Capítulo 12 - Desculpas

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Yibo choramingou sentado no sofá ao sentir uma bolsa térmica gelada no lado esquerdo do rosto. Ele abriu os olhos e se deu conta que ainda não estava em casa. Lembrou da festa de Lu, lembrou do que tinha falado na frente de todos, lembrou de uma mão pequena e pesada vindo em sua direção.

Seus olhos procuraram por Zhan. Tinha se acostumado a buscar no mais velho a segurança que às vezes perdia. Bastava que Zhan estivesse ali, bastava que o mais velho o olhasse e dissesse a ele o que fazer. Queria a ajuda dele, queria seu toque acolhedor. Ficou ofegante e quase desesperado quando não o encontrou.

– Eu pedi que ele fosse embora – A voz de Haikuan ressoou ao seu lado. Firme, mas sem raiva.

O mais novo o olhou sem entender.

Por quê? Por que mandou Zhan embora? Eu quero falar com ele, quero pedir que ele me leve pra casa.

Haikuan parecia ter superpoderes porque ele sempre respondia aos pensamentos de Yibo.

– Yu Bin e eu vamos te levar pra casa. Amanhã você conversa com ele. Vamos.

Yibo levantou ainda segurando a bolsa de gelo em seu rosto. Ele parou em frente a um espelho e buscou por marcas na pele. Tinha uma sessão de fotos depois de amanhã. Se seu olho ficasse roxo, seria o caos.

Antes que ele voltasse a andar em direção à porta, viu o reflexo de Zhu no espelho, o menor estava atrás dele, braços cruzados e uma expressão de triunfo. Yibo virou o corpo automaticamente.

Zhu não deixou que Yibo erguesse os olhos e falasse algo. Ele apenas deu um aviso:

– Não vai ficar marca, infelizmente. Você estava tão podre de bêbado que desmaiou com o meu soco. – O menor se aproximou e sussurrou – Eu tenho um soco inglês, experimenta falar qualquer coisa parecida de novo e eu quebro o seu nariz grande!

Yibo engoliu em seco.

– Zhu! – A voz de Haikuan veio em tom de advertência.

Xuan Lu e o namorado se despediram de todos e fecharam os portões da casa com semblantes tristes. A festa tinha acabado.

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Na manhã seguinte, Yibo acordou com a sensação de que tinha sido atropelado por sua moto. Ele tomou água direto da jarra na geladeira e leu mensagens de Haikuan no celular.

Liu Haikuan

Bom dia, ressaca! Tome muita água, coma coisas leves e nada de sair pra correr de estômago vazio. Se cuida e... Yibo, pense sobre a noite de ontem.

O mais novo queria se enfiar num buraco e se esconder pelos próximos três dias. Embora ele nem lembrasse de tudo que aconteceu. Recordava de ter insinuado algo entre Zhu e Haikuan e falado uma besteira. Tinha sido um babaca, com toda certeza.

Wang Yibo

A-ge... Posso ir ao seu apartamento agora?


Haikuan abriu a porta para um Yibo encolhido pela vergonha. Assim que entrou, viu Zhu saindo da cozinha e se encostando na parede com os braços cruzados.

Eles estavam morando juntos?

Yibo arqueou as sobrancelhas e arregalou os olhos, mas não falou nada.

Haikuan estava com roupas casuais e chinelo, Zhu também. A expressão do mais alto era séria, mas tranquila. O menor empurrava a parte interna da bochecha com a língua e apertava os braços contra si.

Yibo se curvou para os dois e pediu desculpas. Haikuan deu leves batidinhas em suas costas, era um sinal de aceite. Zhu saiu da sala sem falar nada e, sobre isso, o mais velho balançou a cabeça em negação, para que Yibo não se incomodasse com o aborrecimento de Zhu.

– Vocês estão... Juntos? – Yibo não se segurou e perguntou. Era uma suspeita geral pela forma que os dois agiam um com o outro, mas jamais uma confirmação. Não é como se eles vivessem de chamegos e agrados no set, pelo contrário.

Em muitos momentos, comportavam-se como quaisquer amigos próximos. A diferença era quando Zhu começava a esbravejar por algum motivo, fazendo Haikuan contar até 10 para não perder a paciência. Depois, era ele quem corria atrás do menor com a expressão arrasada, como alguém que não suporta a ideia de ficar brigado.

– Você não pode contar isso a ninguém, mas sim. Estamos namorando desde o dia da leitura do roteiro, a gente já se conhecia. Decidimos morar juntos há um mês mais ou menos.

Yibo balançou a cabeça em afirmação e logo em seguida garantiu que jamais espalharia isso por aí. Ele não era o tipo de pessoa que se metia na vida dos outros. Não se importava com o que eles faziam de suas vidas e sempre achou "OK" colegas e amigos que se relacionavam com o mesmo sexo. Embora nunca tenha se importado em imaginar como era viver com medo de mostrar ao mundo quem amavam. Nunca parou para pensar em como seria estar no lugar deles, em todos os aspectos. Como seria sentir desejo por outro homem? Aliás, como era esse desejo? Mudava? Qual era a sensação? 

Ao pensar nisso, sentiu um aperto no peito. Respirou fundo e voltou a se concentrar no seu objetivo em estar ali naquela manhã. Yibo se curvou mais uma vez e já estava indo em direção à porta quando Haikuan o perguntou:

– O que você vai fazer agora?

– Eu vou ao apartamento do Zhan e, no caminho, vou ligar para a Lu, Cheng, Bin e pedir desculpas.

– Para os outros você vai ligar, por que vai encontrar com Zhan? – Yibo achou a pergunta de Haikuan estranha. Afinal, ele e Zhan eram próximos, por que ele não iria? – Achei legal você ter vindo até aqui porque foi a mim e ao Zhu que você mais ofendeu. Mas o Zhan estava com a namorada...

Yibo sacudiu a cabeça como quem não viu sentido nas frases que ouviu.

– Zhan é meu melhor amigo atualmente. Eu quero conversar.

Haikuan viu Yibo pegar o elevador e fechou a porta. 

Roteiro - YizhanOnde histórias criam vida. Descubra agora