Capítulo 8- Um dia na praia

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Já tinha um tempo que eu estava lá, para ser mais precisa um mês e dois dias. Minha rotina era quase a mesma coisa todos os dias, tirando o fato da S.

O dinheiro que ganhava no restaurante servia para ajudar meus tios nas despesas e a outra era para minha futura casa de aluguel, a qual já estava procurando. Tinha ótimas opções, mas algumas eram fora do meu orçamento.

Mesmo não sendo verão, hoje é um dos dias mais quentes do ano aqui no Japão. Como é feriado, estávamos no restaurante, os mais novos reclamando do calor incessante que fazia.

— Eu vou morrer. Até vejo a matéria do jornal, "garoto morre derretido pelo grande calor, entenda como aconteceu". — Diz Reki. O ruivo estava quase deitado na mesa, o mesmo se abanava constantemente com a mão.

— Ah... neve... casaco... — soltava umas palavras Langa, sentado, com uma cara que não sabia o que significava.

— Langa tá alucinando de novo — falou Miya.

— Bem que a gente poderia ir numa praia... — pensei alto, porém todos naquele lugar escutaram e se animaram de verdade com a ideia.

Fizeram um alvoroço, Joe fez uma ligação, chamou Shadow e Cherry para fazermos uma viagem. Como o navio só partia de 11:00 horas, ainda tínhamos um tempo para nos organizar para o passeio. Corremos para casa, peguei minha mochila e escolhi o que achei importante. É claro que levei meu skate, não foi fácil esconder ele na bolsa. Miya ficou com a tarefa de convencer meus tios a deixarem ele ir, o que o mesmo não teve nenhuma dificuldade pra isso.

No navio, estávamos conversando baboseiras. Os garotos não paravam de falar, realmente pareciam entusiasmados com aquilo. Logo chegamos, descemos com nossas coisas, eu e Reki nos falamos até o mais alto começar.

— Vamos Six! Bora apostar uma corrida até a casa! — fala já com o skate em mãos.

— Eu também quero! — diz Langa.

— Vocês vão comer poeira — Miya entra na brincadeira.

— Quem perder vai dormir com o Shadow! — digo. Joe e Cherry decidem participar. Antes que o velhote pudesse fazer suas reclamações, já tínhamos dado início a corrida.

Fazendo umas manobras aqui e ali, todos nós mantínhamos a mesma velocidade. Um tempinho depois avistamos uma casa, na qual pertencia ao calígrafo, paramos em frente a entrada e Shadow chega com a van.

— Vocês ainda me pagam, sabem que eu... — e começou a metralhar Reki e Langa com suas reclamações.

— Deixe de ser chato velhote. Traga nossas malas pra dentro — falou meu primo, o qual jogava algo no celular, e ganhou minha atenção.

— Eu não sou velho! E o que eu sou pra você? Um empregado? — disse o cara ruivo, levando as bagagens para dentro.

Entramos no local, não era nada muito luxuoso, embora fosse bem espaçoso. O resto não aparentava surpresa, pelo jeito já tinham visto antes. Como só tinha dois quartos, eu logo quis garantir o meu.

— Okay, eu fico com esse e vocês se virem no outro — falei, pegando minha mochila e indo para o cômodo.

— Nem pensar! Eu vou ficar aí, já que a casa é MINHA — O rosado falou.

— E eu com isso? Eu sou mulher! Não posso dormir no mesmo quarto de um bando de homens — falo e continuo — e se eles roncarem?

— Se vire, sou a favor dos direitos iguais para ambos os gêneros. Então pode ficar à vontade — falou, fazia uma cara de convencido.

— Então deixa eu dormir aí com você — falo tranquila — pois, é melhor que dormir com um monte de homens, sem ofensas — me viro para os rapazes.

— Tá bom... Mas o fulton maior é meu — falou desistindo de brigar.

Entro e vou direto pro banheiro, coloco minha roupa de banho, o mesmo faz os outros. E formos direto ver o mar. O cheiro da maresia invade minhas narinas e como aquela sensação era boa.

Os garotos foram entrar no mar, eu fiquei tomando um sol, o brutamontes do Joe foi cantar algumas moças da praia. Era engraçado ver Shadow cuidando dos mais novos, mesmo ele querendo não aceitar isso, ele parecia um pai tomando conta dos seus filhos problemáticos.

Fiquei com Cherry, já que estava me bronzeando. Todavia, tudo que é bom dura pouco. Escuto uns assobios, tiro o óculos de sol do meu rosto, percebendo duas figuras masculinas na minha frente.

— O que uma gracinha como você tá fazendo por aqui? — um deles pergunta. Era o mais alto, tinha um cabelo cor de prata, seus olhos um verde escuro e era forte.

— Tô cortando grama, não viu? — respondo, faço um sorriso falso.

— Oh, ela tem a língua afiada — o mais baixo diz. Seu cabelo castanho era um pouco longo, e tinha olhos um pouco mais claros que os fios.

O mais alto me analisa, e eu só pude sentir nojo do olhar que ele me lançou. — Parece que vamos ter trabalho para domar essa gatinha.

Quando eu ia o mandar tomar naquele canto, eles olharam alguma coisa. Os dois ficaram brancos, como se tivessem visto um monstro. Eles pediram desculpas e vazaram.

Que coisa estranha. Olhei para trás, e vi Cherry ajeitando os óculos no rosto, será que ele fez algo para os assustar?

Após uns minutos, os meninos me chamam para entrar na água. Fui, e brinquei um pouco com eles, me sentia uma criança.

Eles bolaram um plano e colocaram em prática. Reki pegou os pés de Kaoru, ao mesmo tempo que Langa o pegou pelos braços. Como o homem estava dormindo, nem viu quando eles o carregaram até o mar, mas despertou quando foi jogado na água. O mesmo correu atrás dos garotos pela orla, eu e Miya riamos descontrolados do acontecido.

Voltamos ao anoitecer para casa, fui direto para o banheiro me banhar. Os mais velhos prepararam uma refeição para nós, e acho que fiquei uns quilos mais pesada, por mais que não fosse muito fã de frutos do mar, estava tudo uma delícia.

Vestida com um top e um shorts mais folgado, fiquei a contar histórias de terror para os meninos, os quais prestavam atenção a cada detalhe. Tomaram um susto quando Shadow fez o papel de fantasma. Joe gravou tudo e ficou perturbando os coitadinhos.

Foi então que Miya falou.

— Vocês não tinham apostado uma corrida? — perguntou se referindo a mim e Cherry.

— Realmente... eu tinha esquecido disso — falo e estralo os dedos — que tal corremos agora?

— Não vejo problemas, se prepare para perder — fala me encarando.

— É o que veremos.

A gente se dirigiu até uma estrada mais afastada, a qual não tinha um ser vivo. A competição era simples, quem chegasse até o fim da ladeira mais rápido, ganhava. Eu protestei, afinal é a Carla que vai fazer a contagem do tempo, porém ele garantiu que ela seria imparcial.

Ele ia ser o primeiro, finalmente posso ver ele correndo. Ele subiu e ficou em posição. Logo indo e chegando no final. É a minha vez, me concentrei e fui. 

𝐴𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑈𝑚 𝑆𝑘𝑎𝑡𝑒 - 𝑆𝐾8 𝑇ℎ𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑦Onde histórias criam vida. Descubra agora