24. Roma Antiga

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Fechou os olhos enquanto enchia a boca, os cílios eram louros como os cabelos, e tinha essa atitude segura e confiante mesmo nessa hora de mergulhar no poderoso sangue e memórias de Lucius

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Fechou os olhos enquanto enchia a boca, os cílios eram louros como os cabelos, e tinha essa atitude segura e confiante mesmo nessa hora de mergulhar no poderoso sangue e memórias de Lucius. O primeiro gole já foi um choque, nunca havia provado um sangue tão poderoso. Nem mesmo de Victor. Tomava o sangue pela fome, o sugando implacavelmente, não só atrás de saciar seu estômago, mas de viajar naquelas memórias tão antigas, caminhando nelas através dos olhos de Lucius.

Yves tomou conhecimento que Lucius nascera de forma trágica - em um causo criminoso em que Prima Cecilia, sacerdotisa vestal fora tomada violentamente por um cônsul e trancafiada nas masmorras do templo de Véstia para que morresse por ter descumprido as leis,  crimen incesti, chamava-se por ter perdido sua marca de castidade, e sem clemência alguma, aquela mulher trancafiada teria padecido se seu choro não houvesse alcançado os ouvidos de um imortal chamado Cassius.

As vestais, na Roma Antiga, eram sacerdotisas que cultuavam a deusa romana Vesta. Era um sacerdócio exclusivamente feminino, de mulheres virgens responsáveis por velar o fogo sagrado.

Elegida por Cassius, seu destino fora reescrito e Cecilia, findando seus serviços como sacerdotisa de Véstia, casou-se por intermédio de seu benfeitor e deu à luz a dois meninos, gêmeos, que chamou de Lucius e de Caius.  

Seu esposo jamais tomara conhecimento de que carregava nos braços dois meninos bastardos frutos do estupro. E toda sua transgressão fora apagada das mentes de seus julgadores, ninguém duvidava das palavras de seu protetor, Cassius.

Cecilia, nas lembranças de Lucius dadas a Yves, era uma nobre mulher que teve o coração amargurado pelo infortúnio sofrido. Tinha cabelos negros feito pedra ônix, brilhantes e lustrosos, desfilava vestida de estola como todas as outras matronas de seu tempo.

A desgraça de Cecilia junto aos conselhos de Cassius trouxeram à antiga sacerdotisa astúcia, malícia e poder de influenciar, e jamais faltou-lhe atenção e afeto para com seus dois primogênitos. Os criou fortes, estudados e capazes de articular longas discussões desde muito jovens. E quando a morte de Cecilia chegou de forma misteriosa, ambos trilharam caminhos majestosos até tornarem-se cônsules da República.

Cassius, que fora sempre uma figura enigmática para Lucius, também investia tempo para com os dois, e ao desaparecer após a morte de Cecilia, só tornou a ser visto por Lucius quando em derradeira batalha contra os gauleses, já homem adulto, pater famílias com seus próprios filhos e feitos, agonizava em um leito de morte banhado do sangue dos inimigos que aniquilaram o exército do qual era comandante.

A morte deveria ter chego de forma honrosa, para ele e para Caius, mas como um fantasma em vestes brancas, Cecilia retornara dos mortos para salvar seus filhos, os removendo do campo de batalha e os iniciando em um nefasto cerimonial que culminaria na transformação de ambos em vampiros.

"Foi assim que o sangue chegou à mim", dizia-lhe Lucius, e ele e Caius, despertando para o inicio de suas vidas como sanguessugas aprenderam os segredos do sangue de forma mítica. Eram deuses imortais, amaldiçoados para jamais caminharem sob o Sol novamente, capazes de controlar o fogo, a mente, manipular os mortos. Cassius dizia terem sido amaldiçoados pelo próprio Júpiter, e por isso jamais poderiam ver a luz. Mas a origem daqueles poderes e suas limitações eram vagos até mesmo para seu sombrio mentor.

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2021 ⏰

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