Capítulo 9- Fontes termais

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Peguei o máximo de velocidade possível na saída. Permaneci o mais inclinada que podia, o Dragon me ajudava a ser rápida e isso me dava vantagem. Chego perto do final da ladeira, viro o skate para freiar.

- Então? - pergunto indo em direção ao mais alto.

- Carla, qual foi meu tempo? - ele pergunta. O pessoal prestava atenção, assim como eu.

- O seu tempo foi de 24 segundos, senhor - respondeu uma voz feminina robótica.

- E qual foi o meu - pergunto impaciente.

- O seu tempo foi de 24 segundos, Six.

Sinceramente, não fiquei satisfeita com esse resultado. Mesmo sendo só uma competição boba, eu tentei ser a mais veloz. Ainda falei para fazermos outra corrida, mas o pessoal não deixou. Langa e Reki se recordaram de umas fontes termais que tinham naquela cidade, mas os mesmos fizeram uma cara ao lembrar de alguma coisa. Miya também pareceu não ter boas lembranças desse passeio.

Bem, uma ida até uma fonte não é má ideia. Voltamos para dentro, e depois de um tempo, já escutava os roncos dos garotos. Pego minhas coisas e saio de fininho. Tinha um mapa, então sabia a rota para as termas. Após uns minutos, já avistei o lugar que tanto procurava.

Não tem ninguém aqui, melhor ainda, posso ficar mais à vontade. Tirei minhas roupas e enrolei uma toalha ao meu corpo, pego minhas vestes e as guardo em uma cesta que tinha lá. Vou no espeço aberto, uma bela piscina de águas naturais ocupava toda a área. Tiro a toalha e entro na água. Estava quente, mas o suficiente para ser relaxante.

Me aconchego, a sensação de descanso pode ser sentida por mim. Essas termas são as melhores que já visitei, por está sozinha me trazia uma ótima tranquilidade. Não estou dizendo que não gosto da companhia dos meus amigos, longe disso, porém ficar a sós de vez em quando não mata ninguém.

Poderia dizer que estava sendo curada, minha mente estava calma. Acho que esses fluidos são um tanto medicinais. Como estou de olhos fechados não pude ver o causador da quebra da minha solidão, mas pude ouvir sua voz se fazendo presente.

- É sério que você tá aqui? - perguntou um tanto aborrecido.

Graças aos céus que ele não poderia me ver nua, a água é um pouco escura, além do local está com um pouco de breu. - Ou você tá me perseguindo? - pergunto no mesmo tom que Cherry.

- Eu não sabia que você veio pra cá. E eu conheço esse lugar a mais tempo - fala se aproximando. Só agora posso notar como ele é definido. Usava apenas uma mini toalha para se cobrir, e que merda! Como alguém que tem esse corpo, usa aquelas roupas da época da minha tataravó?

Ele entra na terma, ficando do outro lado. Ficamos em silêncio, não chegava a ser constrangedor, mas sim estranho. Não queria falar com ele, contudo não aguentava mais ficar naquela situação esquisita.

- Então... faz muito tempo que você anda de skate? - perguntei meio relutante. Não sou a melhor pessoa pra puxar assunto.

- Até que sim, comecei no ensino médio - falou desinteressado.

- Você tem cara de ter sido aqueles adolescentes rebeldes - falei simples, o homem me olhou curioso, prossegui - Você esconde bem o que faz, mostrando que sabe mentir. Provavelmente desenvolveu isso na adolescência, por causa do skate. E você tem marca de furo na orelha, com certeza já usou um monte de piercing.

- Uau - falou impressionado.

- Esqueceu que eu tô cursando psicologia? É normal eu ser observadora.

- Posso fala o meu palpite? - falou se aproximando de onde eu estava.

Fiz um sinal que sim, ele começou. - Filha única, muito individualista. Deve ter sido muito cobrada e tem o skate como fuga da realidade. Manipuladora de certa forma, pelo jeito seus pais não sabem que você ama andar de skate.

- Até que se saiu bem. Poderia facilmente trabalhar como psicólogo.

- Não, deixo isso com você - fez uma careta.

- Você ainda não me contou o porquê de ser calígrafo. E como já me fez essa pergunta, me deve uma - apontei na sua direção.

- Certo. Eu acho interessante o jeito da escrita. Os traços me fazem lembrar do skate na pista. As curvas, os pontos como as manobras. Cada risco pode mudar tudo, assim como o skate. - Falava entusiasmado. Um brilho no seu olhar o fazia ficar mais lindo.

- Acho que temos algo em comum, ambos gostamos de skate e também escondemos quem somos de verdade - falei brincando, o que fez Cherry ri.

Ficamos mais um tempo conversando, nada forçado, bem naturalmente. Ele me contou de suas aventuras, quando conheceu Adam, e o que esse cara já fez. Eu falei do que já fiz, e ele me chamou de "cara de anjo", alegando que só tinha a cara mesmo. Não sabia que Cherry tem esse lado divertido, que poderia rir de piadas. O mesmo ficava absurdamente bonito de cabelo preso, usava um coque desleixado, o que mostrava seu rosto levemente corado pela temperatura da terma.

Diferente de mim. Estava de cabelo solto, o mesmo molhado pelo contato com a água. Porém, também estava com um rubro nas bochechas.

- Aqui tá bom, mas vou sair. Pode pegar minha toalha? - Peço. O rosado estava perto dela.

- Ah... não esqueceu de nada? - pergunta sarcástico.

- Não vou pedir "por favor". É só me entregar a merda da toalha - digo, já perdendo a paciência.

- Que falta de educação. Como alguém consegue ser tão grosseira?!

Se ele acha que vou entrar nesse joguinho de provocação, tá achando errado. Como vai reagir a isso?

- Bem, já que é assim... - falo indo em direção a borda.

Me levantei, saindo de dentro da piscina. Esperava que ele gritasse um "você ficou louca? Gyahhh", todavia nada falou. O olhei de canto de olho, estava com o rosto virado para o lado, e mais corado que antes. Não evitou a vergonha, sai e fui me trocar.

Assim que sai de seu campo de visão, me toquei que fiquei totalmente pelada na sua frente. Enterrei meu rosto entre minhas mãos, que porra que eu fiz? Me vesti rapidamente e fui para casa.

Logo entrei na residência e fui para o quarto. Me deitei no meu futon. Escutei a porta sendo aberta, fiquei imóvel, fingindo tá dormindo. Cherry entrou e foi direto para a sua cama, deitando. As vezes eu passo do limite nas provocações. De qualquer maneira, amanhã voltaríamos, me ajeitei e me concentrei a pegar no sono.

𝐴𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑈𝑚 𝑆𝑘𝑎𝑡𝑒 - 𝑆𝐾8 𝑇ℎ𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑦Onde histórias criam vida. Descubra agora