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Despertei quando ouvi o barulho estrondoso de trovão cantar fora do castelo. Abrindo meus olhos, fito o lugar. Tudo estara bagunçado, roupas e pedaços do lençol no chão, penas jogadas por todo o quarto, mas o que mais me incomodou em toda aquela algazarra, foi não ver Órion comigo. Ele simplesmente tinha sumido. Nossa união foi sentida por todos, inclusive por Irion e Mikael. A altura do campeonato, ambos se achavam vindo em minha direção ou no pior dos casos, a decepção seria tanta, que se manteriam distantes.

Depois do que houve, os anciões estariam à par, Destino logo viria até mim (ou até ele) e infelizmente, minha irmã também. Ela sabia que se eu me unisse com alguém da patente de Órion, nossa união talvez trouxesse seus aliados e criações para meu lado.

Independente do que viesse pela frente, o maldito me deixou totalmente vulnerável à qualquer ataque surpresa. O que poderia esperar de alguém como ele, afinal? Falou sentir tanto e demonstrou totalmente o oposto.

Em um salto, saio da cama. Meu corpo todo doía pela noite anterior, que de maneira errada, me causou sensações boas. Pegando meu robe no meio da bagunça do chão, caminho para o banho.

Lembrar de Órion dentro de mim, suas mãos me apertando e arranhando, seus lábios explorando cada centímetro de meu corpo, me fazia arrepiar. A água quente em minha pele, trazia a tona seus dedos me devorando enquanto me beijava. Mesmo que agora um alvo em néon estivesse marcado em minhas costas e tendo ciência que Irion logo viria atrás pedindo explicações, não achei nenhum sinal de arrependimento em mim. Minha morada em Lyratium, no momento que decidi me entregar ao garoto errado, foi encerrada e eu sabia que logo isso seria anunciado. Perdi muito por um garoto que me deixou logo depois de conseguir o que queria e ainda sim, permanecia sedenta por mais. Patético.

Após sair do banho e me trajar com um vestido rosa relativamente curto, prendo em minha coxa a adaga que usei no dia do duelo. Ainda não havia escolhido um nome para ela, porém, uma hora viria, assim como aconteceu com Ausytium.

Meus cabelos úmidos, escorriam pelo meu rosto e molhavam o tecido. Indo para o espelho, faço uma trança única e deixo apoiada do lado do pescoço, assim que secassem, o cabelo escorrido, daria um ar mais ondulado, e talvez assim, a mudança de visual disfarçaria meu semblante de acabada.

Ainda no espelho, vejo atrás de mim, uma névoa se formando. Duas opções, e as duas que possuíam esse domínio, eram as que menos queria ver naquele momento. Não estara pronta para encarar Irion e se visse Órion, provavelmente o erro que cometera, faria de novo. Meu corpo ainda implorava mais uma dose de sua droga, até o ponto de entrar em overdose.

Em um piscar de olhos, pulei para dimensão mais próxima, não me importei onde fosse, tudo que me tirasse da mira dos dois, seria lucro. Poderia parar em um lugar regido por Morgana? Provavelmente, mas até mesmo ela seria mais agradável de ver no momento.

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Após pousar em um lugar aleatório, me levanto desnorteada. Com todo esse tempo parada, enferrujei. O salto quântico comia boa parte de sua energia e para um pessoa que passou centenas de anos "adormecida", precisar saltar bruscamente, me gerou mais desgaste do que o necessário.

Movi meus olhos pelo lugar escuro e sombrio. Algo em mim me remetia um sentimento familiar, mas nunca houvera ido naquela dimensão, mesmo depois de ter feito uma busca em meus pensamentos. O círculo no chão se acendeu em fogo verde quando dei meu primeiro passo. Um círculo dentro de outro me prendiam dentro da arena. Os pilares carregavam sobre si, tochas com chamas da mesma cor e símbolos estranhos nas paredes. Não sabia onde estava, mas com toda certeza, não era bom. A energia densa me fazia querer sucumbir à elas, na medida que me rodeavam.

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