3.Medo, Fascínio e Música

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Neste capítulo ouça: Slept So Long (Korn)

Em uma casa antiga, restaurada, nas colinas com vista para o letreiro de Hollywood:

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Em uma casa antiga, restaurada, nas colinas com vista para o letreiro de Hollywood:

- E você o deixou vivo? – Perguntou uma mulher. Tinha um moicano preto muito longo, olhos escuros envoltos por maquiagem pesada. A guitarrista da banda Éternelle.

- Aham, ou quase vivo.

- Não acha que pode ser um problema, Yves?

- Não. Larga de ser chata, Monique. Depois eu acho ele e termino o serviço.– Bocejou e coçou entre os cabelos loiros, estava já sem o sobretudo, descendo as escadas para o porão. – E Andy?

- Já está dormindo.

Fez um sinal positivo com a mão e sumiu na escuridão do porão. Monique fechou a pesada porta.

 Monique fechou a pesada porta

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Charlie estava atônito. Tanto que dois dias depois, teimoso, retornou no The Purge e com o passar das horas e o aumento da frustração pelo vampiro não aparecer, chegou a tomar o microfone para cantar a música de Yves, completamente bêbado e de forma ofensiva. O xingou de dentuço-pervertido-de-merda até que Cindy o expulsou do The Purge quase a ponta pés.

Alguns dias se passaram.

E para Charlie, além das músicas da Éternelle tocando nas rádios, da sensação de ser vigiado toda vez que saía de noite e de encontrar a janela de sua kitnet aberta vez ou outra, não ouvira nada de Yves durante uma semana inteira. O suficiente para se recuperar um pouco da grande perda de sangue.

A essa altura, já estava convencido que de fato havia tido uma experiência de quase morte e, instintivamente, aquilo lhe causava pânico antes de conseguir dormir. Tanto, que por isso recorria aos vícios. Então como se referir aos dias de Charlie?

Ficou péssimo! Incapaz de dormir senão com doses cavalares de bebida e haxixe. Sua kitnet que costumava ser organizada e limpa, foi se transformando num cenário caótico, com garrafas, bitucas, restos de comida de fast food e folhas de papel amassadas aos montes.

Sentiu ódio de Yves de forma completamente irracional. Como ele ousava o submeter a uma experiência como aquela e não retornar para contar a história? E sentiu paixão ardida. Capturado pela possibilidade dele ser de fato o tal super-homem que procurou desconstruir com as críticas. Era fascinante imaginar e isto o tornou uma máquina de fazer poesia sobre o horror, a morte, o prazer delirante que sentiu ao ser mordido... E era exaustivo. Estar fascinado e coberto de medo todos os dias.

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