{Alya}
Eu me olhava no espelho em completo choque e surpresa. Eu não parecia comigo e sim com alguém que possuía uma beleza assombrosa. Tive que ajustar meu vestido devido à perda de peso, mas nem isso afetou a beleza do vestido. Eu estava… bonita. Pela primeira vez me senti bonita. Eu parecia noite. A noite em uma floresta de ouro. Meus cabelos estavam soltos em cachos modelados e uma tiara dourada de flores e raízes enfeitava minha testa.
As árvores entrelaçadas de dourado em meu vestido, tinham um formato de serpente se ficassem em uma posição certa, só havia notado isso quando o customizei e agora, me encarando no espelho, percebi que meu nome nunca havia tido tanto sentido como naquele momento. Alya significa céu. Por coincidência ou não, é assim que se chama uma estrela da constelação de Serpente. Também significa luz da lua.
Eu parecia tudo aquilo. Noite, lua, estrelas, flores e vida.
O som dos convidados chegando me despertou e em poucos minutos meu pai entrou em meu quarto.
— Uau... você está belíssima, Alya.
Eu sorri minimamente. Eu não estava imaginando minha beleza, então. Voltei a me olhar no espelho e meu pai se aproximou nos encarando pelo reflexo. Ele usava um casaco verde escuro com ffios de ouro que subiam como raízes e se entrelaçavam ao topo, como videiras douradas. Reconheci o trabalho assim que bati o rosto e sorri. Eu havia feito aquele casaco do zero e o dei como presente de solstício.
— Vejo que reconheceu o trabalho de uma das melhores alfaiates que já conheci. - Meu pai brincou e meu sorriso cresceu. - Achei que seria uma oportunidade única, usar um casaco tão bem feito assim.
Eu não respondi, estava realmente emocionada, então apenas me virei e o abracei com força. Ele sorriu me abraçando e acariciando de leve minhas bochechas, antes de me entregar uma caixa pequena e verde.
— Sua mãe… antes de você nascer, quando descobrimos o risco da gravidez, decidiu que iria lhe dar isso como presente. - Minha garganta oscilou e eu olhei de forma automática para a pedra azulada ao lado de minha cama. A pedra que pertencia à ela quando ainda era sacerdotisa e que meu pai me deu quando eu nasci. Inspirei e o olhei engolindo em seco ainda emocionada. - Eu te aconselho a abrir antes de dormir.
Acenei com a cabeça e coloquei a caixa sob minha penteadeira com o maior cuidado possível e quando me virei vi uma emoção nos olhos de meu pai que era rara. Pesar e saudade.
Eu sempre soube que minha mãe não havia sido o amor da vida dele, ele não a amava daquela forma. Ninguém jamais substituiria Feyre. Mas ele a amou também… não de forma romântica, mas pelo pouco que eu ouvi, ela havia se provado uma grande amiga e havia o ajudado em várias coisas. Ele sofreu o luto da perda. E ali, eu percebi que ainda sofria.
Meu pai se aproximou e deu um beijo terno em minha testa, antes de se afastar e me olhar novamente. E então ele retirou uma pequena caixa de veludo de seu bolso e me entregou.
— Essa… essa era uma jóia de sua avó. - disse ele, quando eu abri a caixa e vislumbrei um colar com o símbolo da Corte Primaveril. Era feito com algo diferente, parecia quase como o lago de estrela líquida que vi com meu pai. Ele sorriu como se percebesse o que eu pensava e me virou de costas para ele, colocando o colar em meu pescoço, enquanto me encarava pelo espelho. - É a estrela líquida. A corte diurna conseguiu fazer um tipo de vidro que não se quebra facilmente. É raro de se achar e mais difícil ainda de se fazer. Meu pai pediu para que fizessem um nesse formato e encheu com a estrela líquida para minha mãe, já que era o lugar que ela mais amava na corte. Essa jóia é sua por direito, Alya.
Engoli em seco novamente e senti as lágrimas encherem meus olhos. Eu não conseguiria falar nem se quisesse. Estava emocionada demais para isso. Meu pai sorriu como se entendesse e apertou meus ombros de forma carinhosa.
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A Court Of Flowers in the Stars
De Todo"Feyre Archeron, Quebradora da Maldição, Feyre Abençoada pelo Caldeirão, Feyre a Grã - Senhora da Corte Noturna, Feyre a destruidora de corações e de lares, a mentirosa ardilosa que ainda tinha o coração de meu pai em mãos. (...) Ela não era uma sal...