Capítulo 38

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{Nyx}

A ilha estava silenciosa. A vegetação que uma vez viveu ali estava coberta por neve. Alya estremeceu, apertando mais a minha mão. Bryaxis olhava ao redor, nos protegendo. 

Alya verificou as armas mais uma vez, enquanto eu aguardava o sinal de meus tios. Até mesmo Bryaxis parecia tensa, estava mais vigilante que o normal. Alya sorriu para a criatura em forma de fêmea, antes de inspirar nervosamente. Eu engoli. 

E então, como a morte chamando os mais próximos, senti uma magia tão poderosa que me fez estremecer.  Eu conseguia sentir o Caldeirão… Ou melhor, conseguia sentir uma pequena fagulha do poder que o Caldeirão havia deixado em minha tia Nestha. O poder que vinha do Sul da Ilha, atraindo todos para lá, enquanto nós estávamos no leste. 

Bryaxis deu um sorriso selvagem, seu poder disparando, diversas vezes, quebrando encantamentos em nosso caminho até que alcançamos o rastro de neve e gelo em meio a pedras.. Qualquer que fossem os feitiços que tivessem erguido Bryaxis destruía sem dificuldades. Ela estava pronta para eles. 

E quando finalmente chegamos a colina esbranquiçada estava lotada de criaturas e demônios que pareciam ser feitos com o mais cruel dos gelos. Prontos para a batalha em Prytian, prontos para destruir o mundo e para trazer os deglons de volta à vida, prontos para escravizar a todos nós.

Alya seguia de forma firme, subindo a montanha.

Desviamos por um caminho mais ingrime, quando aquele poder desapareceu, indicando que nosso tempo de distração havia acabado. Alya grunhiu baixo, mas apressou seus passos, até o topo da colina. Bryaxis se afastou de nós, para dar a volta e chegar por trás do local. 

Subir se mostrava cada vez mais difícil. O poder que vazava do centro da Ilha era o suficiente para deixar qualquer pessoa sem fôlego. Tanto poder reunido em um só lugar… O que fariam com as Cortes quando o usassem? Quando usassem o colar?

No Centro, uma fêmea de cabelos mel e olhos de gelo aguardava. Ela sorriu em nossa direção, estendendo a mão e quebrando meus escudos com tanta força que fui jogado para trás. Atchlys riu. 

— Vocês não pensaram que aquele fraco poder iria me distrair, não é? - Ela disse de forma cruel. Eu engoli em seco, me levantando e preparando minha magia. - Bem… espero que aquela fêmea fique viva… Ou o macho. 

Meu peito pesou, mas Alya apertou minha mão, me trazendo de volta. Sim... meus tios não eram fracos. Então, deveríamos nos manter firmes no plano, para Alya conseguir destruir o portal. 

Eu sorri de canto, sorri me preparando. Preparando minha espada, preparando cada fôlego. Eu teria que fazer cada passo valer a pena. Eu seguraria Atchlys e Bryaxis deveria chegar logo, para proteger Alya. E então me ajudaria a segurar a sleg que nos encarava, ou melhor, que encarava Alya. Antes que eu desse o primeiro passo, gelo me prendeu. 

— Não é tarde para se juntar a nós… - Ela falou, com verdadeira adoração em sua voz, encarando Alya nos olhos. - Não se deixe ser desperdiçada por esses feéricos, Alya. Você sequer sabe o que pode fazer?

Noite estrelada rodopiou entre mim e minha parceira, Alya não se moveu. 

— Como acha que conseguiu o colar para começo de conversa? Como acha que libertou Bryaxis? - Um sorriso horrível, tão frio quanto a própria morte. - Você é a consorte da morte, Alya. Alguém capaz de curar, mas também de descurar. Desfazer o próprio tecido da vida. Dos mundos. Controlar tudo e todos. 

Alya deu um passo, quase que hipnotizada. Eu dei um passo em sua direção, mas gelo me prendeu. Alya parecia ter caído em um encanto.

— Eu… eu poderei deixar de temer os outros? 

A Court Of Flowers in the StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora