A Court Of Flowers in the Stars

Capítulo 16.5

{Catrin}

Catrin estava tensa. Sua mente parecia mais barulhenta do que o normal ao mesmo tempo que estava mais silenciosa que o normal, se é que isso fizesse sentido. "Foi tudo fingimento!". E Catrin sabia que era verdade. Ela viu a mágoa, a dor e a tristeza no olhar de Alya. Ela viu a fúria de uma traição e até mesmo suas sombras ficaram silenciosas com aquilo. Seu pai tentou falar com ela, mas ela apenas disse que estava bem.

Ela se lembrava da primeira que conversa que teve com o pai sobre Catrin, quando ambos voavam em busca de pistas e Catrin estava com o humor melhor que o normal.

— Acho que gosto de fêmeas… 

Ela falou subitamente, enquanto verificava um dos portões com o pai. Azriel sequer parou de verificar o portão, nem mesmo se levantou de onde estava abaixado, apenas a olhou rapidamente e voltou a verificar as marcas. 

— Que bom. Eu também gosto. - O pai falou simplesmente. Catrin soltou a respiração que sequer notou que estava presa e sorriu levemente. - Sua mãe já sabe?

Catrin engoliu levemente. 

— Ainda não… - Ela falou baixo e se abaixou ao lado do pai. - Acha que ela vai ficar chateada? 

Azriel arqueou uma sobrancelha, colocando a lanterna na direção de um pequeno buraco.  

— Por que ela ficaria? 

Ele perguntou com a lanterna na boca, enquanto movia algumas plantas. Catrin deu de ombros. 

— Bem… Eu não poderia procriar com outra fêmea. 

Azriel virou o rosto para Catrin e franziu o cenho. 

— Filhos não são somente de sangue, Catrin. Família não é só de sangue. Achei que você já tivesse entendido isso, considerando meu relacionamento com seus tios… e até mesmo o seu com os seus irmãos. 

Catrin encarou o pai e deu de ombros levemente.

— Eu sei… mas achei que talvez fosse ser diferente com um filho.

Azriel colocou uma mão no ombro da filha e sorriu de canto. 

— Cassian foi filho da mãe de Rhys tanto quanto Rhys. Até mesmo eu fui considerado seu filho. Se você um dia quiser ter um filho com essa fêmea, essa criança será bem vinda em nossa família. Como qualquer outra.  

E foi isso. Eles voltaram a trabalhar e quando Catrin retornou aos aposentos, contou a sua mãe, que apenas riu e falou que realmente havia percebido o jeito que a filha olhava para Kalina. E talvez aquilo… aquele sentimento tivesse a cegado o suficiente para não desconfiar de Kalina. Mas não repetiria aquilo. Seus pais estavam irritados por ela ter saído sem avisar, mas Catrin preferia mil vezes ter levado uma bronca do que aquele olhar de preocupação dos pais.

Ela respirou profundamente e contou até cinco antes de abrir a porta, revelando Sky e Kalina em um quarto. A fêmea de olhos vermelhos de tanto chorar. Catrin não a olhou e não permitiu suas sombras se aproximarem dela. 

— Sua presença foi requisitada. 

Ela falou para o irmão. Sky a encarou e encarou Kalina, antes de a olhar novamente e confirmar com a cabeça. Quando Sky saiu do quarto, Catrin ocupou o local na porta ouvindo o arfar baixo de Kalina. 

— Catrin… Por favor me escute…

Catrin a encarou e a fêmea recuou. Catrin sabia a razão, sabia que a encarava com tanta frieza quanto o possível. A encarava como o que era… uma prisioneira em aguardo.