Zhan estava com calor, muito calor. Sabia que as gravações seriam no verão e as vestes pesadas, mas não imaginou que fosse sofrer tanto. A maioria reclamava dos mosquitos, mas se Zhan tivesse que escolher apenas um mal: seria o Sol escaldante embaixo de roupas pretas. Sentia inveja de Yibo e Haikuan, suas roupas eram brancas e mais leves.
Droga de roupa branca! Eram os pensamentos de Yibo naquele momento. Precisava esperar pela próxima cena, estava com os pés doloridos do salto no calçado e não podia sentar. O local estava meio lamacento e qualquer resvalo daquela túnica na terra arruinaria a imagem impecável e límpida de Lan Zhan. Fora as mangas gigantescas que o atrapalhavam e o obrigavam a prestar ainda mais atenção por onde andava e em quem esbarrava.
Naquele final de tarde, Yibo e Zhan só tinham inveja de uma pessoa: Wang Haoxuan. Além de ter o personagem mais intrigante segundo a opinião de ambos, o garoto parecia não sentir nada. Os mosquitos não o picavam com frequência e ele parecia ter um ar-condicionado natural no organismo, pouco suava. Se o intérprete de Xue Yang fosse um graveto, estaria seco de tanto que o casal de protagonistas o fitou naquele dia.
Quando suas cenas finalmente terminaram, Yibo foi até uma das tendas para trocar de roupa. A primeira coisa que ele fez foi tirar os sapatos e pisar em chão firme. Alívio tomando conta de seu corpo.
Ele sentou e colocou uma das pernas em cima da coxa e começou a massagear a sola dos pés. Gemidos de alívio foram inevitáveis. Ele não tinha percebido, mas Zhan também estava ali, o mais velho saiu de trás de um biombo já de camiseta e bermuda. No caso dele, a dor estava no corpo todo, principalmente nos ombros e costas. Yibo já tinha notado Zhan girando o ombro e alongando o pescoço a cada take gravado.
– Zhan-ge, me espera. Só vou botar uma roupa e podemos ir comer.
Massageando o próprio ombro, Zhan só confirmou com a cabeça. O mais velho mexia no celular quando ouviu Yibo resmungar atrás do biombo.
– Merda!
– O que foi Bo-di? – Zhan se inclinou para saber o que tinha acontecido. Um Yibo já de roupas casuais e carrancudo apareceu.
– Percebi que rasguei uma parte da túnica. Mantive ela o mais branca possível o dia todo, mas rasguei o tecido. – O rosto de Yibo mostrava um sorriso irônico, como quem não se conformava com o próprio feito.
Zhan riu e o tranquilizou em seguida. Yibo poderia deixá-la no local de sempre e amanhã as costureiras poderiam ver isso. O importante é que tudo tinha corrido bem, ninguém se machucou nas cenas de ação, uma roupa rasgada era o de menos.
O mais velho ergueu um dos braços para empurrar o ombro do outro e os dois irem comer, mas soltou um gemido de dor e ficou com a mão parada no ar. Ele respirou fundo e recolheu o braço.
Naquele momento, duas moças contratadas para cuidarem da limpeza passavam pelo lado de fora. Ambas ouviram o gemido e se olharam. A curiosidade matou o gato, mas elas não poderiam se importar menos. Ouvidos atentos ao que ocorria dentro daquela tenda específica.
Yibo franziu o cenho ao ver a expressão de dor de Zhan e o puxou para sentarem no banco ao lado.
– O que você tá fazendo Bo-di?
– Senta. – Foi tudo que o mais novo falou.
Era um banco comum. Sentado, Yibo tinha cada uma das pernas em um lado e pediu que Zhan ficasse na mesma posição, mas de costas pra ele. Ele entendeu o que Yibo queria fazer, mas não queria abusar. Estavam com fome. Além disso, duvidava das habilidades do outro, não queria ficar mais dolorido do que já estava.
Zhan balançou a cabeça negando.
– Yibo, não pr...
Numa velocidade incrível, Yibo se levantou e puxou Zhan, que foi vencido pela dor e insistência.
Quando sentiu os primeiros toques, ele teve certeza de que precisava ficar. Doía como o inferno, mas era bom ao mesmo tempo. As mãos de Yibo eram grandes e precisas, como se soubesse exatamente onde pressionar.
Zhan engoliu inúmeros gemidos, mas alguns ainda escapavam da sua boca.
– A... Aiii... Bo-di...
– Assim é melhor? – Yibo mudava o movimento dos dedos, da mesma forma que sua professora fazia com ele no tempo em que treinava na Coreia do Sul. Tinha aprendido algumas técnicas de massagem nessa época. Dançar era incrível, mas tinha seus efeitos colaterais com o tempo.
– Aí, aí. Sim, aí... Aiiii!
– Quer que eu pare? – Desfazer nós de tensão poderia ser doloroso e ele não queria machucar Zhan.
– Ai, não... Não para. Continua.
– Tira a camisa.
Zhan não respondeu porque ainda curtia uma onda de dor e alívio e quando percebeu, Yibo já tinha erguido o tecido. A camiseta agora estava amontoada no pescoço de Zhan. Ele sentiu as mãos de Yibo sobre sua pele. Antes que pudesse perguntar a si mesmo porque o calor subitamente tinha voltado, ele sentiu mais uma pontada.
– Aaaa! Bem aí! Pode apertar, pode apertar.
Yibo finalizou a massagem e Zhan sorriu em agradecimento e Yibo retribuiu, pois se sentia orgulhoso em poder mostrar suas habilidades e ajudar seus amigos quando precisavam.
Do lado de fora, as duas mulheres estavam com os olhos arregalados e mãos na boca. Estarrecidas com o que tinham acabado de ouvir. Sabiam que esses artistas eram muito liberais, mas não imaginavam que seriam tão descarados!
– Onde já se viu! Tem até criança filmando esses dias, e se uma delas entrasse e visse essa pouca vergonha?!
– É mesmo. Dois moços tão bonitos, né? Por isso que tem tanta mulher solteira por aí.
Yibo e Zhan saíram da tenda, estavam loucos de fome.
As mulheres entraram para fazer a limpeza. Quando uma delas encontrou uma túnica rasgada, não teve dúvidas:
– Pervertidos!
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Roteiro - Yizhan
FanfictionA primeira leitura do roteiro seria feita no início da tarde. O clima entre elenco e produção era promissor, mas Xiao Zhan estava apreensivo. Ele aproveitou o horário do almoço para trocar áudios pelo celular com seu melhor amigo, Xu Kaicheng. - Co...