Capítulo 22- Tchau

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Quando percebi, já estava de tarde, passei mais tempo naquele lugar do que esperava. Eu meio que dormir um pouco, então estava com fome, já que não almocei. Peguei o celular, vendo milhões de mensagens do pessoal. Respondi a maioria, pelo menos falando aonde eu estava.

Fui até uma máquina que vende alguns sucos, comprando um de morango e me sentando no mesmo banco que estava antes. Só agora percebi que ainda usava a roupa que uso para andar de skate, nem ao menos trocar de roupa eu fiz. Quando terminei de tomar meu suco, os meninos mais novos apareceram.

— Ficou doida? Pensei que tinha morrido — Miya falou.

— Calma, não é pra tanto — falei, rindo um pouco de seu exagero. — Você não estava na casa dos seus pais?

— Não, assim que te entreguei a carta fui para o restaurante do Joe, aproveitei para levar a Carla — explica.

— Então vocês já devem saber o que aconteceu né? — pergunto para os meninos.

— Sim — Reki e Langa responderam.

— Imaginei, Miya é um fofoqueiro mesmo — balancei a mão, rindo um pouco da careta que meu primo fez. — Mas é isso gente, eu provavelmente não tenho mais mãe.

— Mas não se preocupe S/n, minha mãe gosta muito de você e com certeza pode te fazer um bolo — o ruivo fala.

— E qualquer coisa pode contar com a gente — Langa se pronuncia.

— Pode ter certeza que minha casa sempre vai estar ao seu dispor — Miya completa.

— Obrigada garotos — sorri sincera para os mesmos. — Mas acho que posso me virar sozinha, já sou uma adulta afinal. Vem, vamos para o restaurante.

Os puxei para andarem, eles falaram coisas aleatórias que só pude dar risada. Esses garotos eram uns amores comigo, poderia os considerar como irmãos mais novos, na verdade já os via assim, como meus irmãozinhos.

Chegamos no local, como sempre os mais velhos estavam reunidos. Quando cheguei logo fui ganhando atenção dos homens, que se viraram para mim.

— Não deveria está aberto? Vai perder fregueses assim chefinho — brinquei.

— Acho impressionante como não consegue perder uma oportunidade de me zoar — Joe fala.

— Você está bem? — Shadow pergunta.

— Melhor do que imaginei.

— Pelo que Miya nos contou, fico feliz que esteja inteira — Cherry fala.

— É porque você não viu o tapa que eu levei — falo rindo, o rosado não achou graça, ficou com sua cara séria. — Bem, eu sinceramente não sei o que ela vai fazer, minha mãe é bem imprevisível.

— Já sei de onde você puxou então — Joe fala cínico, o respondo mostrando meu dedo do meio.

Por mais que eu estivesse emanando bom humor, ainda estava preocupada por dentro. Eu não gostava de pensar na possibilidade de não falar mais com a minha mãe, ela fez coisas desagradáveis comigo, mas ela ainda é minha mãe.

— Pela sua cara não comeu ainda né? — Joe pergunta, indo para a cozinha.

— Isso, como sabe? — perguntei.

— Essa sua cara feia só pode ser fome — responde de lá.

Ri com seu comentário. Os mais novos também quiseram alguma coisa para comerem, então ficamos conversando e logo depois o brutamontes apareceu com a comida. Após comermos, fiquei conversando com Kaoru, já que ele ficou um pouco preocupado pelo meu sumiço repentino.

Expliquei pra ele a minha história, o mais velho não conseguiu evitar a surpresa. Era de se esperar, ninguém nunca soube disso, nem mesmo o Miya sabe do que aconteceu na minha casa. É aquelas histórias cabeludas que só ficam na sua família.

— Então você só falou? — perguntou.

— Isso. Venho guardando essas coisas faz tempo, fico até aliviada por ter falado sabe.

— Mas não vai perdoa-la?

Demorei um pouco para responder. — Não sei — e não sabia mesmo. Não me agradava a ideia de ficar assim com a minha mãe, porém também não tenho sangue de barata pra esquecer tudo.

— Olha, eu não sou de dar concelhos, mas preste atenção — o rosado respirou fundo — sei que é difícil desculpar alguém que te fez alguma coisa, principalmente quando isso foi uma merda muito grande. Contudo, não vale a pena guardar magoa de ninguém, ainda mais quando essa pessoa é sua mãe. Não precisa manter contato com ela, mas ter um sentimento desses no coração e na mente é pior.

Ele tinha razão, eu sei disso melhor do que ninguém. Sabia que Cherry poderia está falando isso por experiência, já que um de seus amigos no passado fez uma coisa parecida com ele. Talvez isso realmente fosse ajudar, pelo menos um pouco.

— Vou tentar — sorri de lado — quando foi que ficamos assim?

— Assim como? — ele pergunta.

— Tão íntimos para até trocarmos concelhos.

— Sei lá, vai ver foi naquele dia da fonte. E não me venha com essa de "tão íntimos", a gente já teve intimidade maior que trocar concelhos.

Corei, ouvir isso sair diretamente da boca dele era um pouco vergonhoso. Porém é até bom de certa forma.

Esperamos Joe fechar o restaurante, ficando na rua em frente ao estabelecimento. Eu iria para casa dos meus tios sozinha, mas o pessoal insistiu de ir comigo. Então, formos juntos para lá, já que não sabia como mamãe poderia reagir.

Chegando perto da residência, pude ver meus pais na porta da casa, via minha mãe e meu pai carregando as coisas deles para um carro. Me aproximei, falei para os homens esperarem lá, teria que fazer isto sozinha.

Andando calmamente, cheguei perto dos meus pais. A mulher me viu, mas não chegou perto de mim, apenas meu pai que o fez.

— Estamos voltando para casa, tem certeza que não quer pensar mais nisso? — o homem perguntou.

— Tenho sim pai, obrigada pela preocupação — o abracei, me despedindo dele.

Encarava mamãe, ela não saiu de perto do carro, que possivelmente era um de viagens. Teria que dar o primeiro passo. Assim, fiquei mais próxima dela, não chegando muito perto, mas o suficiente para me escutar de forma clara.

— Não pense que vou desistir e irei voltar correndo para você como uma criança. Mas saiba que espero que possamos nos resolver algum dia. Por mais que você seja desse jeito, eu ainda a amo como minha mãe. Só estou muito chateada com você.

Ela ficou calada, não me olhava de jeito nenhum, não tinha um rosto muito expressivo. Todavia sabia que ela me escutava.

— Temos nossas desavenças, muitas delas. Queria ter uma convivência normal, tipo mãe e filha. Sei que também está bem irritada comigo, pois é a primeira vez que eu vou sair de suas rédeas.

Senti um aperto no coração, como se ele estivesse doendo, será que é tristeza?

— Posso sentir falta de certas coisas, mas estou feliz de poder viver minha vida, queria que você ficasse feliz por isso também. Fique sabendo que o skate me trouxe muitas coisas boas. Ali, eles são meus amigos de verdade, e aquele gato de cabelo rosa é o cara por quem estou apaixonada — ela olhou para a direção deles. — Espero que você possa me considerar como filha, porque eu ainda a considero como minha mãe.

Ela entrou no carro, meu pai me abraçou de novo, e entrou no carro também. O pessoal veio para perto de mim, Kaoru ficou ao meu lado, segurando minha mão.

Eu vi mamãe abaixar o vidro, olhando para mim. Sussurrou algo, muito baixo que tive que fazer leitura labial. Olhei para Cherry, tentando confirmar o que ela tinha dito, ele assentiu com a cabeça.

Obrigada pelo seu "boa sorte" mamãe, mas eu sou a Six.

𝐴𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑈𝑚 𝑆𝑘𝑎𝑡𝑒 - 𝑆𝐾8 𝑇ℎ𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑦Onde histórias criam vida. Descubra agora