Capítulo 36.5

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{Amerah} 

— Minha doce, doce Amerah. - A voz de Drystan soou embalada em uma ironia venenosa, mas Amerah não se preocupou em abaixar o livro que lia. - A que devo a honra de entrar em meu quarto e encontrar essa maravilhosa visita? 

Amerah finalmente ergueu os olhos, encontrando o rosto de Drystan. Seus olhos frios A observavam com atenção, embora houvesse um minúsculo sorriso em seus lábios. Drystan estava usando apenas uma camisa social e estava retirando as luvas escuras de couro, ainda a observando. Amerah se ergueu, ficando sentada na cama do loiro, sem se importar com a quantidade de livros que havia espalhado pela cama de Drystan. 

O herdeiro da Corte Primaveril odiava que mexessem em suas coisas, ou que invadissem seu espaço pessoal. Mas por alguma razão, não odiou quando Amerah fez aquilo. 

— Cansei de fazer pesquisas. A guerra está próxima, então pensei em terminar minha coleção de livros. 

Drystan deu um sorriso arrogante. 

— Sim, ninguém gostaria de morrer sem saber como um livro termina. - Amerah sorriu de forma irônica, antes de voltar a própria leitura. - Imagino que para estar lendo aqui, é porque seu quarto esteja inundado ou coberto de monstros. 

A fêmea deu um minúsculo sorriso, erguendo os olhos novamente. 

— Se você estiver me expulsando, acho que vou sair e levar meus livros comigo. Incluindo os que você queria. 

Drystan estreitou os olhos. 

— Certamente, você é a punição da Mãe para mim. 

Amerah sorriu de canto, voltando a ler em silêncio. Ela e Drystan se entendiam bem. Drystan havia pedido vários livros da coleção pessoal de Amerah. Ele lia Freud; sobre a morte, negação, desejo de morte, instinto de morte e a imortalidade do inconsciente. Também tinha Dostoiévski; irmãos Karamazov e crime e castigo. 

Ela ouviu os passos de Drystan, mas não ergueu os olhos, até uma pequena caixa ser colocada à sua frente. Sobre as páginas do livro. 

一 O que é isso? 

Drystan se afastou quando a viu levantar o rosto. Ela abriu a caixa com calma e retirou um caleidoscópio de dentro. Ele era pequeno e Amerah imediatamente fechou um olho, o o colocando sobre o aberto, regulando a ponta. Cores explodiam e se mesclavam. Amerah não segurou o próprio sorriso. 

一 Encontrei na Corte Outunal e imediatamente lembrei de você. - A voz fria de Drystan soou, mas Amerah continuou olhando através do caleidoscópio. - Lembrei do livro que estávamos lendo. Sobre as lendas humanas. 

Amerah sorriu, abaixando o objeto e encarando Drystan. 

— Dos índios Cree? - Drystan sorriu minimamente concordando com a cabeça e ela franziu o cenho. - Por que eles te lembrariam de mim? 

Ele se aproximou mais da fêmea. 

— Eles acreditavam que a aurora era parte do ciclo da vida e que eram espíritos dos mortos que permaneciam no céu, mas separados dos que amavam. As luzes seriam a tentativa dos espíritos de se comunicar com quem eles tinham deixado para trás na terra. - Ela respirou, tentando não se intimidar pela proximidade de Drystan. - Mas ainda assim, eles continuavam a buscar proximidade. Nunca desistiam ou temiam. 

Amerah engoliu em seco, Drystan se aproximou ainda mais. 

— Como você. Sem nunca desistir de seus objetivos… com uma força diferente de qualquer coisa. - Drystan ajeitou uma mecha caída no rosto de Amerah, ainda a encarando. - Muitas pessoas já viram meu pior, poucas permaneceram comigo. Mas você… Você sempre foi real e perversa. Você é selvagem e não tenta esconder a própria crueldade. E quando você me viu pela primeira vez… você não recuou. Na verdade, me enfrentou. E então sorriu quando sentiu que venceu. Ninguém nunca tinha feito isso antes. Você viu tudo de mim, mas ainda sorriu. Você me fez sentir, Amerah. 

A Court Of Flowers in the StarsOnde histórias criam vida. Descubra agora