Capítulo 16

4.8K 563 2.2K
                                    

{Alya}

Neve. Era neve cercada por uma floresta, como se somente aquele ponto tivesse sido afetado.

Drystan me soltou com cuidado, se abaixando para tocar na neve e franzindo o cenho, tão confuso quanto eu. As ruínas feitas de gelo tão antigo quanto, talvez, a própria Prytian. 

Meu irmão franziu o cenho, afastando a neve que cobria um pedaço da ruína que estava escrito na língua antiga. 

— Sleg…? 

Ele falou estreitando os olhos e eu sorri de canto. 

— Desde quando você sabe ler a língua antiga? 

Não estava no nosso quadro de horários. Drystan deu de ombros. 

— Minha mãe… ou melhor, Amelie, me ensinou. 

Franzi meu cenho levemente e me apoiei contra a pilastra de gelo, dando alguns pulinhos.

— E o que Sleg significa? 

Drystan se levantou, olhando ao redor e dando de ombros novamente. 

— Não sei… talvez o nome do lugar. - Meu irmão me apoiou novamente. - Vamos sair daqui. Talvez se conseguirmos chegar até a Costa… consigamos fazer algo… ou pelo menos nos esconder até alguém nos achar. 

Nós dois andamos por algumas longas horas. Drystan pegava as frutinhas que achava no caminho para nos alimentar. Minha perna já estava latejando, apesar de estar com a mobilidade levemente melhor. Drystan me ajudou a passar por cima de uma enorme árvore caída, antes de me colocar apoiada em uma árvore e me encarar.

— Fique aqui. - Ele disse olhando o sol que já estava se pondo. - Vou tentar achar algum lugar para passarmos a noite… acho que já estamos longe o suficiente. 

Concordei com a cabeça me permitindo sentar, enaquanto meu irmão se afastava. Eu olhei minha perna, que estava com um enorme corte, apesar de felizmente ter parado de sangrar, antes de voltar a observar o sol que se punha.

Subitamente a terra começou a tremer. Tão forte que achei que estava tendo um terremoto. Árvores começaram a ser tombadas. Algo grande parecia vir em minha direção. Eu xinguei baixo e me levantei me apoiando na árvore, antes de tentar correr morro abaixo, com apenas uma perna e tentando me apoiar nas árvores. 

Uma cabeça de uma serpente enorme apareceu, suas narinas pareceram se dilatar, antes de ela avançar em minha direção. 

— Alya! - Drystan gritou me alcançando, e me ajudando a correr. - Eu achei uma caverna há uns oitenta metros daqui! Se conseguirmos, acho que esse bicho não consegue nos pegar. Pelo menos não lá dentro! A entrada é estreita. 

A serpente parecia estar chegando mais e mais perto e eu tentei correr mais rápido. Um som baixo saiu dela e ela abriu a boca, eu só tive tempo de ver uma enorme estaca de gelo se chocou contra a árvore ao meu lado. Eu encarei meu irmão desesperada. 

— Essa porra acabou de lançar gelo?! - Eu gritei, Drystan xingou me puxando ainda mais. - É melhor você me deixar e ir logo! Ela vai nos alcançar. 

Meu irmão grunhiu me ajudando a pular uma outra árvore caída. 

— Cale a porra da boca.

Ele falou me puxando mais rápido. Em algum momento, eu tropecei, ou ele tropeçou, eu não saberia dizer… Mas nós dois caímos rolando pelo morro abaixo. Os galhos finos se chocavam contra meu rosto, me arranhando. Meu corpo latejava a medida que se chocava contra folhas e pedras e eu pisquei levemente tonta quando finalmente parei de girar e cair. Drystan estava caído ao meu lado e a cabeça da serpente nos encarou lá de cima. Aquele baixo som soou, quando ela abriu a boca. Eu tentei me levantar em vão, minha perna não ajudava em nada. Eu encarei minha morte desesperada, quando ela lançou a lâmina em minha direção e fechei meus olhos. Eu ouvi um arfar dolorido e abri meus olhos novamente, encontrando meu irmão caído na minha frente com a lâmina atravessada em seu abdômen. 

A Court Of Flowers in the StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora