Capítulo 32.5

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{Kalina}

A casa estava silenciosa. Kalina e Connan seguiam pela passagem da mansão que ia até o quarto da fêmea, em uma tentativa de ver seus pais. Àine, sua irmã mais velha, estava a semanas sem entrar em contato e os dois estavam mais do que preocupados. 

Ambos entraram pelo túnel, o quarto de Kalina estava exatamente como ela deixou. Intocável. Ela suspirou com saudade. Céus… parecia que haviam saído a séculos. 

Os gêmeos se entreolharam em um sorriso, antes de saírem do quarto correndo. A euforia de ambos não os permitiu ver como a casa estava silenciosa, ou como o silêncio ecoava de forma ensurdecedora. 

Foi somente quando chegaram na cozinha, que Kalina parou segurando o pulso de Connan. O irmão a encarou sorrindo, mas logo sentiu o próprio sorriso morrer quando viu o semblante da irmã. 

— O que? 

Kalina franziu o cenho, sua nuca ficando arrepiada. 

— A casa está silenciosa demais.

Connan olhou ao redor. A pele ficando mais pálida. 

— Eles podem ter saído. Ido visitar Àine. 

Kalina não o respondeu. Ao invés disso, puxou a adaga em sua cintura, entregando-a para seu irmão e pegando outra para si. Suas costas estavam tensas, enquanto ela caminhava pela casa em silêncio. Seus passos ecoavam, a casa estava escura e fria, como nunca havia sido. 

Um cheiro de podridão a atingiu e ela sentiu sua espinha gelar, enquanto seguia na direção do cheiro. Até a entrada da casa, onde a porta havia nitidamente sido arrombada por garras. 

O cheiro pareceu aumentar quando Kalina chegou à porta e a escancarou, o rangido da porta quebrada se abrindo pareceu ecoar por toda a casa, Connan estremeceu.

A mente de Kalina ficou silenciosa enquanto ela seguia quase que de forma automática até o jardim de entrada. O mundo se reduziu à batida infinita. Kalina avaliou o jardim...e não foi até que ela saísse da casa, até que ela estivesse de frente para o jardim que ela viu.

— Não…

Connan falou em sussurro quebrado, enquanto Kalina via, em nítida exposição, três corpos empalados, dilacerados por garras. Ela ouviu o irmão gritando, mas de alguma forma, parecia abafado, como se ela estivesse debaixo d’água e os sons viessem da superfície.

Kalina ficou no centro jardim, olhando para os corpos. O baque mudo de sua adaga caindo na grama não chegou aos seus ouvidos, não quando o mundo parecia silencioso, enquanto seu corpo e mente pareciam gritar silenciosamente. Ela não se moveu, ficou parada, em choque. 

Um grito ficou preso em sua garganta, suas mãos tremiam. Seu corpo tremia. Tremia violentamente. Uma náusea tomou conta de si, talvez pelo cheiro, talvez pela cena. Seus pais…  

E então, Kalina correu. Connan gritou seu nome, parecendo a seguir, mas ela não diminuiu a velocidade. E ela se sentiu péssima por desejar, por orar para qualquer deus, que a terceira pessoa não fosse Àine. 

Ela chegou até a casa da irmã e praticamente arrombou a porta, dando de cara com Mark buscando algumas coisas. Ele se assustou com o baque e puxou o arco e flecha, antes de ver Kalina e suspirar aliviado. 

— Onde está Àine?! 

Kalina gritou, gritou de forma histérica. Ela sentiu as mãos de Connan em seus ombros e escutou seu irmão falando algo, mas ela não podia aceitar, não até ver o semblante desolado de Mark, enquanto ele puxava a pequena Jasmine para seu colo. 

A Court Of Flowers in the StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora