença

Eu esperava por cantos bonitos

Ouvi maldições vindas da sua crença

Obrigada pelas feridas

A esperança perdida

Que não sei se vou achar

Obrigada pela vida

Que não queria ser vivida

Da qual eu sempre vou me lembrar

Obrigada pelo parasita

Que viva me consome

Aqui dentro ele transita

Até que sacie sua fome

Obrigada por nada

Pois não pedi por nenhum destes presentes

Apenas os recebi

De uma criatura indiferente

Agora eu os carrego comigo

Aonde quer que eu vá

Sempre sonhando com o jazigo

Onde todas estas tralhas

Eu possa abandonar

Pensamentos, Sentimentos e TormentosOnde histórias criam vida. Descubra agora