Capítulo 20.5

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{Adira} 
 
O lugar estava silencioso. Apenas os passos da Equipe ecoavam pelas paredes de gelo e pedra. Adira sentia que poderia colocar o corpo em chamas e ainda assim seria incapaz de se sentir aquecida. Aquele não era o frio normal que existia em sua Corte… não. Era cruel. Era antigo e tão diferente da magia normal, quanto que vivia no meio.

Eles pararam novamente, no local que Laenia havia encontrado as palavras. 

— "O herdeiro vai triunfar, ou os destruirá." 

Drystan leu baixo, passando a mão levemente pelo gelo. Amerah inclinou o rosto levemente, observando o padrão de desenhos. 

—  Coloque a moeda novamente. 

Ela falou e Drystan a encarou. Adira soube que houve uma conversa silenciosa ali, entre os dois, e soube que Amerah havia ganhado o que quer que estivesse acontecendo, pois Drystan suspirou pesadamente e apoiou uma moeda de ouro contra a parede. 

O ouro pareceu derreter a parede e o chão tremeu por inteiro, fazendo com que Adira tivesse que se apoiar em uma pilastra para se manter em pé. Uma melodia começou a soar, baixa, apesar de ecoar pelo local. Nenhuma letra, apenas o som de uma melodia que pareceu deixar Drystan mais pálido do que já estava. A parede então, parou de se mover e Laenia deu um assobio baixo. 

— Sinceramente, por que demoramos tanto para vir visitar essa ilha paradisíaca? 

Ela perguntou em um tom irônico.

— Música aterrorizante e paredes que se movem. O que poderia ser melhor?! 

Enolan falou com igual sarcasmo e Drystan fez um som baixo para que se calassem. Amerah estava de cenho franzido. 

— Consegue ler? 

Adira perguntou se aproximando, mas a amiga estava com os olhos fixos na parede. 

— Está um pouco deteriorado, mas consigo entender… levemente. Parece uma profecia. - Drystan se aproximou, olhando para a parede também. - Envolta… Envolta de espinhos, se mantém… a armadura do poder. Somente… somente o grande herdeiro, poderá encontrá-lo. O lobo adormecido vive para proteger, seu poder... será visto ao alto pelos morcegos e o mundo, enfim, será destruído… ou renascido. - Amerah se abaixou com o cenho franzido, lendo as palavras inferiores. - Aquele… aquele que matar a princesa em meio ao seu nascimento, será o escolhido. Ele viverá em solidão e tormento, amaldiçoado e enjaulado pelo Grão Senhor e somente em dor profunda, seu poder será libertado. E então, ele destruirá o mundo. 

Todos ficaram em silêncio novamente. Ganthir encarou Drystan.

— Você disse que Amelie citou uma profecia. Ela disse que você era o escolhido por ter matado sua mãe… biológica. 

Ele não respondeu, apenas retirou a própria espada e riscou a profecia, causando um som agoniante pela caverna. Seu rosto brilhava em ira, quando ele se virou e seguiu para as escadas em silêncio absoluto. 

Amerah e Adira trocaram um olhar preocupado, antes de seguirem para fora do templo.

A brisa quente os recebeu quando estavam fora daquele círculo de neve e até mesmo Drystan parou apreciando o calor. O sol já estava se pondo e todos seguiram pela mata, novamente até onde o bote estaria. 

Não demoraram muito para chegarem, Enolan e Ganthir remaram a maior parte do caminho. Era tão estranho… Não sentir o poder em si. 

Adira começou a sentir aquela pontada de poder quando estavam na metade do caminho. Amerah também parecia sentir aquilo, pois ergueu uma mão para a água e fechou os olhos de forma concentrada. O bote começou a andar de forma mais rápida, fazendo Ganthir e Enolan suspirarem agradecidos. 

A Court Of Flowers in the StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora