Capítulo 9

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{Alya}

- Então seu irmão voltou?

Minthe perguntou na manhã seguinte, enquanto levava sua xícara aos lábios. Parei de mexer com a colher em minha xícara e concordei com a cabeça, escolhendo um dos bolinhos.

- Sim. Finalmente o herdeiro da Corte retornou, meu pai deve estar aliviado.

Minthe me lançou um sorriso de pesar e eu suspirei. Depois que Drystan chegou, na noite anterior, meu pai me mandou sair do escritório porque ele teria uma reunião com meu irmão. Ele estava definitivamente diferente daquela criança de olhos vazios ao qual eu me lembrava. Seus cabelos loiros estavam cortados e seus olhos verdes estavam muito mais frios. Seu corpo estava musculoso e ele estava incrivelmente mais alto. E ainda assim... ainda assim ele emanava uma sensação de perigo. Como uma besta contida. Uma besta fria e perigosa, que não teria misericórdia de ninguém. Assim como não teve da própria mãe ao mandá-la para a floresta à noite. Assim como não teve de mim.

- Bem, pela descrição que me deu, ele parece estar bem mais bonito.

Minthe resmungou contendo um sorriso e eu neguei com a cabeça. Ele poderia estar bonito ou o que fosse, mas definitivamente estava mais letal. Respirei, escolhendo outro bolinho e Minthe franziu o cenho.

- Você está comendo bem mais do que eu me lembrava... - Ela comentou e eu ergui o olhar. - Seus vestidos já estão até mais justos. Cuidado para não acabar engordando. Como a imagem da Corte, você-

Sua fala foi interrompida quando as portas duplas da saleta foram abertas, e um rapaz de frios olhos verdes entrou na sala. Drystan usava um terno de linho verde musgo tão escuro que poderia ser confundido com preto, seu terno tinha alguns detalhes em um prata escuro, quase fosco. Ele ajeitou as luvas pretas em suas mãos, seus curtos cabelos dourados estavam perfeitamente penteados para trás e ele sorriu para mim, começando a caminhar em direção à mesa que eu estava. Pude ouvir o leve suspirar de Minthe e vê-la se ajeitar pelo canto dos olhos.

- Saia. - ele disse com total frieza para Minthe.

- Como...? - Ela perguntou os olhos levemente arregalados, seu sorriso já morrendo aos poucos. Meu irmão a encarou, como se ela fosse um incômodo. Um pequeno verme que o incomodava.

- Tem problemas de audição? Eu mandei sair.

As bochechas de Minthe ficaram vermelhas com o tom que Drystan usou com ela.

- Não... - Ela gaguejou.- Mas nós estamos...

- Ótimo. - Meu irmão a interrompeu com frieza. - Então faça como lhe foi ordenado e saia. Vá fazer uma oração ou o que quer que sacerdotisas façam e pare de me incomodar.

Minthe me olhou de olhos arregalados e se levantou rapidamente, saindo da sala, no mesmo instante em que Ren se aproximou um pouco mais de mim.
Drystan sorriu, como se também tivesse percebido a aproximação de Ren e se sentou na cadeira, que antes era ocupada por Minthe. Ele cruzou as pernas, colocando seu tornozelo por cima de seu joelho, começando a retirar suas luvas.

- Que péssimas companhias você escolhe, irmã. - Eu estava em silêncio até agora, um pouco pela surpresa, um pouco porque estava realmente travada. Ren deu mais um passo e Drystan pegou o bolinho de morango que estava em meu prato, dando uma pequena mordida e me encarando. - O que? O gato comeu sua língua?

Engoli em seco e respirei, antes de pegar minha xícara de chá. Eu poderia fazer isso.

- O que deseja, Drystan?

Meu irmão lambeu o polegar e me lançou um olhar irônico, antes de fazer um biquinho com a boca, como se estivesse magoado.

- Drystan? Vamos lá, irmãzinha. Não a vejo há quase oito anos e você começa a me chamar de Drystan? Apenas meus inimigos me chamam assim. - Ele encarou Ren e seu sorriso se tornou um tanto quanto mais selvagem. - Novos cachorrinhos para te vigiar?

A Court Of Flowers in the StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora