5.Griffith Park - Parte 1

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Neste capítulo ouça: Who Wants to Live Forever (Queen)

**Aviso** Esse capítulo contém cenas de morte e detalhes de drogas. 

O contato com o vampiro fora intenso

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O contato com o vampiro fora intenso. Quando Charlie deu por si, após pegar no sono, Yves já havia partido, o vento frio entrava pela janela sem cortinas e os primeiros raios da manhã acendiam o céu.

Insistiu em dormir até que a claridade já fosse muito incomoda, entretanto para sua frustração, o telefone tocou com seu editor, o Nate, emputecido pelo atraso da matéria. Fez muitas perguntas sobre o show das quais o louro, sonolento, respondeu apenas: "vou mandar o artigo, be cool".

Diferente do primeiro rascunho, cujo propósito era desmoralizar o mito vampiresco agora tinha um dever cívico de relatar a verdade. O título do artigo datilografado era: Você o convidaria a entrar?

Referiu ao vampiro como algo deslumbrante e assustador na mesma proporção. Brincou com seu leitor. "Meus caros, permita-se entrar nessa ficção. Tudo o que você acredita é falso, andamos entre bestas famintas: o prato da noite é o nosso sangue. O que isso lhe causa? Horror ou deleite?"

Certamente os fãs ficariam extasiados com aquele relato que beirava a um romance gótico. Ao final, advertia: "a verdade é um ponto de vista, entre o imaginário e o real... fique com aquilo que lhe causa maior conforto. Éternelle continua em turnê por LA, por que não ver com seus próprios olhos? Mas cuidado! Nunca sabemos quando o vampiro estará faminto."

Era um bom conselho, afinal de contas. Mandou desta forma para a revista e sem surpresas ganhou a publicação que também seria ótima para as vendas da banda. Assinou como de costume: Charlie Vogel.

O encontro apaziguou sua paixão e questionamentos doloridos. Conseguiu sustentar a própria rotina, certo de que veria Yves no próximo sábado. Fez o que sempre fazia: redigiu artigos sem graça sobre esportes, discutiu com seu editor ao menos três vezes na semana, alimentou o gato encardido com lata de atum processado - agora ele tinha trânsito livre por sua janela, encontrou amigos para uma noite de sinuca e tocou violão no The Purge na sexta. Se sentiu realmente no controle, ainda que parecesse viver uma vida dupla. Mas bastava subitamente lembrar  e novamente tudo perdia o brilho. Seus pensamentos seguiam obcecados nos beijos do vampiro - o que causava delírio e o que causava desejo. Aguardou outra vez mais.

O gato peludo e marrom seguia sua rotina de aparecer sempre pela calçada. Não era um gato muito bonzinho, fugia de toques e até chiava para estranhos. Mas ronronava quando recebia comida, andando de um lado ao outro ou em círculos para mostrar o agradecimento e para Charlie já não chiava. Algumas vezes os barulhos na janela ele era o causador. Até mesmo um rato morto faltando um ou outro pedaço, o loiro encontraria em seu capacho. Um presente.

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