Capítulo 15

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{Alya}

O cheiro de mofo foi a primeira coisa que senti, quando acordei. Não abri meus olhos e mantive minha respiração constante tentando usar meus outros sentidos para identificar minha possível localização. O maior erro de todos os personagens nos livros era sempre se mostrar desperto. Eu não faria isso. Eu podia sentir uma parede congelada atrás de mim e tudo em meu corpo doía. Minha mente parecia estar embaçada e lenta, como se eu não estivesse completamente acordada. Sinto meus membros pesados. Eu tentei invocar qualquer coisa de meus poderes, mas não sinto absolutamente nada. 

— Já pode abrir seus olhos agora, Alya… Eu já sei que você está acordada. 

Uma voz feminina soou. Fria e melodiosa como a própria morte. Me xinguei mentalmente e abri meus olhos lentamente, vendo Drystan jogado ao meu lado e Kalina de pé, paralisada e completamente pálida. Kalina? Como ela tinha vindo parar aqui? Minha amiga tremeu e me encarou. Drystan por outro lado, estava pálido como um papel e olhava para frente com os olhos completamente arregalados.

Minha língua estava pesada, como meus membros, mas consegui virar meu rosto. Apenas o suficiente para contemplar quem Drystan encarava. E quando consegui fazer isso, entendi o motivo de meu irmão estar assim.

Amelie, a mãe de Drystan, estava sentada em um trono que parecia ser feito com gelo e nos encarava com olhos cruéis e divertidos. 

— Olá, Alya… bem vinda a nossa reunião. 

Arregalei meus olhos em completo choque. Para alguém que deveria estar morta, Amelie estava em perfeito estado. Com uma túnica longa e negra, seus cabelos cor de mel estavam soltos e arrumados e seus olhos azuis como gelo nos encaravam com uma diversão cruel. Ela brincava com um buquê de rosas congeladas, enquanto me observava.

Meus membros pareciam começar a voltar a funcionar, mas permaneci parada.

— Você… você estava morta. 

Drystan disse baixo em completo choque. Me espantei com o tom da voz de meu irmão. Sua voz saiu trêmula e confusa. Ele parecia aquele garoto de onze anos novamente. Amelie por outro lado, apenas o encarou friamente e deu de ombros. 

— Sim, sim… 

Ela moveu suas mãos adornadas por anéis prateados, como se meu irmão estivesse falando uma estupidez. Franzi o cenho confusa. 

— Você… 

Ela ergueu a mão interrompendo Drystan. 

— Fique calado. - Seus olhos azuis claros me encararam e pareciam brilhar. - Alya… como sempre tão ingênua, não é mesmo? Ainda fica na sombra de seu pai, imagino.

Engoli em seco. Meu corpo já havia recuperado os movimentos o suficiente. 

— Amelie… acho que gostava mais de saber que você estava debaixo de sete palmos de terra. 

Ela sorriu para mim e encarou Drystan. Eu olhei Kalina e fiz um movimento com a cabeça. Eu iria atacar Amelie e ela correria com Drystan. Se eu conseguisse a segurar por tempo o suficiente, eles poderiam buscar ajuda. Kalina arregalou os olhos para mim, como se para me impedir, mas eu não seria mais uma covarde. 

Me levantei mais lentamente do que desejava, mas ainda assim de forma rápida e ataquei Amelie, como Ren havia me ensinado. Ou melhor, tentei. Uma parede de gelo subiu entrando em meu caminho, me fazendo cair de bunda. O gelo, era diferente de qualquer tipo que eu já tivesse visto. Parecia tão cruel e antigo quanto a própria morte. E então, os olhos azuis congelados de Amelie brilharam de forma cruel e perigosa. 

— É falta de educação interromper seus anfitriões. - Ela disse lentamente, de forma calma e fria. - Algeme ela. 

Ela disse e olhei ao redor para ver quem era a outra pessoa que estava na sala. E então, meu peito se estilhaçou em mil formas diferentes, quando Kalina, minha melhor amiga, a pessoa que eu confiava, se ajoelhou em minha frente com as algemas de freixo. Ela as fechou em torno de meus pulsos, se recusando a me olhar nos olhos. 

A Court Of Flowers in the StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora