Limpei as lágrimas solitárias que escorrem pelo meu rosto, saí do quarto obstinada do que precisaria fazer. Seria a primeira fez que enfrentaria mamãe verdadeiramente, nunca tive coragem para falar com ela seriamente, mas desta vez é diferente, não posso deixar que ela decida meu futuro, não mais.
Com passos pesados fui até a sala, onde encontrei os adultos sentados conversando. Todos me olharam, a mulher me encarou curiosa, parecia que poderia ler minha mente. Juntei as palavras na minha língua, as soltando sem hesitar.
— Preciso falar com você, a sós — digo em um tom firme, evitando ao máximo demonstrar meu nervosismo.
Mamãe sorriu, pedindo para meus tios e meu pai se retirarem do cômodo de forma educada, assim eles fizeram. Meu pai colocou sua mão em meu ombro, me olhando de canto de olho.
— Boa sorte — ele murmura baixo, saindo do local.
Lá estava eu, sozinha com ela. Poderia finalmente ter a conversa que aguardo a anos. Ela não tirava seu olhar de mim, possivelmente me avaliando, vendo cada movimento meu. Precisava ficar calma, não poderia mostrar fraquezas para mamãe ou ela as usaria contra mim, as jogando como cartas de um baralho.
— Então, o que queria conversar comigo? — ela pergunta.
— Eu não quero ir com vocês — digo.
Ela solta um baixo riso, que se transforma em uma gargalhada bem audível como se eu tivesse falado alguma piada. — Oh querida, não pensei que fosse uma brincadeira.
— Eu não estou brincando, estou falando sério.
Mamãe foi tirando o sorriso que tinha no rosto, fazendo uma expressão fechada. Parecia que ela tinha se tocado da situação que estávamos. Não acho que ela não tinha percebido antes, mas só agora deve ter levado a sério.
— E quais motivos você tem para isso?
— Eu tenho um emprego legal aqui. Já até aluguei uma ótima casa. Tenho amigos que realmente se importam comigo, pessoas boas que...
— Isso você pode conseguir lá! — ela me interrompe — você pode conseguir isso sem problemas lá, por que tem que ser aqui?
— Porque eu quero ficar longe de você! — solto as palavras sem pensar.
A mulher não pareceu ter entendido o que eu falei, me olhava com uma confusão estampada em seu rosto. Por mais que as palavras tenham fugido de mim, não me arrependia de ter as falado.
— Como é? — mamãe pergunta.
— Você tem me forçado a parar de fazer algo a minha vida toda! Nem ao menos perguntando uma vez o que eu achava disso. Sempre cobrando e cobrando tudo de mim.
— Minha filha — ela se aproxima de mim — eu apenas quero o melhor para você, quero que seja alguém...
— Perfeito — eu a interrompo dessa vez — quer que eu seja perfeita.
— Não querida.
— Não?! Então me forçar a estudar inúmeras horas quando eu era criança é normal? — pergunto com indignação na voz — me forçar a entender como uma cirurgia bariátrica acontece com apenas 7 anos é o que pra você?
— Mas isso é para seu futuro, sempre pensei o melhor para sua carreira! — tentou se justificar.
— Ah claro! Vou fazer minha filha ficar trancada no quarto durante horas, a fazendo ler livros com termos médicos para seu futuro — falo tentando imitar a voz da minha mãe. — Realmente, tragam o prémio de melhor mãe para Shiroi Aok!
— Pare com isso — ela fala.
— Parar? Estou falando a verdade mamãe. Me privar de brincar com as outras crianças porque elas não eram do meu "nível intelectual" — fiz aspas com as mãos — devo agradecer mesmo, não é? — falei sarcástica.
— Eu já te mandei parar.
— Quase não me deixando respirar. Não sei como me deixou aprender a andar de skate, mas lógico, quando percebeu que eu estava começando a ser feliz também me tirou isso. Se não fosse pela vovó, eu jamais conseguiria aguentar por tanto tempo. Falando nela, ela deve está envergonhada de você, sei que ela não criou um monstro que nem voc...
Não consegui terminar, um som de tapa ecoou na sala. Meu rosto virou para outro lado, sentia um ardor na minha bochecha. Olhei para a mulher a minha frente, ela estava com uma expressão de raiva no rosto, e a mão levemente levantada ne mesma direção que minha cara.
— Apelou para a violência? — a perguntei, olhando em seus olhos. Mamãe poderia ter feito o que fez, mas nunca encostou um dedo em mim, essa foi a primeira vez que ela me bateu.
— Eu não queria filha — ela percebeu o que tinha feito, arregalou levemente os olhos e segurou a mão que usou para me bater. — Olha o que me fez fazer, tudo isso por um skate?
— Não é só por um skate.
— Filha, não arrisque toda sua vida por um motivo bobo desses... — ela pareceu ter perdido a paciência por segundos — É APENAS UM SKATE.
— NÃO É APENAS UM SKATE, É A MINHA VIDA CARALHO! — me descontrolei também.
— O que aconteceu aqui? — meu pai apareceu na sala, olhando atentamente essa situação. Me lançou seu olhar, vendo meu rosto agora vermelho e entendendo o que ocorreu. — Meu Deus Shiroi, o que você? — o mais velho correu para meu lado.
— Não se preocupe pai, ela vai te manipular como sempre — respondo. — Se acha que com esse tapa eu vou parar de falar, está enganada, só me deu mais motivos para soltar a porra da minha língua!
— Olha como fala comigo — ela falou, tentando me reprender do meu palavrão.
— Só fecha a merda da boca e escute. Eu sou a porra de uma adulta agora, não preciso que você decida nada por mim. Se quis uma filha que pensasse, parabéns, conseguiu uma! E eu vou continuar nessa merda dessa cidade. Eu vou continuar andando de skate sim! Sabe porquê? Por que eu sou S/n Aok, e sou a melhor skatista que você vai conhecer nessa sua vida.
— Você só pode está louca! E sua carreira de psicóloga? — perguntou.
— Não se preocupe, eu vou terminar a faculdade. E vou fazer questão de avaliar essa sua cabeça de merda — respondo, saindo da casa dos meus tios, mas antes de deixar aquele local, me viro, para a encarar. — Você vai ter o prazer de se consultar com a doutora Six.
Saí andando, ela gritava meu nome, afim de me fazer voltar para casa. Não me importei, apenas queria sair daquele lugar logo. Não tinha um local em mente para ir, apenas queria respirar um pouco de ar fresco.
Que caralhos foi isso? Eu realmente estou viva?
Mesmo essa situação sendo desse jeito, nunca imaginei que seria assim. Não podia acreditar que havia conseguido enfrentar mamãe desse jeito. Até que fui bem, imaginava que iriamos sair de ambulância quando acabasse.
Cheguei naquela pista de skate, aquela que encontrei Reki pela primeira vez. Me sentei em um banquinho, olhando aquele lugar atentamente. Algumas crianças brincavam um pouco, olhava como elas se divertiam. Sorri, lembrei quando eu aprendi a andar de skate, quando brincava com Miya.
Olhei para o céu, o encarando. Fechei os olhos, sentindo a brisa balançando meus cabelos.
Tá vendo vovó? Eu acho que consegui a enfrentar desta vez.
Pensei comigo mesma. Talvez isso não levasse a lugar algum, talvez ela não queira olhar na minha cara nunca mais. Mas estou disposta a arriscar isso, não é a primeira vez que enfrento uma situação doida dessas.
É um risco por toda a minha liberdade, um risco que eu lidei sem um skate.
Autora: Oiii amores, bem, só pra avisar que eu já terminei de escrever a fanfic aaaa. Sinceramente, acho que o final ficou bom, talvez vocês gostem ou não.
S/n soltando as verdades na cara da mãe dela, jantou cedo. Shiroi eu não gosto nada nada de você.
Bem amores, não sei se libero os últimos caps dela juntos ou não, falem o que vocês acham melhor. Beijus´ᴥ'
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𝐴𝑝𝑒𝑛𝑎𝑠 𝑈𝑚 𝑆𝑘𝑎𝑡𝑒 - 𝑆𝐾8 𝑇ℎ𝑒 𝐼𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑦
FanfictionS/n Aok, com seus 20 anos, se muda para a cidade onde acontece a "S", a convite do seu primo mais novo Miya. Escondendo sua paixão por andar de skate, e descobrindo novos sentimentos. Fará novas amizades, e conhecerá melhor um homem de cabelo rosa...