4.Sonata ao Luar

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Neste capítulo ouça: Moonlight Sonata (Lola & Hauser)

Era isso então? Entregou o que ele desejava e agora poderia seguir livre?

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Era isso então? Entregou o que ele desejava e agora poderia seguir livre?

- É só isso? - Perguntou num tom brando, a voz com um tanto de rouquidão. Saiu de casa afirmando que descobriria o que lhe ocorreu com algum pingo de racionalidade e daria por encerrado. Mas o que teve ali, entre música, mordida e sangue era de uma intensidade brutal.

O vampiro apoiou-se no encosto da poltrona e levou a mão ao queixo do rapaz, erguendo seu rosto para o encarar.

- E não era isso que queria? Ou então me diz, por que veio depois do que eu fiz com você? Eu faria pior, sabe disso?

Sorriu de canto e continuou a rodear a poltrona, parando na frente dele onde se abaixou , apoiando um joelho no chão e a mão na perna do humano.

- Você fodeu comigo. - Respondeu Charlie manso, ainda que o linguajar fosse rude. - Todo o resto vai ser ordinário. Nem a alegria, nem a dor vão parecer tão magníficas ou aterrorizantes quanto você parece para mim agora.

- Não fodi, tenho certeza que eu lembraria!– Brincou, com seu jeito debochado, encolhendo os ombros sob o couro da jaqueta.

O humano tinha um magnetismo que fazia com que Yves se atraísse, como na música que cantaram: "I've killed a million pity souls, but i can't kill you".

- Eu tenho que ir, meus fãs precisam de mim. – Encheu o peito orgulhoso de sua legião e se levantou - Já que não respondeu eu decido por você: Eu vou te achar, Charlie. Nos próximos dias, vou te encontrar, e vou deixar que me faça algumas perguntas se assim quiser, pense com cuidado. E você me deixará te morder.

Não esperou por resposta, deu alguns passos para trás, e num piscar de olhos, mais rápido que o olhar humano poderia acompanhar, Yves voltou para o palco. Charlie viu apenas as cortinas de tecido balançando com o vento que causou, e poucos segundos depois sua voz no microfone anunciando a próxima música.

Parcialmente satisfeito daquele encontro, o escritor deixou para trás a casa de show, rumando para seu próprio lar.

Era apenas um mortal diante de um encantamento macabro. Ficou frágil, deslocado da própria realidade, ávido por mais daquilo. Antes o que era uma alegoria tornou-se sua própria realidade e vida, ordinária em seus afazeres corriqueiros: se alimentar, trabalhar, cuidar das plantas, cruzar com um vizinho e conversar levianidades... tudo aquilo que fez por todos esses anos, subitamente perdeu a graça.

 tudo aquilo que fez por todos esses anos, subitamente perdeu a graça

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